Os jogos de corrida ao estilo arcade sempre estiveram presentes na vida dos jogadores. Embora este gênero de jogos faça mais parte da velha guarda, quando tínhamos Top Gear, Test Drive, Outrun, Sun Francisco Rush, Road Rash, Cruis’n USA e tantos outros, hoje em dia também temos alguns exemplos de bons games de corrida arcade. Need for Speed é ainda a menina dos olhos da EA Games. No entanto aquele que mais brilha hoje em dia é Forza Horizon, e talvez, somente ele.
Parece até que a EA esqueceu como se faz bons jogos de corrida onde você só tem que se preocupar em acelerar. Os dois últimos NFS não fazem jus à historia da franquia. Porém, havia uma série na gaveta mais esquecida da empresa e que sempre fez direito o que os fâs esperavam dela. Estamos falando de Burnout.
Nascida para brilhar. Ou bater!
https://youtu.be/f4JqCmt9hzE
Nascida no PS2 pelas mãos da Criterion, Burnout alcançou o auge em Burnout 3. Era um jogaço, memorável, frenético, com trilha sonora empolgante e jogabilidade incrível. Bater não era um problema, desde que você continuasse correndo. Jogar sujo então não era uma opção, mas sim uma obrigação. Embora houvesse uma corrida e o primeiro lugar em disputa, a franquia sempre priorizou a diversão pura, detonando os adversários para fora das pistas do jeito mais maluco possível.
Quando chegou ao PS3 e Xbox 360, com sua sétima versão, Burnout se recriou. Continuou com todas as suas características mais marcantes. Porém, construiu tudo em cima de uma cidade de mundo aberto, Paradise City. O nome do jogo não poderia ser melhor. Burnout Paradise trazia um paraíso de possibilidades para a jogabilidade de Burnout. O jogo foi muito bem recebido pela crítica e público. No entanto, quando a EA comprou a Criterion, os planos para a marca Burnout ficaram de lado.
Recentemente o jogo foi adicionado à retrocompatibilidade do Xbox One. A EA deve ter percebido o interesse do público pela franquia e resolveu fazer uma remasterização. Muitas pessoas torcem o nariz para este tipo de iniciativa. Mas em um mercado com falta de bons games neste estilo de jogo, Burnout Paradise Remastered chega em boa hora.
Batendo na parede com gráficos ainda mais bonitos
Antes de tudo, devemos notar que, quando lançado para a geração passada, Burntou Paradise já era um game bem bonito. Mas agora a EA procurou deixar tudo com a cara da nova geração. Há uma melhoria gráfica considerável no jogo que faz valer a pena revisitar Paradise City. No PS4 Pro e Xbox One X, o jogo roda em 4K. Embora o FPS não seja 60 em constante, faz um bom trabalho em manter o jogo rápido. E sabemos muito bem o quanto isso é importante em um game de corrida.
As batidas são muito bem feitas, voando pedaços dos carros e partículas para todo lado. Por falar em partículas, existem momentos que você está batalhando pelo espaço na pista com algum adversário e os carros se tocam, ou encostam na parede, e voam faíscas. Isso é algo característico da franquia, mas ficou ainda mais bonito agora. Além disso, Burnout Paradise conta com um sistema de transição de dia e noite, criando efeitos visuais bem legais.
Mesmo que exista esta atualização importante no visual do jogo, não espere nada comparado à nova geração. Burnout Paradise Remastered ainda se parece muito com um jogo datado, da geração passada. Mas não pense que isso tira o brilho que o jogo tem. Definitivamente o motivo de você jogar Burnout Paradise Remastered está em outro quesito.
Piscou BATEU!
A princípio, Burntou Paradise se parece muito com os games antigos da franquia. Mas logo você vê o quanto o sistema de jogo evoluiu. Do mesmo modo, Paradise City faz um ótimo trabalho em se tornar um parque de diversões para motoristas bêbados, malucos e inconsequentes. Existem rampas por toda parte, chances de dar saltos incríveis, pontes quebradas e muito mais. Assim, você vai entendendo até onde pode chegar com seu veículo e logo percebe que quanto mais insano você correr, melhor. Esqueça o freio, o negócio aqui é acelerar.
As respostas dos controles fazem de Burnout Paradise Remastered um dos melhores games do gênero disponíveis na nova geração. Mesmo que ele não tenha sido concebido para o PS4 e Xbox One, consegue uma cadeira cativa entre os melhores. Isso talvez mostre o quanto o game envelheceu bem, ou o quanto a geração atual está carente de games ao estilo arcade e de corrida. E não há nada novo aqui, é somente acelerar, desviar, fazer drift, acumular boost para soltar aquele turbo insano e saltar o mais alto e longe possível. O diferencial é que em Paradise tudo funciona redondinho e com muita diversão.
Paradise City e suas centenas de eventos
Burnout Paradise segue um sistema muito simples de ser entendido. Você não tem uma garagem, tem um ferro velho. A partir de um carro totalmente destruído, você faz a sua primeira máquina. Então sai em Paradise City em busca de eventos. São muitos eventos diferentes. Temos as habituais corridas, onde o objetivo é chegar em primeiro lugar. Os Stunts, onde o negócio é fazer pontos com diversas manobras (um dos mais divertidos do jogo). Existe o velho modo onde precisamos derrubar os oponentes, os famosos Takedowns. Em cada prova, você precisa destruir uma quantidade definida de oponentes. Em outro modo, você é o alvo e deve alcançar a linha de chegada antes que te destruam.
Em cada evento que você vence, um novo carro passa a percorrer Paradise City. Cabe a você persegui-lo e derrubá-lo. O que sobrar do carango vai parar no seu ferro velho e a mágica acontece. O veículo passa a fazer parte dos carros que você poderá usar nos eventos. Existem também corridas específicas para cada carro que você conquistar. Ao vencê-las, uma versão turbinada do mesmo veículo irá surgir, melhorando ainda mais a máquina.
Ao vencer corridas, sua carta de motorista de Paradise City vai sendo aprimorada. Assim você conseguirá entrar em novos eventos e melhorar o seu status. O objetivo é se tornar a maior lenda da cidade no que diz respeito a dirigir e destruir patrimônios. E olha que não são poucas as atividades. O jogo possui vários saltos, outdoors e barreiras esperando para serem coletadas e destruídas.
Tudo liberado
Embora seja a mesma versão dos consoles da geração passada, a remasterização traz consigo tudo liberado. Ou seja, todos os DLCs lançados no PS3, Xbox 360 e PC estão presentes desde o começo. Desta forma, carros extras, lendários e bem fortes, estarão disponíveis logo de cara. Isso pode ser bom ou ruim. Você vai ficar tentado a jogar com estes monstros. Mas assim, a dificuldade nas corridas será menor, uma vez que seu carro será bem mais rápido. A dificuldade sempre será o traçado. Aqui não há indicadores tão descarados que mostram para onde você deve ir. Nada de traçado na pista. O mapa está lá, aberto, o jogo só te diz para onde ir. Como ir e por onde ir, é o jogador que definirá.
Outra parte dos DLCs que também está disponível logo de cara é a Big Surf Island. Trata-se de uma ilha criada inteiramente para as maiores loucuras que o jogo permite fazer. O DLC foi um sucesso no passado entre os jogadores, sendo considerada uma das coisas mais divertidas do game. E na versão remasterizada já está habilitada desde o início.
Voltou em boa hora
Burnout Paradise Remastered tem o que os jogadores querem. Um jogo de corrida rápido, sem enrolação, frescura, com trilha sonora de primeira e muitos carros e cenários. Paradise City é fantástica até hoje e mesmo quem já jogou o game, vai sentir aquela vontade de aterrizar na vizinhança do ferro velho mais insano do mundo dos games, para dar uma olhada em como as coisas ficaram nesta nova versão. Com a falta de jogos deste gênero, onde Forza Horizon impera com certa folga, é ótimo ver um game desta magnitude retornando com força. Burnout Paradise Remastered merece sim sua atenção. Quem já jogou no passado talvez não tenha tantas novidades por aqui. Mas quem ainda não experimentou, definitivamente esta é a hora.
Quem sabe não seja o impulso que a EA precisa para pensar em um novo Burnout. E que venha pelas mãos da Criterion, que fez um ótimo trabalho com a franquia por tantos anos. Enquanto isso, deixa eu ir ali correr mais um evento e derrubar uns outdoors.
