Análise | God of War é tudo que prometia e muito mais

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Talvez não tenha existido nenhum jogo nos últimos anos que tenha tanta gente interessada. Se a Nintendo tem Mario, a Sony tem Kratos e o personagem é peça fundamental no sucesso dos consoles da empresa desde o PS2. Mas após o fechamento da história na mitologia Grega com God of War 3, parece que a franquia perdeu seu rumo. A propósito, poderia ter terminado lá, que estava tudo certo.

Porém, existiu depois God of War Ascension. Do mesmo modo, os jogadores ficaram empolgados com o game, mas as vendas não foram lá muito boas. Com o retorno de Cory Barlog para a Santa Monica, novas ideias surgiram. E assim, um novo conceito do que seria um game com Kratos. Logo, o PS4 tinha um dos jogos mais aguardados desta geração.

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Mas afinal, God of War do PS4 atende as expectativas? É um jogo que ainda parece um God of War? Sim, e muito mais.

E essa câmera aí?

Podemos dizer que o baque é grande, as mudanças tremendas e isso pode assustar no começo. Mas a visão que o novo jogo de Kratos nos traz foi uma das mudanças mais bem-vindas do game. O visual está fantástico, cheio de detalhes possíveis de se perceber pela posição da câmera. A técnica de single shot (uma única câmera) utilizada pelo estúdio, ideia de Cory Barlog, funciona que é uma beleza. Com a câmera sempre nas costas do protagonista, é possível explorar para todos os lados e também para cima. Vira e mexe você encontra itens presos em locais mais altos. Una a nova visão com o uso do machado e logo estará viciado em explorar os cenários.

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Nos combates, a câmera também funciona muito bem. Kratos ataca ferozmente os adversários que estão à sua frente, porém é fácil girar o personagem para o outro lado. Há um dinamismo bem grande no uso da nova câmera. Quando há mais exploração, chega a parecer Uncharted em alguns momentos, pela forma que Kratos é enquadrado na tela. Uma pintura.

Então, se havia alguma dúvida se a câmera diferente funcionaria, não há mais.

O Machado de Kratos

Uma das grandes alterações do game é a nova arma do Espartano. Com tantos trailers, imagens e foco no machado, acabamos nos acostumando com ele. E devo dizer logo de cara que foi uma mudança corajosa e muito acertada. Se Kratos carregasse consigo um machado comum, imagino que não funcionaria. Mas Leviathan não é qualquer arma. A mecânica “bumerangue”, onde Kratos pode jogar a arma e solicitar que ela retorne é fantástica. Você, muitas vezes, vai acabar errando um inimigo ao jogar o machado, mas sabendo se posicionar, consegue gerar dano ao pedir que ele volte. Isso faz com que você pegue o inimigo desprevenido.

Além disso, na exploração, a Santa Monica adicionou muita importância na arma como uma facilitadora ou peça fundamental para solucionar puzzles. São diversas formas inteligentes que brincam com a física, fazendo uso do peso da arma (como quando devemos imaginar onde ela vai cair e como). As propriedades de gelo do machado também são bem utilizadas. É possível parar os inimigos congelando-os, ou travando uma engrenagem, permitindo que você avance no cenário. Leviathan é uma arma e uma ferramenta colaboradora na jogabilidade geral de God of War.

E sem o machado?

Em suma, temos dois tipos de combate no game. Embora o machado traga mais dano, há inimigos que não aceitam os golpes gelados da arma. Então Kratos precisa atacar com seus punhos e seu escudo. Inclusive o escudo é responsável por diversos momentos clássicos da jogabilidade da franquia. Além de defender, ele dá dano, combos e muito mais. Kratos também tem um chute a lá “This is Sparta!” que funciona muito bem.

Dessa forma, apenas esmagar os botões é algo fora de cogitação. Até pode funcionar, mas existirão momentos que você vai precisar se esquivar muito bem, deixar seu machado de lado e dar na cara do inimigo com o escudo ou seus próprios punhos. É algo que adiciona uma variedade muito boa na jogabilidade.

Os novos controles

God of War agora tem um formato “a lá Dark Souls” de se jogar. Além de usar R1 e R2 para atacar, sendo um fraco e outro forte, respectivamente, mais do que nunca Kratos precisa saber se defender e esquivar. Só assim é possível passar dos inimigos mais difíceis do jogo. E olha que a dificuldade está muito bem balanceada. Mesmo no normal, existem combates complicados. Mas tudo ao melhor estilo God of War. Inclusive, um dos meus medos era começar a jogar e não sentir que ele fazia parte da franquia. Porém, a experiência e o feeling que a nova aventura de Kratos nos traz é uma verdadeira e genuína experiência da franquia do deus da Guerra.

Os inimigos se comportam de uma maneira muito semelhante aos velhos adversários de Kratos. Diversas vezes nas batalhas, você terá que lidar com guerreiros que se defendem, que batem mais forte, com golpes indefensáveis e muito mais. Além daqueles que ficam no alto, atacando com projéteis. Quem nunca ficou irritado, nos jogos anteriores, por não conseguir passar de alguma parte por conta de flechas que chegavam do nada, de locais que você não via os arqueiros? Aqui acontece o mesmo, mas com outros tipos de adversários.

A exploração

Sempre gostei de procurar caminhos alternativos em qualquer tipo de jogo. Nos games antigos da franquia, a gente encontrava baús percorrendo caminhos extras. Mas não é nada tão profundo. Agora, é possível até mesmo enfrentar chefes extras, ver histórias paralelas e cenários novos. Existem diversas zonas escondidas e somente andando muito pelo cenário você conseguirá vê-las. Mas não é como se o novo jogo fosse algo como um Horizon Zero Dawn. Nada disso. Ele flerta com os games de mundo aberto, mas em sua maioria, o que mais existe são masmorras e corredores.

Vez ou outra Kratos anda de barco e pode explorar caminhos ainda maiores. Mas é a pé que a magia acontece. Atreus serve como um guia. Em seu ímpeto, parece que ele sempre quer estar à frente de seu pai. Logo, quando ele vai para direita, saiba que há alguma coisa que você poderá encontrar na esquerda. Tudo vai depender da sua vontade de finalizar o jogo logo. A propósito, eu recomendo que você explore muito. Só assim conseguirá itens raros, lendários e que poderão evoluir mais rapidamente o personagem.

O Sistema de evolução o torna um jogo de RPG?

Definitivamente este é o jogo que possui a melhor variedade de evolução para Kratos. Antes a gente precisava recolher as orbs para evoluir as armas do personagem. Agora, tudo gira em torno dos pontos de experiência. Apesar de se parecer muito com um RPG, tudo é bem simples e intuitivo. Em suma, quem gosta de God of War, mas não gosta de um RPG, não terá dificuldade alguma em entender o sistema de evolução.

É possível obter experiência com batalhas, missões da história e missões extras. Então, podemos melhorar diversos aspectos de combate. Praticamente tudo possui habilidades extras. O machado, o escudo, a raiva de Kratos e o próprio Atreus. Cada habilidade nova custa uma quantidade de XP.

As roupas que Kratos pode usar também são importantes demais para sua evolução. Elas melhoram aspectos como força, defesa, sorte, recarga e vitalidade. É possível acoplar runas e talismãs nas armas e armaduras. Assim, Kratos ganha habilidades extras ou vantagens em combate. Cada roupa e vantagens extras possuem níveis de evolução. É possível comprar estas evoluções com os anões, usando o Hacksilver, o dinheiro do jogo.

Tudo isso eleva ainda mais o valor da nova jogabilidade. Ao mesmo tempo que a mantém muito parecida com tudo que já conhecemos.

Atreus – O talismã do novo God of War

Além de ser peça fundamental da história do novo game, Atreus se destaca de diversas outras formas. Carismático, ele passa por uma evolução incrível no jogo. O jogador é surpreendido por diversas vezes. Ele sabe quando falar, o que falar e gera diálogos muito interessantes com Kratos. Além disso, ele é o único capaz de entender algumas línguas diferentes daquele lugar.

Posso dizer também com muita certeza que Atreus é um dos melhores sidekicks que já vi nos games. Ele vai evoluindo e ganhando mais poderes e confiança. Existem momentos que você o vê lutando de um jeito inesperado. Através de suas flechas é possível quebrar a defesa do inimigo e abrir sua guarda, e até mesmo abrir caminhos novos. Atreus é peça fundamental no drama, exploração, combate e imersão da nova aventura de Kratos.

A Mitologia Nórdica tem um intruso

A maneira com a qual o jogo esconde os motivos de Kratos estar onde está, empolga. Você se vê em meio a mistérios sempre. Kratos parece segurar a verdade consigo. Quando menos espera, o jogador está envolvido com a aventura, mesmo que não entenda como é possível o Espartano estar tão longe de casa.

Mas a história se destaca justamente por isso. Pelo mistério e por sermos um deus de outro lugar. Os efeitos que isso traz e os enigmas que Atreus carrega e nem sabe. Levar a aventura para outra mitologia foi mais do que acertado. E a maneira com a qual isso aconteceu é ainda mais. Os jogadores ficarão surpresos.

O som e dublagem

Existem vários elementos que nos fazem sentir estar jogando um God of War. Um deles é, sem dúvida, a trilha sonora. A saga de Kratos sempre teve músicas marcantes e agora não é diferente. Me lembro quando o game foi anunciado, com uma orquestra e tudo mais. E o time de produção não tentou inventar neste aspecto. Por diversas vezes você vai andar por cenários silenciosos. De repente, uma trilha diferenciada fará parte da ação, junto com o combate. E tudo é muito God of War. Os efeitos sonoros também. Não houve tentativa de mudar muitas coisas neste aspecto.

No Brasil, felizmente, recebemos o jogo muito bem dublado. Ricardo Juarez, que já foi Kratos em GOW Ascension, retorna ao papel do deus da Guerra. Agora, com o personagem mais velho, é preciso alterar sua voz. E ele conseguiu com maestria. Felipe Volpato, a voz de Atreus, é excelente. O jogo possui muitos outros atores de renome e todos são citados no começo do game. Uma localização praticamente perfeita.

Um dos nomes que aparece é da nossa querida Beatriz Villa. Ela já virou nossa parceira há anos, desde o começo do Combo Infinito. A atriz se destacou em Forza Horizon e agora está trabalhando no novo GOW em uma personagem muito importante. O time de dublagem brasileira é praticamente impecável.

Tudo novo, o mesmo Kratos

Por mais que pareça que Kratos é mais de boa no novo God of War, ele continua o mesmo. É o cara que se perdeu em meio aos deuses gregos e acabou com uma mitologia inteira sozinho. Mas suas cicatrizes continuam lá e muitas delas ainda bem abertas. A interação dele com Atreus e a maneira que Kratos tenta proteger o garoto é algo especial. Há uma carga dramática enorme neste jogo.

A arte empregada nos cenários é excelente também. Cores, level design, tudo funciona extremamente bem. Talvez a única coisa que eu tenha como criticar é o ritmo. Algumas vezes, se torna algo meio monótono. Mesmo explorando bastante, procurando segredos, parece faltar alguma coisa para manter o ritmo no alto. Mas não é algo tão grave e não acontece toda hora. Apenas em alguns momentos, bem de leve. Mas impede que o game seja nota 10.

Em suma, o novo GOW para PS4 é tudo o que prometia. Uma mudança drástica, porém, refrescante em uma franquia que poderia cansar. A chegada de Cory Barlog na Santa Monica e suas ideias novas reformularam Kratos e seu jogo. Tudo de uma maneira que será impossível voltar atrás. Esta é a evolução necessária que ninguém sabia que precisávamos. Mas que agora, todos devemos reconhecer e agradecer por existir. Afinal, temos mais um grande God of War no mundo dos games, capaz de dar uma nova vida para a saga de Kratos e novos jogos num futuro próximo. Talvez até, este seja o melhor de todos.


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