Análise | GRIS é uma das coisas mais belas criadas pelos games em 2018

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Afinal: GRIS vale a pena?

Vindo das mentes criativas do Nomada Studios e publicado pela sempre surpreendente Devolver Digital, GRIS é um game de narrativa diferente de tudo que já vimos. Embora ele possa ser considerado um jogo de plataforma, talvez possamos definir aqui que ele vá além. Mas o que realmente impressiona é o conjunto do pacote, ainda que não seja um jogo perfeito.

GRIS mostra a história de uma garota perdida em seu próprio mundo. Ela precisa lidar com uma experiência dolorosa, que o game não deixa claro no começo o que é. Então cabe ao jogador tentar entender com as poucas dicas que o jogo dá. Assim, embarcamos em uma aventura onde as cores são importantes, e a dor é ainda mais.

GRIS é livre de perigo, frustração ou morte

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Para muitos, um jogo de videogame precisa ser desafiante. Morrer, enfrentar chefes cruéis, não encontrar uma saída faz parte do desafio. Mas também devemos sempre lembrar que os videogames são catalisadores de experiências. E nem sempre essa experiência precisa ser frustrante ou desafiante para ser válida. GRIS tenta provar isso, ainda que em alguns momentos a falta de um desafio maior ou de inimigos deixe o jogo um pouco monótono.

Mas não demora muito para o game mostrar a que veio e estes momentos monótonos se tornam raros. Com a garota de vestido preto somos convidados a desbravar um mundo desconhecido, descolorido e com um semblante de dor. Logo no começo nossa personagem mostra que perdeu a voz. E fica claro que sua voz é algo de suma importância em sua existência. Contudo, assim como grande parte de tudo que o game nos mostra, a perda da voz da garota é uma espécie de alusão a algo muito maior. Então, em um mundo em preto e branco, onde somente os cabelos da garota são azuis, devemos passar sobre diversos desafios. Mas para a maioria dos jogadores são desafios fáceis. O segredo está apenas em entender o que cada mecânica nova vai proporcionar ao jogador.

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Desta forma, não temos inimigos, buracos da morte, nada no cenário que emita riscos. O objetivo aqui é garantir que o mundo da garota se torne menos denso, mais colorido e assim, ela possa passar por cinco estágios importantes do luto. Sim, o jogo trata da morte, ainda que GRIS não tenha uma tela de Game Over. Na maior parte do tempo você deverá pensar. Mas também existirão vários momentos onde você poderá desligar o cérebro, curtir a música e o ambiente com tranquilidade.

Plataformas e um vestido

Como não temos inimigos, não temos armas. Muito menos uma grande tela de evolução. Tudo é muito simples, apenas ande e encontre o que você precisa encontrar para avançar. Geralmente o jogo te deixa em alguma plataforma, mostra que são necessários alguns itens para avançar e te larga, deixando o jogador livre para explorar. GRIS é quase um “Walking Simulator” em 2D, que consegue também ser um jogo de plataforma fenomenal. Isso por conta dos poderes e habilidades que a garota vai conquistando em cada novo cenário que abre.

Assim, o vestido dela se torna seu maior aliado. Através dele é possível planar para chegar mais distante, ficar pesada como uma pedra para abrir passagens e até mesmo pular muito alto para alcançar lugares que antes eram impossíveis. As mecânicas da jogabilidade de GRIS como um game de plataforma são excelentes. A criatividade utilizada na personagem e no cenário, aliado ao level design são realmente impressionantes. É um daqueles games que nós, jogadores mais experientes que sempre estamos dando tiros em alienígenas olhamos e pensamos: como o mundo dos games é mais feliz e surpreendente com a criatividade dos desenvolvedores indies.

Um mundo magnífico em 2D ao som de belas músicas

Dentre todas as suas boas ideias e pontos positivos, GRIS definitivamente brilha em dois quesitos de extrema importância em um game: gráficos e som. É um jogo praticamente perfeito nestes dois aspectos. Seu visual em 2D começa sujo, triste e lavado. Conforme avançamos, conseguimos liberar novas cores e o cenário vai mudando. O game, inclusive, se passa em um local quase único, que vai se moldando em cada nova cor que liberamos. Com as cores, o cenário ganha novos ambientes, liberando novos desafios. É impressionante comparar o começo do jogo com o seu final. Antes algo morto, e no final, algo cheio de cores e vida. Outro ponto de grande destaque é a animação da personagem e do mundo do jogo. É algo tão sutil que parece um desenho animado.

A música acompanha esta evolução, indo de arranjos leves, lentos e tristes, até momentos arrepiantes, cheios de fúria e força. Além disso, são diversas músicas dinâmicas, que mudam conforme o jogador se aproxima do seu objetivo. Confesso que a parte sonora de GRIS foi o que mais me chamou a atenção no título. É algo surreal, intimista e profundo demais para ser ignorado. Então, jogue de fone de ouvido para ter a experiência completa deste game.

Conclusão

Ao final, GRIS deixa um gosto estranho, como se tivesse sido uma experiência incompleta. Mas quando você entende realmente o sentimento do game, passa a ver o final e os acontecimentos com outros olhos. É um jogo que trata de assuntos muito delicados, como a tristeza e depressão. Mas a maneira com a qual toca em cada um destes assuntos é algo memorável. Só quem já passou perto do que é a depressão sabe que ela é como um grande inimigo a sua frente, que insiste em te empurrar para trás. Cabe a você ter força e paciência para se desvencilhar dela. Se apegar a algo e seguir em frente. Aqui vemos tudo isso, de uma maneira artisticamente bela.

Tenho certeza que GRIS será um jogo diferente para cada jogador. Tudo vai depender do momento da sua vida. O mesmo ocorreu comigo quando joguei o primeiro Unravel e eu havia perdido minha avó alguns dias antes. O mundo desaba na sua cabeça quando uma mensagem é bem transmitida e você precisava dela.

Por fim, fica mais uma vez aquele lembrete: Videogames são experiências e muitas vezes, estas experiências são únicas. Gris é único.


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