“Um jogo gore onde permanecer com seus membros vale mais que uma barra de life”
Como jogador ativo de games de luta, fico admirado e muito feliz ao observar a quantidade de games de luta disponíveis nesta geração. Temos Street Fighter, Mortal Kombat, Tekken, Guilty Gear, Marvel vs Capcom, The King of Fighters, Skullgirls, Persona Arena, BlazBlue, até o revivido Killer Instinct surgiu, Super Smash Bros. (um jogo mais de bagunça que de luta, mas vamos colocá-lo aqui também). Aguardamos ansiosamente o novo game de luta de Dragon Ball que finalmente vai ser bom e competitivo (Tenkaichi 3 era animal, mas não era competitivo). Sem mencionar dois games brasileiros que são Trajes Fatais e GUTS. E, é deste último que iremos falar nesta análise.
GUTS traz uma proposta um tanto diferente da que estamos acostumados a ver em games de luta. Sem barras de vida, comandos diferenciados para cada um dos membros dos personagens, um ar escrachado e muito sangue. Mas será que o game é realmente bom? Poderia ele agradar até os jogadores mais competitivos. Ou se restringir aos players mais casuais a fim de um momento de descontração e muito gore?
O INÍCIO DE TUDO
GUTS é um game desenvolvido pela Flux Game Studio, empresa que também desenvolveu o jogo Trenga para mobiles. O plano de fundo desta sanguinolenta história se desenvolve em torno de um cômico “Reality Show” décadas a frente de nosso tempo, onde a violência é algo extremamente apreciado pelo público. A jogatina começa com um tutorial altamente indicado tanto pela desenvolvedora quanto por este que vos fala.
Nele você vai descobrir que a jogabilidade de GUTS é muito diferente do que estamos acostumados a ver em outros games de luta. Aqui não tem soco fraco (LP), médio (MP) e forte (HP), cada botão controla um dos quatro membros do personagem. De início isso me causou muita estranheza, 8 hits foi o combo máximo que consegui realizar. Mas é algo que com o passar dos membros que se perde, a gente vai pegando o jeito da coisa.
PERSONAGENS E VISUAL ESCRACHADOS
O game disponibiliza 9 personagens para a carnificina, o que se trata de um número bastante pequeno para um game de luta. Mesmo que houvessem personagens a serem desbloqueados (que nos diga Tekken 4, cuja tela de seleção de personagem causava estranheza pela pouquíssima quantidade de personagens que estávamos acostumados a ver, ou Street V que chegou com apenas 16 em seu lançamento e a galera não curtiu).
Cada personagem apresenta suas respectivas motivações muito bem ilustradas e contadas no “modo história”. Os personagens são bastante caricatos, mesmo que todos possuam armas atreladas a seus corpos, cada um apresenta uma estética visual bastante criativa e diferenciada. No game nós podemos encontrar diversas opções de customizações a serem desbloqueadas, o que incentiva muito no gameplay.
Para muitos apreciadores de games de luta os gráficos não importam. A hitbox e hurtbox estando nos lugares certos é o que vale. Bom, para mim tudo importa incluindo os gráficos, mesmo que este não seja um fator determinante (a galera que caiu em cima do primeiro trailer de KOF XV também está comigo).
O visual de GUTS, apesar de bastante colorido e sangue jorrando para todo o lado, é bastante simplista, e a jogabilidade não agrega muito às coisas.
O MAIS IMPORTANTE: A JOGABILIDADE
Estamos acostumados a sentir o “peso” na jogabilidade de cada personagem, principalmente baseando-se em seu porte físico (um personagem grandalhão “grappler” para um personagem normal “motion”, por exemplo). Quando selecionei o personagem “Father Maromba” achei que se tratasse de um personagem mais lento e com grande dano, mas vi que apesar dele não ser tão rápido ao caminhar, seus dashes eram mais rápidos e longos que parte dos demais personagens.
Posteriormente, percebi que a diferença visual que havia em cada personagem não era proporcional às diferença entre seus movimentos. Não há grande distinção entre jogar com um ou outro personagem, é tudo muito parecido. E a forma de vencer uma luta acaba sendo igual para todos também. Vencer uma luta pode se estender por muito tempo, já que dependemos das armadilhas dos cenários e dos “Guts Moves” para que isso aconteça. E isso pode deixar as coisas um tanto tediosas e muito repetitivas. É divertido ver um cotoco de boneco tentando lutar quando já está prestes a ser vencido. Mas não há muita coisa o que se fazer com ele ou contra ele (pois já não tem mais braços, nem pernas para lutar e nem sempre conseguimos recuperar um membro perdido).
Jogabilidade acaba ficando limitada
Em certa ocasião encurralei um personagem no canto e fiquei espancando os botões com os combos que o game disponibiliza. Mas isso é algo meio inútil, pois a única forma de matar é arrancar membros. Isso só ocorre quando utilizo as duas formas mencionadas anteriormente, os “Guts Moves” e as armadilhas. Isso acaba por limitar a criatividade em criar sequências variadas de movimentos por parte do player.
Eu costumo jogar games de luta em um fightpad que funciona tanto no PS3 como PS4 e na grande maioria dos games de luta para PC. Mas o jogo em análise não reconheceu meu fightpad. Nem as configurações que atribui ao teclado funcionaram como eu configurei no menu de opções. Dai usei um controle de Xbox360 e funcionou na hora.
GUTS, O VEREDITO
GUTS é um game de luta que traz muito conteúdo a ser desbloqueado. É algo que víamos com frequência nos games antigos de luta e quase nada nos games de luta atuais. A menos que você pague por elas. O jogo também apresenta uma excelente parte sonora para um game de luta, principalmente a voz narrativa (voz off). Guts também traz algumas mecânicas diferentes do convencional e um humor que a tempos eu não via. Me remeteu a um Clay Fighters com Blood Roar.
No entanto, a jogabilidade deixou a desejar em alguns pontos. Seja na grande semelhança entre todos os personagens, a física dos movimentos, ou a ineficiência dos combos em si para se vencer uma partida. Principalmente se você for um jogador mais hardcore/competitivo. Por outro lado, se você é daqueles que curte um game para dar risadas e zoar com seus amigos, algo mais casual, GUTS se torna uma pedida bem mais interessante.
O game está disponível para PC e deve chegar ao Xbox One e PS4 em 2018.
