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É engraçado quando você se depara com um jogo da franquia LEGO pela primeira vez e no início pensa: “- Tá! Mais um jogo que conta a historia de um filme famoso utilizando os brinquedos como forma de atrair um público infanto-juvenil“. Não que isso não seja verdade, porém é mais do que isso.
LEGO Marvel Vingadores segue praticamente a mesma tendência dos jogos da franquia de brinquedos. É um game de ação/aventura com os personagens LEGO com uma roupagem do grupo de super heróis mais bem sucedido do cinema, desenvolvido pela TT Games e publicado pela Warner Bros. Interactive Entertainment.
O jogo começa com os personagens de Os Vingadores em ação, tentando completar missões em duplas, cada herói com uma característica específica que possibilita a quebra daquele obstáculo. Homem de Ferro consegue derreter certos materiais, Gavião Arqueiro pode jogar flechas explosivas, ultrassônicas e com cordas, Viúva Negra tem a habilidade de ficar invisível para decodificar terminais com câmeras de segurança, Capitão América consegue apagar pequenos incêndios, Hulk move objetos bizonhamente pesados, Thor eletrifica e destrói dispositivos com Mjolnir, e por aí vai. Cada super heróis tem uma habilidade especial, uma mecânica que combinada consegue completar todos os puzzles do game.
A Desconstrução
Um dos méritos dessa franquia de jogos é conseguir desconstruir os conceitos dos filmes e reconstruí-lo para uma linguagem infantil sem que ficasse bobo, na maioria das vezes. A narrativa foi montada não apenas baseado em Vingadores, mas também podemos acompanhar eventos de Capitão América, Homem-de-Ferro, entre outros. O interessante é ver que, além das histórias serem contadas fielmente, do jeito que ocorreu no cinema, muitas piadas pastelonas são inseridas para dar aquele alívio cômico e tirar alguns sorrisos – como quando Thor, Cap. América e Homem-de-Ferro disputam a custódia de Loki e enquanto os 3 travam aquela batalha épica, o “deus” da travessura pega uma cadeirinha, uma pipoca e assiste de camarote. São cenas como essa que podem parecer piadas bobas, mas refletem um pouco de como o filme nos mostra, pois Loki realmente se diverte assistindo aquela luta.
Muitos outros momentos marcam o exagero pontual de uma cena que já vimos antes e isso o resultado é gratificante. Certo momento, quando Dr. Banner anuncia que está sempre com raiva e solta aquele poderoso golpe no alienígena voador, o qual enverga o bicho todo, o gigante verde pega um celular e tira uma selfie. Claro que também parece bobeira, mas pode ser considerado uma crítica baseada nessa cultura virtual exacerbada da qual fazemos parte, pois é de costume não fazer nada, uma comida diferente, ir a um lugar diferente ou dar um murro cruel num alienígena, que já logo quer bater uma foto.
Outro ponto interessante é você conseguir encaixar os gráficos do brinquedo em ambientes totalmente distintos e cheios de detalhes. A sensação é parecida com quando você está em um shopping visse numa vitrine de uma loja de brinquedos o aero-porta-aviões da SHIELD, comandado por Nick Fury e olhasse para o lado e encontrasse aquele alienígena gigante e voador que o Loki traz para a Terra, todos feitos por alguém talentoso e com uma riqueza de pecinhas e detalhes absurda.
LEGO sem ser LEGO, não é LEGO
A jogabilidade é algo totalmente singular nos jogos da franquia LEGO. O ambiente em que você está, praticamente 90% dele, pode ser destruído e convertido em peças que trazem pontos para o jogador. Algumas dessas peças destruídas podem ficar espalhadas no chão, esperando ansiosamente que você remonte algum objeto propício para aquela situação, e quem teve LEGO sabe exatamente essa sensação. Hoje você quer brincar de Navio Pirata, amanhã de Star Wars, então você pode criar quaisquer objetos de acordo com sua imaginação e é essa sensação que essa mecânica pretende passar ao jogador, claro que com uma restrição absoluta do que você pode montar. Depois de um tempo acaba ficando um pouco repetitivo, mas você se acostuma e segue em frente numa boa.
Outro ponto bem interessante da jogabilidade são os combos combinados. Cada herói tem um “especial“, um movimento de finalização que destrói boa parte dos inimigos. Em certos pontos do game, você se deparar com um mapa aberto, onde você pode caminhar livremente e até pilotar alguns automóveis.
Um ponto negativo, o qual infelizmente é algo grave não só por atrapalhar, mas por ser algo que poderia ser tranquilamente corrigido, é a câmera do jogo. Posicionada de uma maneira semi-fixa na maioria das vezes, fica ruim você entender o que está na tela de alguns ângulos. Isso prejudica absurdamente a experiência, pois desvia a sua atenção, irrita e traz um desconforto tremendo.
Ponto positivo para a quantidade imensa de personagens que você pode jogar. Desde todos os heróis, que seria impossível listar pois são em torno de 200, até personagens secundários como Agente Coulson, Nick Fury e Maria Hill.
Stan Lee, você não morre mais
Stan Lee, criador de muitos heróis e uma das caras mais conhecidas do Universo dos quadrinhos, sempre aparece nos filmes dos personagens que ele teve participação, e agora ele também está nos games. Envolvido em várias cenas, você pode desde salvar o tiozinho indefeso, até vê-lo sendo quase destruído por Hulk quando pilota um jato para tentar acertar o esmeraldino.
Sempre que Lee participa da brincadeira, você pode ter certeza que algo cômico vai acontecer. Essa é mais uma maneira de eternizar o cara, que fez com que boa parte desse sucesso de hoje fosse real, contribuindo para teorias e easter eggs em qualquer mídia que seja.
Gritos, frases feitas e tudo mais…em Português
Importante enaltecer o trabalho contínuo da Warner com as dublagens, principalmente nesse jogo, pois temos aí em torno de 200 personagens, claro que não todos com vozes distintas, porque vimos 5 ou 6 Skins de Tony Starks diferentes, mas de qualquer maneira é personagem pra dar com pau. Uma das dubladoras é Bia Meimberg, a qual entrevistamos no começo do Combo Infinito por seu trabalho em Forza Horizon, e em LEGO Avengers ela faz a voz da querida Viúva Scarlet Negra.
O jogo está todo localizado facilitando demais a experiência do jogador, principalmente do público mais novo, ou quem ainda não tem a skill do idioma inglês.
Um dos elementos que consideramos de extrema importância em um game, e que LEGO Marvel Vingadores faz, é o fator Replay. Muitos momentos do game você pode coletar vários itens, desbloquear fases, revisitar lugares com outros personagens para conseguir colecionáveis. Realmente não é algo que força o jogador a voltar para a fase de maneira natural, mas para alguns é um motivo interessante para completar o game em sua totalidade.
LEGO Marvel Avengers segue a mesma linha de todos os jogos da série. Quem já jogou qualquer outro, vai se familiarizar e encontrar facilmente os atalhos, mas não verá grandes novidades.
Vale a pena?
O que talvez seja uma pergunta relevante é, por que LEGO faz tanto sucesso? Acredito que, por ser um brinquedo que sempre cumpriu com seu objetivo – Fazer com que a imaginação daquele que está manuseando ultrapasse limites. Com o advento dos videogames isso se potencializou de uma maneira assustadora. O carisma, que antes ficava na imaginação, passou para as telas e as nossas queridas pecinhas de montar ganharam vida. Agora experimente misturar essa diversão toda com os filmes que você mais gostou de ter visto no cinema. Ponha uma pitada de super-heróis, bata no liquidificador e…O que você tem? Um produto de entretenimento de valor imensurável que atinge público de praticamente todas as idades. Desconstruindo para construir.
Jogar com os super heróis, ter seus poderes em suas mãos e fazer parte daquela história sensacional que vimos no cinema é algo gratificante. A jogabilidade, apesar de repetitiva, cumpre bem o seu papel levando o jogador a conhecer cada habilidade dos personagens e saber que se você voltar naquela mesma fase com outro personagem, poderá habilitar uma peça que não havia sido possível durante a história principal.
Aqueles que gostam dos heróis da Marvel (acredito que muitos), principalmente deles representados nas telonas, irão se divertir com esse jogo e passar bons momentos relembrando o que vimos no cinema com uma pitada de humor, seja ele pastel ou sarcástico.
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