Análise | Life is Strange: Before the Storm Episódio 1 – Nos pesadelos de Chloe

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A Square Enix não perdeu tempo e após o grande sucesso de Life is Strange, desenvolvido pela Dontnod e lançado durante o ano de 2016 em formato episódico, a publisher lançou no último dia 31 de agosto, uma prequel à história que vimos no primeiro game da franquia. Chamado Life is Strange: Before the Storm, fazendo alusão a todos os eventos que vimos em Life is Strange, desta vez o game não traz consigo o desenvolvimento da Dontnod, mas sim da Deck Nine, que teve a dura missão de conseguir construir mais histórias dentro do rico universo da franquia da Square, mas com um grande diferencial: A Falta de Max Caulfield.

Antes de Max, tivemos Chloe

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Life is Strange: Before the Storm nos coloca na pela de Chloe Price, mais precisamente não em sua pele, mas em sua conturbada mente. Em Life is Strange já víamos uma garota perdida, rebelde, triste por não ter mais seu pai por perto e por não ver mais em sua casa um exemplo de família. No entanto, em Life is Strange é justamente o elo que Chloe possui com Max que carrega a narrativa do game, junto com o sumiço de uma grande amiga de Chloe: Rachel Amber. A história do jogo original e a narrativa escolhida pela Dontnod eram tão densas e imersivas, que logo Max e Chloe se tornaram personagens queridas no mundo dos games.

Em Before the Storm Chloe não tem a figura de Max ao seu lado e sofre constantemente com a falta de uma “estrela guia” em sua vida, o que torna as decisões que o jogador tem a tomar algo ainda mais complexo por conta dos eventos que Chloe vive neste primeiro episódio. Apesar de seguir a mesma linha de narrativa do jogo original, Before the Storm consegue ser altamente diferente no que diz respeito aos rumos da história, uma vez que Chloe é uma pessoa muito mais “fora da curva” que Max. Max é a figura de uma menina estudiosa, família, que já sabe o que quer da vida e que não tem em seu passado uma tragédia que possa tirá-la do caminho certo que a vida tem a oferecer. Chloe é justamente o inverso e mesmo que a vida dê à ela limões, ela nunca os usaria pra fazer uma limonada, mas os tacaria em alguma vidraça só pra ver no que daria ou tentaria trocá-los por drogas.

A mesma mecânica com mudanças consideráveis

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Muitos poderão dizer que meu ponto de vista, com relação a jogabilidade e mecânicas de Life is Strange: Before the Storm, não é válida. Mas antes de comentar ao final deste artigo à respeito disso, lhe convido a fazer uma reflexão. Quem acompanhou minha crítica de Life is Strange viu que fiz grandes comparações com o jogo da Square e Dontnod com o que vemos até hoje no trabalho da Telltale Games, que usa a narrativa voltada para as escolhas do jogador. Life is Strange adotou o mesmo método para colocar o jogador contra a parede em momentos delicados, mas haviam duas grandes diferenças na maneira que Life is Strange era construído. A primeira tem relação com o poder de Max de voltar no tempo, o que permitia que a gente fizesse uma decisão, assistisse o efeito daquela decisão e então Max fazia uma reflexão sobre o que viu, deixando o jogador na dúvida se ele deveria seguir em frente e arcar com as consequências ou voltar no tempo, fazer uso dos poderes de Max e então escolher outro caminho, o que abriria fatalmente mais uma linha no tempo dentro da história. Por diversas vezes eu fui e voltei nas decisões importantes por ficar curioso ou preocupado com cada um dos destinos que Max traçava com seus poderes. Isso por si só já era extremamente diferente e refrescante para o gênero, além de que suas ações realmente poderiam mudar absurdamente os eventos da história.

Outro ponto muito importante era o sentimento de controle que o jogador tinha, algo que a Telltale falha miseravelmente nos seus jogos atuais, trazendo uma aventura onde as decisões são importantes, mas a jogabilidade é muito rasa e mais assistimos do que jogamos no final das contas. Em Life is Strange Max podia explorar a escola constantemente, além de diversos outros cenários mesmo que não tivesse muito o que encontrar ou fazer nos locais, eles eram reais e passíveis de se entrar. No entanto, apesar de Before The Storm ter algo semelhante em termos de exploração, que são os momentos em que Chloe faz grafites e precisamos andar nos cenários para achar os locais que são propícios a isso – e é bem legal poder escolher que tipo de grafite ela vai fazer -, parece que a Deck Nine deu uma “Telltalizada” no jogo, tirando demais o controle do jogador e dando poucas oportunidades de exploração real. Porém, existem momentos mágicos como a partida de RPG que Chloe pode jogar na entrada da escola, que além de ser bem profundo e detalhado, pode render bons minutos de diversão neste primeiro episódio.

Então, não temos aqui uma involução se comparado com o primeiro Life is Strange, mas uma escolha de narrativa diferente que pode fazer com que muitos jogadores que acompanharam o primeiro game sintam um potencial perdido de alguma maneira.

Evolução técnica

Uma das coisas que mais me irritavam em Life is Strange era o sincronismo labial e a falta de emoção nas feições dos personagens. O que salvava o game e trazia a emoção na medida certa era o trabalho de voz dos atores que construíram grandiosos personagens mesmo que eles fossem bem estranhos na parte gráfica. Before the Storm não traz um salto gigantesco com a parte gráfica, mas faz o suficiente para que o trabalho de voz, sincronismo labial e feições dos personagens não tirem a imersão dos momentos chocantes. Chloe é muito viva, Rachel Amber consegue ser tão especial quanto Chloe e todo o universo ao redor delas é magnífico.

Na verdade, Life is Strange tem uma direção de arte tão boa que Arcadia Bay precisa aparecer mais vezes, ter mais aventuras contadas em seu solo, pois se trata de um lugar especial e misterioso que traz consigo momentos tão diferentes que nos fazem ficar pensando frequentemente sobre tudo que vemos. Minha imaginação traz em minha mente nos momentos que penso sobre tudo que vi e vivi no jogo, os traços que o game possui, os efeitos visuais que não são extremamente belos tecnicamente falando, mas artisticamente são quase únicos. A Deck Nine pegou um grande jogo em sua mão e conseguiu ir melhorando ainda mais estes aspectos importantes para um game que foca tanto na narrativa e na história.

Outro ponto de grande evolução é a trilha sonora, que agora conta com uma banda focada totalmente em seu desenvolvimento. Trata-se da banda Daughter (nome que casa muito bem com o próprio game) que criou uma música especificamente para o jogo. Toda a trilha sonora de Before the Storm continua especial, assim como a de Life is Strange original e como o primeiro game foi extremamente elogiado por suas músicas, não poderia ser diferente em Before the Storm, que consegue ser tão bom quanto.

Chloe, uma garota que vive com seus fantasmas

Obviamente que não vou trazer spoilers para vocês, mas não poderia ter acontecido uma decisão melhor por parte da Square e Deck Nine em contar a história de Chloe. O nome do jogo, Before the Storm, não somente incita o que vemos ao final de Life is Strange, mas também de toda a tempestade que se passa na vida de Chloe. Max quase que é uma espectadora dos eventos da vida de Chloe no jogo original e em Before the Storm somos convidados a embarcar em momentos decisivos da vida da garota, onde ela não sabia mais como lidar com a perda de seu pai e ao mesmo tempo viu em Rachel Amber seu futuro, uma espécie de pilar, mesmo que Rachel também não estivesse com a mente totalmente perfeita.

Vejo também que a história de Before the Storm é tão complexa que realmente é um jogo em que os pais precisam dar atenção à classificação etária, que neste caso é de 18 anos. Chloe é uma garota revoltada, que acha que a vida quase que não lhe serve mais e suas ideias tocam em assuntos extremamente complexos, como rebeldia, desobediência, homossexualismo, bullying e muito mais. É impressionante como Life is Strange Before the Storm trata de assuntos tão diversos e consegue ser tão coeso, resultando em um primeiro episódio realmente impressionante e com um final que nos deixa pensando até onde essa história pode chegar e que tipo de consequência a mente de duas garotas poderá trazer para Arcadia Bay. Chloe definitivamente não vive, ela sobrevive em meio ao mar de lamentações e escuridão que seu coração guarda.

Ou seria Arcadia Bay que mexe tanto com a mente dessas garotas? Saberemos somente quando o próximo episódio de Life is Strange Before the Storm chegar, mas até lá, tenho certeza que a sua mente não deixará de pensar no quanto Chloe e Rachel são especiais, mesmo que elas não sejam nada perfeitas. O mesmo pode se dizer do jogo em questão.


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5 respostas

    1. Valeu pelo comentário Rauny, mas vejo que não há como ofender ninguém não, é um assunto complicado, mas que o jogo toca de uma maneira inteligente. Não há motivos para omitir a existência desse contexto dentro da história do jogo ;).

      1. Oi Ariel, não quis dizer sobre o assunto, estou falando de linguística mesmo. em conversas e debates cunhei o termo ‘homossexualismo’ e me corrigiram dizer ser ‘homossexualidade’. Parece coisa boba, mas tem gente que se importa, apenas isso.

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