Konami lança PES 2019 com muitos acertos e as mesmas falhas
2018 foi um ano de mudanças no meu ponto de vista sobre como um game de futebol deve ser. Enquanto vi, no final do ano passado, PES 2018 entregar um game com poucos avanços e muitos problemas, via em FIFA 18 um jogo que melhorava a fórmula da EA. Mas o ano foi passando, os updates em FIFA deixaram o jogo ainda mais automático, menos divertido e cheio de problemas. Então, voltei para PES 2018 e a falta de um jogo fluido e problemas na jogabilidade me afastaram de vez do game. Então, já faz alguns meses que não levo um jogo de futebol tão a sério.
Mas chegou a nova temporada e novas esperanças. A Konami aposta em mudanças no controle da bola, na liberdade de passe, visual melhorado e diversas ideias para fazer de PES 2019 um jogo melhor. Embora seja realmente um avanço, é nítido que a franquia está jogando muito “safe”. Ou seja, poderia haver mais coragem para mudanças. Ainda assim, PES 2019 merece muito mais a sua atenção do que qualquer outra versão do jogo nos últimos anos.
O Campo é Nosso – mais ou menos…
Há anos a Konami e o time de PES promete que o “The Pitch ís Ours”, o Campo é Nosso. Isso numa clara alusão de que o jogador tem total liberdade para fazer o que quiser. Assim, o sistema de passe, de chute, de direção como um todo, tem como objetivo dar a liberdade. Ainda que a ideia seja boa, não havia sucesso e era mal executada. Entretanto, este ano vejo uma melhora significativa neste sentido, mesmo que PES 2019 seja muito parecido com o 2018. A grande diferença está na fluidez do jogo. Ou seja, a bola realmente rola macia, com mais controle do jogador. Contudo, não quer dizer que seja perfeito e a mecânica ainda está longe de chegar neste nível.
Se antes parecia que os jogadores, dentro do campo, apanhavam da bola e tudo era muito fácil, agora isso muda um pouco. O sistema defensivo está melhor, com bons goleiros e uma zaga mais precisa. Talvez este seja o maior acerto de PES 2019. De todo modo, as mudanças são muito sutis. Parece na verdade, que a Konami conseguiu arrumar muitos dos problemas de PES 2018, fazendo da versão do ano passado uma “beta” da 2019. Assim, a ideia de que o campo é nosso, que temos liberdade e controle se aplica melhor este ano. Mas precisa de melhorias pro futuro.
Precisão e melhorias suficientes?
O sistema de passe é muito melhor e mais realista que de FIFA 18 e PES 2018. Enquanto FIFA é muito automático, apertando o toque você chega na área fácil e rápido, PES 2018 trazia uma imprecisão estranha na hora do passe. PES 2019 não muda muito, mas o suficiente para tornar a troca de passe divertida e estratégica. Contudo, ainda vejo problemas nos passes longos, altos e em profundidade. Mesmo com a zaga melhorada, há momentos que os jogadores batem cabeça, demoram para ter reação em algum lance crucial, ficam perdidos em campo. Já são muitos anos fazendo mesmo jogo, com os mesmos problemas, e a Konami (e a EA também) insistem em seus erros.
Outro ponto importante são os chutes. Eles parecem melhores, como antigamente eram. Como os goleiros também estão buscando bolas mais difíceis, os chutes parecem mais emocionantes. Ainda que algumas vezes chutes ridículos sejam aceitos muito facilmente. O sistema de cabeceio tem boa movimentação (assim como tudo no jogo) e bolas altas não são fáceis de serem executadas com sucesso. Ainda assim, há aquela sensação de emoção que faltava no PES há muitos anos.
A jogabilidade como um todo
PES 2019 traz com suas mudanças, uma jogabilidade mais redondinha. O jogo é divertido, isso não dá para negar. Mas ainda existem erros de passes estranhos, colisão entre os jogadores que são ignoradas pelo game, resultando em jogadas estranhas e movimentos bizarros. Contudo, a jogabilidade acaba sendo prejudicada por estes momentos. Logo, aquilo que poderia ser melhor, se torna frustrante em algumas partidas por conta de erros que a franquia carrega consigo há anos. Mesmo assim, torno a repetir que PES 2019 é sim um dos melhores já feitos pela Konami nos últimos anos neste sentido. Ainda que, da mesma forma, isso não demonstre que este seja o caminho certo. Talvez o aceitável.
Em um jogo de futebol, a jogabilidade é o que há de mais importante. Mesmo que FIFA 18 seja tão automático, ainda ganhava de PES. Jogamos FIFA 19 e sabemos que a jogabilidade segue o mesmo ritmo das versões anteriores. Assim, o que vai ditar qual jogo é melhor, é a maneira que a EA vai encontrar para balancear os passes automáticos e os mais manuais. De momento, comparando PES 2019 com FIFA 18 neste sentido, vejo PES próximo, em termos de diversão e emoção dentro do campo. Vamos ver quando sair FIFA 19.
Licenças? Ninguém sabe, ninguém viu
Embora PES 2019 tenha muitas licenças novas, como sete novas ligas, ainda há uma sensação de jogo incompleto. Isso por conta da falta de grandes clubes, como o Chelsea, Real Madrid, Juventus e tantos outros. Sempre existirá a saída dos Option Files, que modificam algumas coisas no jogo, mas o ideal é que a Konami traga tudo completo no lançamento do game. O campeonato brasileiro, por exemplo, tem todos os 20 times da 1ª divisão licenciados. Contudo, muitos clubes não possuem seus jogadores. Grêmio e Botafogo por exemplo, são times inventados, com atletas que nada se parecem com suas contrapartes na vida real.
Este ano ainda a Konami perdeu as licenças da Champions League, Libertadores e tudo mais. Assim, os campeonatos são todos fictícios, sem as músicas icônicas e todo o feeling de um grande campeonato. Para piorar, os menus são feios, sem inspiração e nada convidativos. Tanto fora quanto dentro das ligas e campeonatos. Assim, temos um jogo que fica devendo e MUITO em um quesito que a Konami vinha evoluindo. Um verdadeiro passo para trás, mesmo com as parcerias com novos clubes, estádios e afins.
Ainda assim, temos que elogiar a construção dos estádios que são licenciados. O Morumbi por exemplo é idêntico. O mesmo ocorre com o San Siro, Camp Nou, Maracanã e tantos outros. Jogar contra (ou com) o Flamengo no Maracanã dá a real sensação de fidelidade.
Modos de jogo
PES 2019 não traz grandes novidades nos modos de jogo. Temos as Copas e Ligas como sempre. A Master League é bem parecida com a do ano passado, assim como o modo Become a Legend. A grande cereja do bolo sempre é o My Club e esse ano não é diferente.
O grande modo retorna com algumas mudanças sutis em animações e apresentação dos jogadores e treinador. Todo o sistema se mantém. Não há grandes mudanças. Também temos o retorno das grandes lendas, que poderão ser adquiridos com dinheiro real, comprando moedas do jogo, ou jogando bastante.
O My Club continua bem divertido e é um dos grandes motivos de se jogar PES. Os servidores estão se comportando muito bem, sem quedas frequentes e pouquíssimo lag. Um grande avanço em comparação com a versão do ano passado e os constantes problemas de input lag de FIFA 18. O mesmo se aplica às temporadas, que também não mostram problemas sérios de conexão.
Um bom avanço, mas poderia ser melhor
O grande problema de PES hoje em dia é a herança que ele carrega das versões ruins que saíram durante tantos anos. Assim, arrumar os problemas não é o suficiente para dizer que está no caminho certo. Muitos jogadores anseiam por boas mudanças, que mostrem que há uma evolução ocorrendo no gênero. E isso nem a Konami e nem a EA conseguem entregar. Na falta de novos concorrentes, essas são as duas opções que os jogadores possuem. Visto que PES 2018, na minha opinião, foi um desastre, PES 2019 consegue dar uma ligeira arrumada na casa e, quem sabe, abrir chances para as grandes mudanças que tanto pedimos.
Assim, com uma jogabilidade mais refinada, um controle da bola melhorado, mesmo que ainda não seja perfeito, Pro Evolution Soccer 2019 agrada. Há uma clara evolução no jogo. Ainda não é o suficiente para fazer jus ao preço cobrado todos os anos. Afinal, a franquia vem ficando parecida com a versão anterior cada vez mais. A diferença agora é que Pro Evolution Soccer 2019 se parece com a 2018, sem os críticos problemas da versão anterior.
