Análise | ReCore sofre com problemas técnicos, mas é uma das boas surpresas do ano

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Depois de levantar o hype da galera que queria mais Megaman em suas vidas, Keiji Inafune, criador da série do robozinho e que não está mais trabalhando na Capcom, acabou pisando na bola com Mighty No. 9, que não é um jogo extremamente ruim, mas sofre de questões técnicas absurdas e não empolga em seu gameplay. No entanto, no ano passado, mais precisamente na E3, Inafune teve seu novo jogo apresentado, chamado ReCore, mas o que muita gente deixou passar é que ele não estava dirigindo o projeto, e que ele tinha ao seu lado Mark Pacini, diretor de grande renome que foi responsável pela aclamada série Metroid Prime.

Então, com a Comcept, empresa de Inafune, e o Armature Studio, que tem como responsável o próprio Mark Pacini, temos a junção de dois caras muito experientes no mercado e que possuem um currículo invejável. Com o apoio da Microsoft, ReCore então é um exclusivo para Xbox One e Windows 10, através do Play Anywhere, e já adianto: você não deve ignorar este game.

Uma mistura de dois gêneros

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Megaman tem uma forma diferenciada de se jogar que poucos games conseguem reproduzir e a série Metroid, quando foi parar no universo 3D, também criou a sua maneira de ser e não é a toa que caiu nos braços dos fãs da franquia, mesmo mudando tanto sua forma de jogar. ReCore tem influências da carreira de Inafune e de Pacini, e podemos ver o quanto isso fez bem ao projeto logo nos primeiros minutos de jogo, com uma pegada muito parecida com Megaman na jogabilidade. Mas como isso pode acontecer se o jogo é em 3D?

Pois é amigo, é inexplicável como o “feeling” dos games do robozinho está ali, mesmo que Inafune não tenha vendido essa ideia. Jogamos com Joule, ela usa um jetpack que permite que ela dê dois pulos e use um dash, tanto no ar quanto no chão. Joule usa uma arma que atira energia e não precisa ser recarregada, apenas necessita de um descanso, um tempo muito pequeno, que lhe permite continuar atirando sem dó. Com a mira automática, é possível criar estratégias para matar a maior quantidade de inimigos possível, para criar combos de ataques que fazem com que Joule fique ainda mais mortal. A garota conta com um parceiro, inicialmente um cachorro robótico, extremamente carismático, que a ajuda na resolução de puzzles e também em combate. Ela fala com ele e entende a sua língua, assim como dos demais robôs. ReCore chegou dublado em nossas terras e Joule tem uma voz que combina muito bem com ela e que aumenta aina mais o seu carisma.

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Talvez apenas lendo, você não sinta o quanto tudo isso que falamos da jogabilidade tenha a ver com Megaman, mas ao jogar, as influências são nítidas e muito bem vindas.

Um mundo cheio de possibilidades

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Então, depois de uns 30 minutos jogando, você é apresentado ao mundo de ReCore, um planeta que a humanidade está tentando fazer de seu lar, após um grande mal ter atingido o planeta Terra. O Dr. Thomas Adams, criou diversos robôs, que serviram aos humanos por um bom tempo, mas por algum motivo, perderam o controle e agora são inimigos espalhados no mundo aberto de ReCore. Sim, o jogo é totalmente livre para se explorar e o jogador vai encontrar diversas tarefas extras para concluir, além da história. Grande parte destes locais possuem quebra cabeças e baú escondidos, então a ordem em ReCore é explorar até cansar.

O mapa possui pontos específicos e de interesse do jogador, mas sempre é bom andar por onde você menos imaginaria que poderia haver algo especial. Desde chefes até inimigos mais fortes, que guardam núcleos especiais. Para se conseguir estes núcleos é onde entra a melhor parte da jogabilidade, em que você deve enfraquecer os inimigos a ponto de conseguir extrair seu núcleo através de um cabo de aço que Joule carrega consigo. Neste momento, o jogo entra numa espécie de “Cabo de força“, em que o jogador deve ficar de olho na cor que o cabo possui. Se estiver vermelho, é necessário parar de puxar, para então retomar o processo. É sempre um momento de grande tensão e ação e você ainda pode criar estratégias para, quem sabe, tentar extrair o núcleo do inimigo sem precisar batalhar com ele. Basta andar mais devagar e pegá-lo desprevenido antes de entrar em combate, que o jogo lhe possibilita extrair imediatamente o núcleo. Quanto maior o nível do inimigo, mais chances do núcleo ser bem raro.

Jogabilidade baseada nas cores

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O mais legal do sistema de batalhas é que Joule pode mudar a cor de seu ataque conforme avança no jogo, e você encontra inimigos que baseiam sua força na cor vermelha, azul, amarela, verde, roxo e neutra. É preciso ficar de olho no inimigo pra saber qual cor você vai se basear pra criar o seu ataque. Segurando RB Joule gera um ataque carregado que quando usado na cor vermelha, por exemplo, pode atear fogo em qualquer inimigo, de qualquer cor.

Isso também influencia em alguns quebra cabeças, que só podem ser resolvidos se você atacar alguns switchs com a cor específica, caso contrário não abrirá determinada porta. E ReCore possui muitos segredos, como todo jogo de plataforma que se preze, o que vai manter o jogador ligado por muito tempo, até concluir tudo que vê nos mapas. É interessante como Inafune e Pacini conseguiram colocar tantos elementos de jogos 2D em um mundo em 3D, sem perder o desafio e a diversão que esses games nos proporcionavam, e transformaram em um título de ação com jogabilidade de primeira.

Viva por seus companheiros

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Joule encontra diversos itens em sua jornada em busca da verdade sobre seu pai e sobre o mundo que ela se encontra, mas chega um momento que o jogador já não quer saber de muita coisa, a não ser evoluir Mack, Seth, Duncan e todos os seus companheiros robóticos, aproveitando as habilidades de mecânica que Joule possui. No início do jogo, como dissemos lá em cima, começamos com um companheiro robótico em forma e jeito de cachorro, que no caso é Mack. Durante muito tempo, nossos esforços são focados nele. São duas formas de poder evoluir seu companheiro, sendo:

  • Alterando suas peças: Explorado o mundo de ReCore, matando os inimigos sem extrair seus núcleos ou encontrando baús secretos, o jogador consegue peças para alterar o visual de cada um dos robôs companheiros. O legal é que além de mudar o visual, as novas peças influenciam diretamente no ataque, defesa e energia deles. Quanto mais a peça exige materiais, maior será o seu efeito no robô. O nível de carisma de cada um destes personagens é tão grande, que Mack é exatamente o cachorro que você gostaria de ter: É legal, carinhoso e não faz sujeira pela casa.
  • Aprimoramento através dos núcleos: A cada núcleo que você retira dos inimigos, uma quantidade é separada para cada cor, entre o azul, vermelho e amarelo. O azul representa a energia, o amarelo a defesa e o vermelho o ataque. Ao distribuir estes núcleos, o seu companheiro robótico receberá um upgrade em cada uma dessas habilidades, ficando cada vez mais forte. Como Mack é o primeiro que você possui e que fica um tempão ao seu lado, espere gastar muitos núcleos com ele.

Essas características de crafting fazem ReCore ganhar uma espécie de alívio entre uma caverna e outra, alternando a forma de jogar e fazendo você se importar cada vez mais com os personagens, quase que como um elemento de RPG.

Nem tudo é perfeito

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ReCore consegue, acima de tudo, colocar o jogador imerso em sua ambientação e jogabilidade. Porém, é nítido que, mesmo com o cenário aberto e detalhado, os gráficos poderiam ser melhores e ter menos problemas. Texturas de baixa resolução, efeito de tearing (como uma falta de sincronismo vertical), e muitos slowdowns acabam quebrando o ritmo do jogo, e coloca a parte técnica de ReCore muito abaixo da qualidade geral que o game possui. Sem falar dos loadings entre um cenário e outro, que são ABSURDOS, chegando até dois minutos de espera para carregamento. Dizem pelas internets que a versão física consegue demorar ainda mais do que isso.

Felizmente, mesmo com tamanho tempo de espera, o game lhe recompensa com uma jogabilidade muito boa e divertida, um mundo bem grande pra se explorar, combates estratégicos e chefes bem desafiadores. ReCore é uma grata surpresa para os donos do Xbox One e PC com Windows 10. Não tire conclusões apenas vendo vídeos por aí, ReCore é totalmente diferente quando você está jogando, traz uma experiência muito boa. Quando os trailers foram lançados, eu realmente não esperava muita coisa de ReCore, mas felizmente eu estava errado, Inafune e Pacini acertaram.

Se por qualquer motivo ReCore pudesse ter mais alguns meses para polimento e melhorias gráficas e de desempenho, estaríamos diante de um jogo realmente incrível, memorável em todos os aspectos. Com os defeitos apresentados na versão final e os loadings absurdos, ReCore ainda é uma experiência diferenciada e muito divertida, que pode ter dado início a uma boa franquia.


Gameplay – Primeiros 30 minutos de ReCore (em breve, direto do nosso canal no Youtube)

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8 respostas

  1. Melhor crítica realizada que li até agora, Uol e TechMundo meteram o pau no jogo, aqui pelo menos não tem nenhum fanboy realizando as análises. Parabéns!

  2. Boa critica. Muito divertido, a musica é legal, personagens cativantes e simples, focado na diversão, como todo game deveria ser. Apesar de possuir uns problemas com o carregamento, não é nada que outros games tb não tenham. É uma grande novidade num mundo onde as continuações de games prevalecem, e deveria ser muito mais incentivado.

  3. Cara… tenho 49 anos, joguei “MUITO” metroid… e estou adorando o jogo. De fato os loadings são a maior inconveniencia, mas a diversão para “exploradores” é garantida!

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