Análise | Sea of Thieves tem um futuro promissor, mas o presente deixa a desejar

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Sea of Thieves é a mais nova obra da Rare, uma empresa que é conhecida pelo seu passado brilhante e um presente inconsistente. Por incrível que pareça, o novo jogo do estúdio mescla a antiga Rare com a atual. O game exclusivo do Xbox One nos consoles, chama a atenção pela temática, pela cooperatividade e pela curiosidade. E mesmo que a Rare atualmente se pareça muito pouco com aquele estúdio que fez história ao lado da Nintendo, o novo projeto traz consigo Gregg Mayles. O designer trabalhou em diversos jogos clássicos da empresa. Entre eles Donkey Kong (SNES), Battletoads e praticamente todos os jogos do estúdio lançados para o N64.

Sea of Thieves então tem em seu sangue muito do que os fãs sempre pediam para que a Rare um dia retornasse. Este talvez seja o maior projeto do estúdio desde que foi comprado pela Microsoft. O problema é que o projeto parecia ser tão ambicioso, que talvez não soube lidar com seu próprio tamanho.

Uma turma de Piratas

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Sea of Thieves é um jogo para se jogar em galera. Não há uma história a ser seguida, há um mundo a ser explorado. Seu conceito gira em torno de duas atividades, essencialmente. A primeira delas é gerenciar bem a sua embarcação, definindo rotas, içando velas, mantendo o barco navegando. Conforme exploramos o vasto oceano, dependendo da força das águas, do clima e de diversos outros fatores, o barco poderá quebrar. Então, em grupo, é preciso ficar ligado em cada canto da embarcação. Caso entre água, rapidamente os jogadores precisam removê-la, usando baldes. Então é preciso usar pedaços de madeira para tapar os buracos. Chega a ser engraçado.

A segunda atividade é explorar as ilhas que o jogo tem. Durante o gameplay, encontramos diversos mapas, todos com algum mistério. É preciso desvendar este mistério em alguma das ilhas. A mecânica é bem divertida, traz alguns inimigos, como caveiras que surgem a nossa frente. O problema é que acaba enjoando com o passar do tempo. No entanto, muita gente se diverte com essa mecânica e não reclama que enjoa. No final das contas, vai depender do quanto o game te cativa.

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Piratas unidos jamais serão vencidos

Embora seja possível jogar sozinho, Sea of Thieves é muito mais divertido cooperativamente. Digo mais, talvez o jogo seria um grande fiasco se fosse single player. Há um charme na maneira de se jogar que colabora para que você queira continuar jogando. Mas isso só ocorre se você encontra um bom time. Na maioria das vezes, encontrei um trio de americanos ou ingleses. A comunicação funciona muito melhor com algum headset. Então, sempre tive que convencê-los que, mesmo sendo brasileiro, conseguiria entender e colaborar com o time. Em outras vezes nem mesmo pude falar, e já me jogaram na prisão do barco. Sim, é possível fazer isso.

E isso não é algo que seja possível de se criticar. É importante manter contato, dar coordenadas, entender estas coordenadas. O diálogo é muito importante no game e cria uma dinâmica diferente. Em qualquer outro jogo online, dificilmente vejo a necessidade deste tipo de comunicação, por voz. Em Sea of Thieves, definitivamente, é algo crucial.

Mas jogar o outro na prisão por nada é sacanagem rsrs.

Gráficos e sons excelentes

Antes de mais nada, Sea of Thieves não busca ser foto realista. É um jogo cartoonesco, cheio de boas ideias em seu visual. O mar nunca foi tão bonito em um game. As ondas e o impacto da água sob a embarcação são ótimos. Quando o clima muda, surgem as tempestades, raios e trovões, tudo fica ainda melhor. Realmente a Rare dedicou um bom tempo para que o game tivesse este carisma visual.

Outro ponto de grande destaque é a trilha sonora. Desde a música de abertura até as que tocam durante a jogatina. São diversas referências à filmes e qualquer outra coisa que trate do tema com piratas. Você pode ainda usar instrumentos musicais e chamar os amigos para comemorar alguma vitória. E até neste ponto, onde deveria ser algo mais simples, a parte sonora do jogo brilha.

Um mar vazio

Definitivamente deu para perceber que Sea of Thieves é um jogo diferente. Porém, falta muita coisa para que ele seja um jogo que valha a pena. Apesar de todas as mecânicas, gráficos bem legais e som empolgante. O problema é que falta muito conteúdo ao game. Parece haver uma atenção muito grande aos detalhes da mecânica, mas faltou tempo para criar coisas diferentes. As missões são repetitivas, os inimigos também. Quando aparecem adversários mais fortes, eles são versões com upgrade das caveiras comuns, com mais HP e dano. Talvez se a Rare tivesse criado uma campanha, com chefes, alguma história, uma espécie de Destiny sobre as águas, as coisas seriam diferentes.

Outra coisa estranha é que o jogo começa te largando em uma ilha. E assim a aventura começa. Não há indicações sobre como devemos jogar. Você começa escolhendo se quer jogar sozinho ou com galera e imagina que o game vá te fazer aparecer em algum barco. Eu fiquei andando uns 15 minutos, à toa, até entender o que fazer. Isso é algo muito estranho que soa como um descuido. Ainda mais se pensarmos que não existem muitos jogos com essa temática que Sea of Thieves oferece. Não é qualquer jogo que coloca 4 pessoas em um barco a alto mar.

A sua experiência será diferente da minha

Sea of Thieves é quase impecável na parte técnica. Mas é falho demais no conteúdo, além de ser repetitivo. Então, como você, que ainda não joga o game, deve vê-lo? A resposta é bem simples: Sea of Thieves oferece uma experiência diferente demais para cada jogador. A temática dele, por si só, já pode segurar muita gente jogando. Definitivamente é um jeito diferente de jogar. Mas quem espera por missões variadas, muitas coisas para fazer, inimigos, combate arrojado, ficará desapontado.

Porém, há quem ache que do jeito que está é válido. Que pegar um barco, um headset e sair com os amigos em busca de tesouros vale a pena. Particularmente a proposta do jogo me convence, mas a maneira que ele está agora não. É preciso mais conteúdo, mais variedade e um melhor uso do mundo aberto de Sea of Thieves. Falta também o carisma da Rare. Ele não está totalmente lá ainda. Se é que aquela Rare de antigamente ainda existe.

O futuro

É possível que daqui seis meses vejamos um game totalmente diferente. A Microsoft e a Rare comentam frequentemente com os fãs quais são seus planos. A ideia é fazer com que Sea of Thieves seja melhorado, com mais conteúdo. Porém, não consigo entender ao certo, o motivo de terem o lançado da forma que está. Talvez com mais dois ou três meses de desenvolvimento, o jogo já tivesse missões suficientes. Assim, os jogadores poderiam esperar por mais conteúdo posteriormente.

No entanto, a sensação que dá é que após três ou quatro missões, você já viu tudo que o game tem a oferecer. Então ele começa a se tornar repetitivo, maçante. O futuro poderá ser diferente, até mesmo brilhante. Mas quantos jogadores a Rare e a Microsoft estarão perdendo no caminho? O risco é bem grande.

Então, se você quer experimentar a temática de Sea of Thieves, recomendo que faça isso através do Game Pass. Assim, se você não gostar do game, terá gastado pouco. E ainda poderá aproveitar as vantagens do serviço da Microsoft. Não vejo que o jogo venha a valer o preço de um game completo agora. O presente é vazio, mas o futuro poderá ser brilhante. Tudo dependerá do que a Rare e a Microsoft trouxerem ao game. Até lá, o barco veio furado.

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