Análise | The Crew 2 – Variedade não é o suficiente

The Crew

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The Crew 2 poderia ser uma grande virada na franquia da Ubisoft

A Ubisoft tem um histórico curioso quando se trata de novas propriedades intelectuais. No passado recente, podemos ver como grande exemplo disso a franquia Assassin’s Creed. O primeiro jogo foi bem questionável, apesar de eu gostar bastante dele. Já o segundo é considerado um clássico. O mesmo ocorreu Watch Dogs e outros games do estúdio. Então, a esperança era que The Crew 2 pudesse seguir o mesmo caminho.

Assim a proposta da Ubisoft para seu novo game foi centralizada na diversidade. Diferente de qualquer outro game de corrida do mercado, The Crew 2 permite que o jogador experimente muitas formas de se jogar. Na terra, na água e no ar. Assim, temos corridas de rua, Rally, Motocross, Drag Racing, Corridas de barcos de diferentes tipos, além de categorias de atividades com aviões. A ideia é fantástica no papel, mas na hora da execução é bastante questionável.

Forza Killer ou um concorrente de Need For Speed?

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Uma coisa ficou martelando na minha mente enquanto eu jogava The Crew 2. Embora todo mundo comparasse o novo game da Ubisoft com Forza Horizon, eu fui aos poucos, me distanciando dessa ideia. Ainda que o visual fantástico do game e o mundo aberto realmente lembre o exclusivo da Microsoft, o feeling é completamente diferente conforme jogamos por mais tempo. Assim, aos poucos, eu fui me vendo jogando o que um Need for Speed poderia ser.

E não digo isso em questão da variedade de categorias que o game trás. Falo por conta das corridas de rua, customização e sistema de progressão. Inclusive, o sistema de progressão de The Crew 2 se parece demais com o de Need For Speed Payback. Mas de uma forma mais justa. Ao vencer uma corrida, você ganha componentes para melhorar seu carro. Entretanto, diferente de Payback, não é preciso tanto esforço para se conseguir um carango potente, basta jogar.

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Porém, minha comparação com o game da EA fica por conta da categoria de Corrida de Rua. Com os cenários diversificados que o jogo traz, é bem divertido correr pelas ruas dos Estados Unidos, de dia ou de noite. Há uma pegada bem Arcade, que faz falta hoje em dia. Até mesmo Forza Horizon é mais pé no chão neste sentido. Em The Crew 2 até o topo dos prédios se tornam pistas e isso funciona muito bem. O problema está nas demais categorias. Principalmente quando jogamos com aviões.

Quantidade vs Qualidade

The Crew 2 tem muito mérito ao trazer tantas jogabilidades distintas no mesmo jogo. Mas ao mesmo tempo que isso é chamativo, se torna um grande desafio para o estúdio Ivory Tower, responsável pelo game. Embora nas pistas de rua exista uma grande parcela de diversão, faltou cuidado nas demais categorias. Rally e Motocross fazem bonito, também são legais. As missões com barcos são bacanas, mas aos poucos se tornam repetitivas. O problema está realmente no ar.

Jogar com os aviões em The Crew 2 se mostrou uma tarefa bastante ingrata. A jogabilidade é até boa, mas o level design, as missões e a quantidade de repetições que o jogador é submetido não valem o pacote. Existem muitas missões semelhantes e que se tornam verdadeiras pedras no sapato. São dois tipos de atividades com aviões. A primeira se resume em fazer acrobacias, ao melhor estilo “Esquadrilha da Fumaça”. A segunda nos faz passar por checkpoints em diferentes posições com o avião. Tudo parece bem promissor, mas passou longe de funcionar. Faltou criatividade e sinceramente o game seria mais divertido se tivesse focado em mais corridas de rua, no lugar das de aviões.

Os Estados Unidos como nunca vimos

A proposta de criar um mapa completo dos Estados Unidos em um jogo de corrida é algo sensacional. O primeiro jogo fez muito bem, mas The Crew 2 melhora bastante este aspecto. Podemos correr pelo mapa aberto quando quisermos, ou escolher um evento e ser levado diretamente para ele, sem loading (ao menos na versão PC). Existem missões de tirar fotos e o modo de fotografias é bem completo. Entretanto, ao mesmo tempo que o mundo do jogo é belíssimo, ele também é vazio.

As corridas de rua são muito boas, mas estranhas. Falta o trânsito, carros atrapalhando nossa visão, ao melhor estilo Need for Speed Underground. Isso não acontece aqui por conta do formato da história do jogo. Fazemos parte de um programa de televisão chamado Live Xtreme. Então as corridas são legalizadas. Assim, os percursos que poderiam ser muito mais chamativos com outros carros pelo caminho, são trajetos fechados para que o evento em questão possa ocorrer. Assim, o charme das corridas de rua, se perde pelo caminho.

Contudo, ainda vemos pessoas pelo mapa. Elas surgem atravessando ruas, ou andando pela calçada. É meio estranho quando elas quase são atropeladas e teleportam para o lado do seu carro. Seria melhor não as ter no mapa, para não ocorrer cenas estranhas e sem sentido.

Um novo jogo, velhos problemas

The Crew, de 2014, também era um jogo legal. Mas falhava em muitas coisas que um game de corrida precisa ser bom. Principalmente na física e colisões. Era algo que chegava a ser vergonhoso e que em The Crew 2 não melhorou. Além de não haver danos visuais convincentes nos veículos, ocorrendo apenas arranhões, a maneira que as colisões acontecem é bem estranha. Não há impacto ou qualquer intenção de tornar esse momento legal. Claro que bater em um jogo de corrida não é nada legal. Afinal, você vai perder tempo e posições. Mas Burnout está aí há anos para mostrar que as batidas fazem parte do show.

Assim, o jogo opta por transformar as batidas em algo problemático. Um grande exemplo aconteceu comigo em uma corrida que passava por Las Vegas. Uma perua vermelha atravessou minha frente e bati, de leve, na traseira dela. Eu estava muito rápido e correndo atrás do primeiro lugar. Quando eu acertei esta perua vermelha, continuei com velocidade e não perdi o controle do carro. O que o jogo fez? Levou meu carro metros atrás da batida, em um respawn inútil e fora de tempo.

Outro grande vacilo é a dificuldade do jogo. Em cada corrida, o jogador pode ver o seu nível em comparação ao que a corrida exige. Assim, você pode ir evoluindo seu carro para então entrar em determinada competição. Entretanto, durante as corridas, existe um velho fantasma dos games de velocidade. Não importa o quanto você seja bom, os carros adversários estarão a uma batida de você. Basta um vacilo para que alguém lhe alcance. Need for Speed fazia isso no passado e é uma mecânica ultrapassada que deixa de dar atenção para uma boa inteligência artificial em prol de uma dificuldade desleal.

Dá para melhorar? O futuro de The Crew 2

 

A Ubisoft vem trabalhando bastante em games como serviço. Basta ver o ótimo trabalho da empresa com Rainbow Six Siege. O mesmo pode ocorrer com For Honor, The Division 2 e também The Crew 2. Assim, o mais recente jogo de corrida da empresa poderá passar por várias melhorias com o tempo através de updates. Então, o sistema de variedades competitivas, que é o grande chamativo do jogo, poderá brilhar mais. Contudo, fica dependendo da Ubi perceber que onde errou, como a inteligência artificial, jogabilidade em alguns tipos de veículos e o sistema de física.

Seriam mudanças bem complexas, mas necessárias para dar mais tempo de vida para The Crew 2. Porém o jogo não é um fiasco total. É um belo game de corrida que traz consigo outros tipos de jogabilidades que poderiam ser melhor aproveitadas. O visual é impressionante, ainda mais jogando no PC. Rodamos o game em uma Nvidia GeForce GTX 1080 em Full HD e 60 FPS. É realmente um colírio para os olhos. Nos consoles o visual também é muito bom.

Devo dizer que é complicado não indicar The Crew 2 mesmo com tantos problemas. É um jogo que me divertiu bastante, que tem um ótimo conteúdo e vai render belas horas de jogatina. Entretanto os problemas que ele traz são graves e podem fazer você ficar triste com sua compra. Há um desperdício de potencial bem grande neste jogo. Mas ainda assim, tem muitos outros positivos. Cabe a Ubisoft correr atrás e melhorar seu game antes que seja tarde demais.


*The Crew 2 foi analisado na versão de PC e Xbox One X. O jogo foi cedido pela Nvidia e Ubisoft. A versão PC estava rodando na seguinte configuração: Nvidia GeForce GTX 1080 | AMD Ryzen 1600 | 8GBs DDR4 Corsair | Placa Mãe AsRock | Fonte e Gabinete Gamer Corsair.

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