Análise | Vampyr coloca jogadores diante de decisões difíceis

Vampyr

Compartilhe

Vampiros são o centro de Vampyr, novo jogo da produtora de Life is Strange

Quando a Dontnod resolveu partir para um novo rumo, saindo de Life is Strange, já poderia imaginar que algo bom em termos narrativos estaria chegando. Vampyr então se tornou um dos jogos que eu mais aguardava para 2018. A espera chegou ao fim, o jogo será lançado amanhã. Embora não tenha ainda o tamanho de uma grande empresa, a Dontnod tratou Vampyr como algo de grande destaque. Entretanto, a parceria agora deixa de ser com a Square Enix e passa a ser com a Focus. Só aí já há uma mudança bem grande na abordagem. Afinal, a Focus ainda é uma Publisher em crescimento.

Mas será que a espera valeu a pena? De agora em diante entraremos em um mundo hostil, cheio de reviravoltas e decisões difíceis. Afinal, é disso que Vampyr se trata.

Jonathan Reid, de médico a caçador de humanos

- PUBLICIDADE -

vampyr

Vampyr já lhe joga em um mar de dúvidas logo no começo do game. Estamos próximos de Londres, mas acordamos em meio a pilhas de corpos. Dentre eles, apenas Jonathan Reid se levanta. Ele não consegue entender muito bem o que está se passando, até que vê alguém. Ainda recuperando seus sentidos, é possível perceber que a pessoa que o encontra está feliz por vê-lo. Mas Reid só pensa no sangue que corre em suas veias.

Ele agora é um vampiro, tem sede de sangue. Entretanto, seu lado humano ainda permanece, sua mente está intacta. Reid então percebe que havia acabado de morder e matar a sua própria irmã. Sem tempo para pensar enquanto era perseguido por pessoas desconhecidas, ele parte em busca de continuar vivo. Para isso, ele precisa entender o que ocorreu consigo, quem o transformou em vampiro e qual o seu papel em tudo isso agora.

- PUBLICIDADE -

Narrativa é o forte do jogo

Assim como em Life is Strange, a narrativa é o forte do jogo. A Dontnod mostra que evoluiu em sua forma de contar uma história, apesar do começo lento e sem muitas informações de Vampyr. O jogo lhe deixa muito às escuras, até que finalmente começa a entregar um pouco dos mistérios. Entretanto, rapidamente somos fisgados pelo enredo, que carrega o jogador pela mão. Ainda que seja um RPG, Vampyr tem uma narrativa mais linear. Existem histórias extras, em sua grande maioria importantes. Porém, tudo serve apenas para uma coisa: levantar a ficha de cada ser humano que rodeia Reid e os distritos de Londres.

Sim, se explorarmos cada canto do mapa e falarmos com cada um dos cidadãos, Reid fica sabendo de tudo sobre suas vidas. Desde suas boas ações até seus podres. No entanto, em um mundo perdido como aquele, quem é que consegue ficar incorruptível? Com sua sede de sangue, Reid passa a ser um juiz daquele lugar. Inclusive coloca o seu próprio destino na berlinda. Cada pessoa tem um nível de experiência onde, caso Reid as morda, passa para ele. É como se o Dr. herdasse a experiência de vida da pessoa. Entretanto, há um risco enorme de criar o caos com suas ações. E essa é a melhor mecânica de Vampyr

Morder ou não morder?

Jogos que colocam o jogador frente a frente com algumas decisões sempre ganham meu respeito. É uma mecânica difícil de se lidar e Vampyr faz muito bem. Todas as ações de Jonathan Reid o levam a criar algum efeito no ambiente. O jogo logo avisa que a dificuldade é moldada por suas ações. Quanto mais sangue você beber, mais fácil será o jogo. Afinal, logo você acumulará uma experiência altíssima. Mas a que custo?

Se algum distrito entra em um estado muito grave, a quantidade de inimigos, saqueadores e criaturas aumenta consideravelmente. Assim, o jogo passa a ter combates mais frequentes. Você acaba perdendo a chance de ver histórias separadas de cada personagem. Então, o que vale aqui é saber o que determinado personagem pensa da vida, suas ações e então, decidir se aquele mundo viveria bem sem ele.

Acredite, as decisões não são nada fáceis. Não é nada tranquilo ver que uma enfermeira extremamente importante para um hospital pode lhe conceder 5 mil de experiência, enquanto um bandido mequetrefe só lhe dá mil. Assim como Jonathan tem sede de sangue, o jogador passa a ter sede de XP.

Combates e sistema de evolução

Em um game de RPG os combates são de suma importância. Em Vampyr podemos dizer que as batalhas são satisfatórias. Existem boas ideias, mas nem todas são bem feitas. Nitidamente faltou um investimento um pouco maior para polir o game e dar mais movimentos para Reid e seus golpes. De início, os combates são duros e travados, mas com o tempo nos acostumamos e mesmo com problemas, o combate é divertido. Tudo rola ao melhor estilo Dark Souls, com barra de fôlego e inimigos perigosos. Mas numa escala menor de dificuldade. Vampyr não é um “Souls” Like.

Outro jogo que Vampyr parece ter se inspirado é em The Witcher. A maneira que devemos nos portar diante dos inimigos, o efeito da arma pegando em cada um deles parece bem com o jogo do Bruxão.

O sistema de batalha é acompanhado de um bom sistema de evolução. Podemos pegar pequenos itens nos cenários ou de mercadores, que se combinados, resultam em melhorias para as armas de Reid. As armas podem ser brancas, como facas, facões, lâminas e muito mais. Tudo é muito rústico. Ou então armas de fogo propriamente ditas. Não há evolução ou troca de roupas por exemplo. Entretanto, nem por isso o jogo se torna muito simples. Ele apenas dispensa muitas horas mexendo em menus para ser algo mais dinâmico.

A evolução ocorre sempre de uma noite para outra. Antes de dormir, gastamos os pontos de experiência. Assim, como jogamos como um Vampiro, todos os cenários são noturnos.

O uso da barra de sangue

Algo que tem em Vampyr que pode ser comparado a outros jogos de uma forma diferente, mas aqui se encaixa perfeitamente na ideia dos produtores, é a barra de sangue. Abaixo da barra de fôlego e de vitalidade, essa barra é o nível de sede de Jonathan. Se ele tem muita sede, não pode usar poderes vampirescos com frequência. O nível dessa barra determina quando você poderá usar golpes especiais. Quanto mais cheia de sangue, melhor.

Assim, é importante manter essa barra alta. Nem sempre podemos prever quando um chefe irá aparecer, ou quando um inimigo mais forte vai nos atacar. É possível encher esta barra de sangue mordendo os inimigos ou através de armas que capturam o sangue. Então podemos fazer golpes mais complexos. Saber quando atacar o inimigo para matar e quando atacar para recolher sangue é uma estratégia muito efetiva.

Falta de polimento geral

 

Apesar da boa qualidade do jogo, Vampyr peca no desempenho geral. Jogando no PS4, eram nítidos alguns engasgos e quedas de FPS. Embora tenha um bom visual, o jogo parece consumir mais desempenho da máquina do que deveria. E isso não se limita apenas ao PS4 e ocorre em todas as plataformas. É algo realmente ligado ao desenvolvimento do título. O jogo também deixa claro a limitação que o estúdio ainda tem. Sem muito dinheiro, percebemos que vários locais acabam sendo simplificados para caber no orçamento.

Ainda assim, outras questões técnicas brilham bastante, como a trilha sonora extremamente competente. É difícil não se impressionar com os toques tristes de violino, as batidas fortes nas cenas de ação. O visual, mesmo pesando no desempenho, é bem chamativo. O uso das luzes no chão húmido da chuva, ou no meio do sereno, tudo passa uma sensação pesada, de uma cidade que clama por ajuda. O mais maluco é pensar que a ajuda possa vir das mãos de um Vampiro recém transformado.

Outro detalhe muito importante é a inteligencia artificial dos inimigos, que não é tão apurada. Podemos chegar por trás deles com facilidade, mesmo fazendo barulho. Nos combates eles seguem um padrão de movimento, além de não ouvirem direito os sons de tiros.

Um Vampiro ou um médico?

Vampyr consegue muito sucesso com sua narrativa e sistema de escolhas, que frequentemente dão ao jogador a chance de evoluir rapidamente, ou pensar moralmente e desistir da ideia de morder alguém muito bonzinho. A sede por sangue existe, em forma de experiência de jogo. Ao mesmo tempo, os problemas de desempenho e o combate ligeiramente duro, podem incomodar no começo. Mas uma coisa é fato, vale a pena investir mais tempo em Vampyr.

A história é o ponto central, a jogabilidade logo se torna algo que a gente se acostuma. Rapidamente o interesse do jogador estará em descobrir mais sobre o local, os cidadãos e quem transformou Jonathan no vampiro que hoje ele é. Assim, muitas surpresas esperam por quem realmente entrar de cabeça no novo jogo da Dontnod.


Vampyr foi testado em um PS4 normal e no PC com as seguintes configurações

  • Nvidia GeForce 1080
  • AMD Ryzen 1600
  • 8GBs DDR4 Corsair
  • Placa Mãe AsRock
  • Fonte e Gabinete Gamer Corsair

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

LIVES

TODOS OS DIAS

O melhor conteúdo do mundos dos Games para você! São LIVES diárias com os melhores jogos de luta, Últimos Lançamentos, Notícias, Temporadas da “Guerra das Torres (Mortal Kombat)” e da “Guerra das Ruas (Street Fighter)” com os melhores players do momento e muito mais! É só colar e mandar aquele “Salve”