Análise | We Happy Few tenta contar uma boa história com péssimas mecânicas

Compulsion Games

Compartilhe

We Happy Few poderia deixar o jogador um pouco mais… feliz.

Há dois anos, a Compulsion Games, que hoje é um estúdio da Microsoft, mostrou ao mundo We Happy Few. O jogo foi lançado em acesso antecipado no Steam e no Xbox One. Ainda que tudo neste game nos remeta a Bioshock, por conta de sua arte e estilo gráfico, o que vimos na versão de acesso antecipado foi um jogo sem alma. A narrativa, que parecia um grande e importante ponto positivo do projeto, no final das contas, era rasa.

A Compulsion aproveitou que na época, aquilo não se tratava do lançamento final de seu game e ouviu a comunidade. Então foram dois anos de mudanças em We Hapy Few. Agora, em 2018, chegamos ao derradeiro lançamento, desta vez para PC, Xbox One e PS4. Embora o jogo tenha mudado bastante, se aproximando daquilo que a Compulsion um dia prometera, o resultado final ainda é muito abaixo da média.

Tudo aconteceu no dia que virei um Deprê

- PUBLICIDADE -

We Happy Few se passa na década de 60 em um mundo alternativo onde os Estados Unidos não entraram na 2ª Guerra Mundial. Assim, a Alemanha saiu vencedora. Já a Inglaterra se vê, anos mais tarde, perdida em sofrimento e pobreza. Para superar tudo isso as pessoas encontraram uma saída: esquecer do passado. Assim, elas trabalham analisando jornais, apagando as memórias e a história do país. Para não virar um “Deprê”, que é uma pessoa sem prazer ou alegria, numa ótima localização para o português brasileiro, todos devem tomar suas pílulas. Somente elas fazem você ver o mundo colorido, ainda que na realidade, tudo seja sujo e feio.

A premissa do jogo é ótima. Jogamos inicialmente com Arthur. Logo que ele percebe que algo está errado e sua memória o faz lembrar de seu irmão, ele acorda. Ao não tomar a pílula de alegria, aqueles que antes eram seus amigos, se tornam inimigos instantâneos, que agora querem matá-lo. Sua missão é ficar vivo e entender o que aconteceu com seu irmão.

- PUBLICIDADE -

A Narrativa é o grande personagem de We Happy Few

Conforme os jogadores da versão alpha reclamaram da falta de direção que o jogo tinha, sendo um game mais focado na sobrevivência, sem um real propósito, a Compulsion criou um enredo melhor direcionado na versão final, que faz de We Happy Few um jogo legal. Arthur tem muito carisma. Ao contrário da maioria dos personagens de jogos em primeira pessoa, ele fala aos montes. É como se estivéssemos em sua mente. Quando ele está com ou sem tomar a alegria, sentimos em suas falas como está seu humor, medo e tudo mais. É legal perceber que ele, um homem comum, entende e percebe que o mundo entrou em colapso, de uma forma muito violenta.

Dessa forma, encontramos outros personagens que também não estão tomando a alegria. Assim, a história vai se formando, revelando o passado de Arthur (e dos outros personagens, são três no total). Afinal, é o passado que pode revelar o que está acontecendo no presente. A narrativa e a história de We Happy Few é o que o jogo tem de melhor. Mas…

…o problema é ter paciência o resto

Embora tenha momentos brilhantes, We Happy Few, em 70% do tempo, é um jogo muito abaixo do medíocre. O sistema de combate é rígido, sem graça e até mesmo confuso. Andar sem ser visto, por moitas, matos e afins, para então pegar os inimigos distraídos, é fácil demais. As animações são terríveis, sem graça, algo que não passaria batido nem mesmo na geração passada. Se We Happy Few fosse um jogo do começo da geração do PS3 e X360, seria ruim. Some isso a uma inteligência artificial precária, uma das piores que vi nos últimos anos, e temos um pacote completo, realmente sem alegria.

Graficamente o jogo é muito fraco e sem graça, embora em alguns momentos, como quando Arthur está tomando alegria, tudo fique colorido e interessante. Mas no geral, faltou muito para agradar. E não é por conta de os cenários refletirem tristeza e pobreza. Mas sim por que é ruim mesmo. Não há inspiração. Os NPCs que encontramos em nossa jornada são idênticos, falam a mesma coisa e na maior parte das vezes sem contexto algum.

Outro detalhe muito sem graça é que do nada, somos perseguidos sem motivo algum. Então entramos em uma correria sem sentido para tentar manter o personagem vivo. Mas se ele morre, nada demais acontece e ele volta para a escotilha mais próxima. Enfim, a falta da alegria gera uma mecânica de sobrevivência sem sentido.

Criando e sobrevivendo

Ainda que tenha mudado bastante para chegar no que os jogadores pediam, We Happy Few ainda traz o sistema de sobrevivência da versão alpha. É necessário construir e procurar diversos itens. Para abrir fechaduras, temos que construir gazuas. O problema, por exemplo, é quando não temos uma gazua e a história exige que você tenha uma para abrir um cadeado. Nós não conseguimos quebrar esse cadeado com nada. Somente abri-lo com uma gazua.

Passei por uma experiência terrível, onde ao abrir baús e locais com as gazuas, não conseguia mais avançar no game. Havia um cadeado com uma corrente aparentemente fraca, mas só poderia ser aberto com uma gazua. Tive que andar pelo cenário todo, por quase uma hora, para achar material para construir uma nova gazua. Pensa no quanto foi divertido…

Mas, de modo geral, o sistema de criação, evolução e sobrevivência, são bem interessantes. Uma pena que como tudo no jogo, tenha um potencial perdido e pouco aproveitado na experiência geral.

Um novo começo?

Após ver o produto final criado pela Compulsion, confesso que fico bem decepcionado com o estúdio. Agora que a empresa faz parte da Microsoft, torço para que We Happy Few seja somente o reflexo de um projeto ambicioso que não teve recursos o suficiente para ser melhor. Que no futuro, a Compulsion consiga colocar em prática e com inteligência, tudo que nos fez crer que poderíamos encontrar em We Happy Few.

No mais, temos um jogo com uma bela narrativa, ótima atuação de voz, boas ideias e terríveis execuções. Este é um grande exemplo de um jogo que, mesmo ruim, quase ofereceu uma boa experiência. Mas no final das contas, o que consigo lembrar é dos momentos de frustração. Talvez eu deveria ter tomado mais uma daquelas pílulas…

 

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

LIVES

TODOS OS DIAS

O melhor conteúdo do mundos dos Games para você! São LIVES diárias com os melhores jogos de luta, Últimos Lançamentos, Notícias, Temporadas da “Guerra das Torres (Mortal Kombat)” e da “Guerra das Ruas (Street Fighter)” com os melhores players do momento e muito mais! É só colar e mandar aquele “Salve”