Análise | What Remains of Edith Finch não é somente um jogo, é uma experiência

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Desenvolvido pelo estúdio Giant Sparrow, responsável por outro jogo diferente do habitual chamado The Unfinished Swan, chega para PC e PS4 – ao Xbox One alguns meses depois – o game What Remains of Edith Finch, um jogo que possui mecânicas simples, porém extremamente bem empregadas. Tudo para contar um história deveras trágica de uma família que viveu momentos complexos em uma casa afastada de tudo. Na pele de Edith, após ela receber a chave de sua velha casa também após uma tragédia, somos convidados a conhecer e entender o que realmente aconteceu com os Finches e sua incessante celebração da morte.

Logo de cara, a imersão te captura

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Apesar de jogarmos com Edith, o protagonista de Whats Remains of Edith Finch é a ambientação perfeita e imersiva do jogo. Tudo se torna muito real e rapidamente estamos nos importando demais com cada um dos personagens apresentados. Cada olho mágico que você usa para ver através de portas lacradas que levam para os quartos de cada morador da casa, te demonstra que existem diversos mundos malucos criados na cabeça de cada um dos Finches, todos debaixo do mesmo teto. A casa foi construída de uma maneira que cada quarto se tornou um memorial daqueles que já se foram, e conforme a família crescia, a casa também crescia, mesmo que de maneira não uniforme formando, ao invés de um sobrado, uma casa com uma torre, até meio torta, fazendo alusão a baderna que a família Finch foi.

Como a grande maioria das famílias, os Finches possuem problemas e muitos destes problemas foram acompanhando cada uma das gerações que viveram ali. Como tudo isso afetou à todos e definiu o rumo de suas vidas cabe a você descobrir através de uma aventura totalmente linear, mas altamente cativante, que te leva para novos lugares há todo momento, sejam eles bem reais ou difíceis de acreditar que realmente existiram. Mas não cabe a você decidir se foram reais, mas sim a quem viveu a história como a vovó Edie. E você só saberá realmente o que ocorreu ali se for até o final mergulhando de cabeça em situações bizarras, trágicas e marcantes. Até lá, será necessário passar pela vida e entender os sonhos e anseios de cada um dos Finches e como eles partiram desse mundo, jogando os últimos momentos de vida de cada um deles e muitas vezes você vai sentir na pele a dor da perda, pois o jogo te faz gostar dos personagens e logo em seguida vai tirá-los da sua frente sem dó, sem piedade e sem alternativa.

Atenção aos detalhes

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What Remains of Edith Finch é um jogo muito bonito, mesmo se levarmos em conta que no meio de tanta beleza exista a simplicidade, já que ele é totalmente linear e se passa praticamente em um só cenário (com algumas variações surpreendentes). A ação se passa na casa dos Finches, abandonada após um evento importante na vida de Edith e anos mais tarde ela retorna para seu antigo lar, sentindo um misto de medo com nostalgia, buscando respostas que antes eram-lhe proibidas. A história do jogo é toda narrada por Edith conforme ela vai vivenciando os fatos em seu retorno àquele cenário melancólico. Até as legendas, que aparecem flutuando no ar, foram pensadas para fazer parte do cuidado artístico que os desenvolvedores tiveram com o jogo.

A casa dos Finches é cheia de detalhes, muitos livros, alguns até servem de easter eggs para a história, e a ambientação do jogo lembra demais Gone Home, mas aos poucos você vai percebendo que a mecânica utilizada se distancia bastante do belíssimo game de 2013. A música muda conforme o que está ocorrendo na tela de forma dinâmica e locais que você não pode visitar logo de cara ficam disponíveis conforme você avança, além de você ter que andar com muito cuidado no cenário para não perder nenhum detalhe da história ou curiosidades espalhadas que dão dicas sobre o enredo. What Remains of Edith Finch é como um adventure aponte e clique, mas com a visão em primeira pessoa com maior liberdade. Graficamente o jogo é belíssimo e todas as escolhas artísticas combinam muito bem com o tom semi-pesado da história. Uma pena que a versão PS4 sofra tanto com slowdowns em alguns momentos, problema que a a versão PC está livre.

Simplicidade em prol da qualidade

A produção do jogo optou por um sistema bem simples de jogabilidade, onde o que você precisa fazer é andar, olhar mais perto com o L2 ou executar alguma ação com o R2. Edith carrega consigo uma arte que compõe a árvore genealógica da família Finch, com a data de nascimento e morte de cada um deles e conforme ela anda pelos cômodos da casa, conhecendo todos os cantos que antes eram inalcançáveis e entendendo como eram seus antigos moradores, ela realiza anotações em seu caderno, indicando ao jogador como anda o avanço na história e o semblante dos Finches através da imaginação de Edith. Não existem inimigos, armas, combates, itens escondidos, nada disso. Tudo é muito simples e fácil de entender e acompanhar, ficando a cargo da história carregar o jogador adiante, mantê-lo ocupado e mostrar pra onde ir à seguir. E tudo funciona mais do que perfeitamente.

No entanto, existem momentos que a jogabilidade e a experiência aumentam consideravelmente por mostrar para Edith parte do passado de seus familiares e nessas cenas jogáveis, a narração do jogo passa de Edith para o personagem em questão. Um dos primeiros exemplos é Molly, uma criança que narra os fatos que viveu com tamanha competência que somos sugados pelo jogo e levados a crer em histórias simplesmente malucas. Mas é justamente aí que o jogo brilha, em brincar com os pensamentos de Edith e do jogador, mostrar uma espécie de realidade alternativa ou como tudo que ocorreu com os Finches durante os anos afetou em cheio sua forma de viver e suas mentes, danificadas por tantos traumas e escolhas erradas.

Um livro em forma de jogo

Podemos classificar que What Remains of Edith Finch é um jogo que te leva a ter uma experiência muito próxima do que seria ler um livro com a vida daquelas pessoas. Bem detalhado, cheio de momentos marcantes, misterioso e dinâmico, é difícil descrevê-lo como um game, mas é fácil dizer que a experiência e a jornada são muito divertidas. Apesar de vermos muitas coisas ocorrendo enquanto Edith está lendo os relatos de seus antepassados, nossas mentes vão ainda mais distantes tentando imaginar como tudo aquilo foi possível e de onde vieram as ideias surpreendentes que foram utilizadas no roteiro do game.

What Remains of Edith Finch é, sem dúvida alguma, um game que presa por instigar a curiosidade e demonstrar ao jogador como a vida é frágil, curta e cheia de nuances. A família é o pilar mais forte que podemos ter, mas também pode ser nosso maior ponto fraco, dependendo de como o destino rege os acontecimentos durante nossas vidas. Diversos pensamentos ficarão em sua mente, várias teorias e possíveis questionamentos e é justamente essa a ideia do jogo, te fazer pensar e lembrar dos Finches mesmo depois de desligar o videogame.


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6 respostas

      1. Ariel compreendo a questão da data, mas também entendo que uma edição no texto e nas tags é algo simplório, que pode ser feito até mesmo por um estagiário em primeiro dia de trabalho.
        Digo isso pois quando vi os indicados fui ver se algum me interessava e a primeira análise que me surgiu (via google) foi a sua, na hora pensei vish vou jogar no PC, mas olhando na windows store o achei para o Xone (eu particularmente prefiro jogar nele). Quem não joga no PC provavelmente dirá “vish nem vou jogar”, sem falar quem nem lê a análise, apenas olha as tags e já vê me que plataformas o jogo está disponível.

        1. Não quis dizer que você está errado, talvez faltou eu complementar que a atualização será realizada. Eu não lembrava mais disso ;). Valeu pelo aviso!

  1. Esse jogo não teve nenhuma ajuda da Sony Santa Monica, ele foi anunciado para ser publicado por ela, mas durante o desenvolvimento houve a mudança de publisher e o jogo foi publicado pela Annapurna Interactive. Se fosse da Santa Monica nem tinha saído para outro console. Só avisando mesmo.

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