Análise | Yakuza 6 é o começo de uma nova era e o fim da jornada de um herói

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Em 2005 a aventura de Kazuma Kiryu começava. Um cara tranquilo, que viveu em um orfanato. Criado por um Yakuza, ele se viu envolvido com um dos maiores clãs da máfia japonesa apenas por estar no lugar errado na hora errada. Tudo ficou ainda pior quando seu irmão também se envolveu com os Yakuzas. E aí meu amigo, já se vão quase 13 anos de histórias. Todas com muitas surpresas, roteiros fantásticos, personagens memoráveis e Kiryu como o centro das atenções. E não é a toa, o Dragão de Dojima é facilmente um dos melhores personagens já criados para os videogames. Mas tudo tem um fim, e chegamos então ao final da história de Kiryu com Yakuza 6.

O jogo é o primeiro Yakuza desenvolvido para a nova geração. Apesar de recentemente os donos do PS4 terem recebido Yakuza 0 e Yakuza Kiwami, ambos os jogos ainda tinham a engine passada, utilizada nos jogos do PS3. Por conta disso, mesmo sendo o fim da saga de Kiryu, Yakuza 6 representa o início de um novo ciclo para a franquia. Agora, com mais poderio em mãos, o time de desenvolvimento da série conseguiu ir além, melhorando vários aspectos que antes pareciam ultrapassados. Temos em mãos um dos melhores jogos da franquia, mais dinâmico, completo, e com uma gigantesca porta aberta para que o futuro da série seja ainda mais fantástico.

Um Jogo para fãs e recém chegados

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https://youtu.be/bfabOXyWkJc

Não deixe o número 6 no título do jogo te afastar. Yakuza 6 é realmente um game que traz consigo uma bagagem enorme de acontecimentos que somente os fãs mais ferrenhos vão conseguir interpretar. No entanto, a SEGA, sabiamente faz com que todos os Yakuzas sejam fáceis de digerir. Todos os jogos possuem alguma explicação ou lapso de tempo que faz com que cada nova aventura, seja um grande capítulo com início, meio e fim. E não é diferente com Yakuza 6. Além disso, há uma explicação separada para cada jogo da franquia disponível no menu inicial.

Logo de cara, o game reapresenta Kiryu, Date, Haruka e a cidade de Kamurocho. Haruka deixa sua vida de Idol (popstar japonesa) ao confessar ao mundo que foi criada por um Yakuza, no caso Kiryu. Ele, hoje um cidadão comum que acaba carregando nas costas o peso de seu passado, se envolve em um incidente que o faz ir preso.

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Kiryu poderia facilmente se livrar da cadeia com um bom advogado, uma vez que não tinha nenhuma culpa no cartório. Mas como sua vida sempre foi uma gangorra de emoções, onde a cadeia já fez parte dela, ele decide deixar tudo rolar e pegar 3 anos de prisão. Tudo isso para fazer a vida de Haruka e das demais crianças do orfanato que Kiryu toma conta, mais leve. Afinal, eles não teriam um Yakuza por perto deles e 3 anos seria o suficiente para que o mundo esquecesse do Dragão de Dojima.

Porém, ao sair da cadeia, Kiryu fica sabendo do desaparecimento de Haruka. Investigando a situação, ele acaba descobrindo que a garota deu a luz à um pequeno menino. Em coma, Haruka não pode falar o que se passou com ela, e Kiryu fica responsável pelo pequeno gafanhoto. Mais uma vez o universo coloca uma vida nas mãos de Kiryu e ele parte em busca por saber quem é o pai do bebê, enquanto espera a recuperação de Haruka.

Uma história fantástica e muitas surpresas

O maior mérito da SEGA com Yakuza é transformar o estilo de jogo de Shenmue em um game extremamente cinematográfico. Denso, tenso e cheio de drama, o roteiro coloca Kiryu em situações bem complexas e cabe a ele resolver tudo. A maior parte das vezes exige que ele use o punho para isso. Aos poucos, o jogo vai tirando o véu das surpresa, mostrando como a vida, que poderia ser tranquila para nosso herói, se torna em um vendaval de interesses e confusões, por conta do desejo de várias milícias em controlar as cidades japonesas, principalmente Kamurocho. Kiryu nunca pediu para fazer parte dessa confusão. Ele nunca quis ser o Dragão de Dojima. Mas mexeram com o cara errado, alguém que não tem lá muito amor pela própria vida, mas que zela demais pela vida dos outros.

E assim, a história de Yakuza 6 nos leva em uma montanha russa de situações incríveis. Novos personagens, vilões, brigões e muita diversão. Isso porque as histórias paralelas, em sua maioria, são de extremo bom gosto e muito, mas muito engraçadas. Mais uma vez o time de desenvolvimento de Yakuza mostra por que a franquia é tão diferente. Eles conseguem entregar uma história dramática na linha principal do roteiro e sub-histórias lotadas de ensinamentos e humor. Algo que somente nesta série é possível encontrar com tanta maestria nos videogames.

Fazendo uso da nova geração

O grande avanço de Yakuza 6, que faz jus à nova geração, é o combate. Os movimentos de Kiryu e dos inimigos estão muito bons, um grande avanço em comparação com Kiwami, o último game lançado antes do 6. A mudança na engine trouxe diversas vantagens na produção do jogo. As batalhas agora começam praticamente em tempo real, sem pausas. Quando Kiryu encontra os inimigos já se forma ao redor deles aquela rodinha pra ver o bicho pegando.

Apesar de ter apenas um estilo de luta, diferente de Yakuza 0 e Kiwami que possuíam vários, as variações no combate em Yakuza 6 são perfeitas. Kiryu continua com sua barra de Heat, que possibilita que ele crie novos movimentos e finalizações em combates. Com os novos gráficos, tudo é ainda mais realista e divertido de ver. Ainda existem pequenos momentos que poderiam ser melhores, mas como é o primeiro jogo da nova engine, demonstra que Yakuza Kiwami 2 poderá ser ainda melhor.

Os cenários continuam belíssimos, mas com algumas limitações, talvez para não mudar drasticamente o estilo de jogo. Kamurocho está mais tecnológicas, as pessoas tiram selfies, telões estão espalhados pela cidade para mostrar comerciais. Há mais vida no jogo. Alguns NPCs parecem andar sem rumo, mas isso não atrapalha diretamente na diversão. As cenas cinematográficas estão ainda mais convincentes e o visual dos personagens é impressionante. Uma pena que fora das cenas da história, os diálogos pareçam sem muito movimento, com personagens mexendo pouco a boca e com pouca expressão. Porém, todas as conversa possuem vozes, algo que não víamos nem em Yakuza Kiwami.

Sistema de evolução viciante

Uma das características mais divertidas da franquia Yakuza é o desenvolvimento do personagem. Desta vez, absolutamente tudo que o jogador faz, rende algum ponto de experiência. Comer, beber, jogar, derrotar inimigos, encontrar passagens secretas, cofres e muito mais. Todas as atividades vão gerar alguma experiência. A junção destas experiências permitirá ao jogador adquirir uma habilidade ou evoluir critérios, como saúde, força e resistência. São diversa opções. O jogador tem liberdade para decidir por onde vai. Todas as habilidades de luta são adquiridas na tela do sistema de evolução. Kiryu é o mestre das lutas e não precisa aprender mais nada com ninguém.

Porém, há uma forma bem divertida de acelerar a evolução de Kiryu. E é aí que a arte imita a vida. É possível visitar uma academia, puxar ferro, ganhar notas por seu desempenho. Ter o acompanhamento de um personal treiner que, de tão preocupado, vai pedir que você envie fotos de sua alimentação. Isso mesmo, Kiryu precisa se exercitar e em seguida se alimentar. O personal vai pedir para ele um tipo específico de comida que acelerará o processo de ganho muscular e assim, Kiryu ganhará mais experiência ainda. É hilário ver as reações do personagem e ele sentando a mesa, sacando o celular e tirando uma foto do alimento. Coisas que só a SEGA pensa para seus jogos.

Fora o novo sistema de evolução, Yakuza 6 traz consigo muitos elementos dos jogos anteriores. O que é ótimo, por ser um sistema bem decente e familiar para os velhos fãs.

Muita coisa para fazer e Virtua Fighter 5!

Ao lado de toda a história dramática da vida de Kiryu, suas missões extras engraçadonas e combates insanos, Yakuza é uma franquia famosa por seus extras. Assim como todos os jogos até agora, Yakuza 6 traz uma infinidade de mini-games. O velho e divertido painel de baseball continua lá, em Kamurocho. Porém, na cidade de Hiroshima, o segundo local acessível no game, temos um campo de baseball com um time a ser gerido por Kiryu. Pensa na diversão que é este modo. Espalhado pela cidade, temos diversos outros tipos de jogos, como dardos, Karaokê, cabarés, um estranho mini-game de mergulho e os fliperamas espalhados pela cidade, que pertencem a SEGA realmente. E é aí que o jogo brilha ainda mais.

Surpreendentemente, desde Shenmue que a SEGA adiciona seus antigos jogos dentro de um grande game. Yakuza seguiu a tradição e agora com o sexto jogo as coisas evoluíram MUITO. Temos jogos como Super Hang-On, Outrun, que são mais antigos. Temos também Puyo-Puyo, totalmente viciante. Mas o que impressiona demais é a presença de Virtua Fighter 5 COMPLETO dentro de Yakuza 6. É possível até jogar de dois localmente. Um espetáculo. Em um mundo onde as remasterizações tomam conta, a SEGA preferiu brindar os jogadores com um remaster dentro de seu novo jogo. Um grande bônus.

Então, mesmo após concluir a história de Yakuza 6, você terá MUITA coisa por fazer em Kamurocho e Hiroshima. Pode colocar aí umas 60 horas de jogatina ou mais. E claro, muito sorriso no rosto!

O fim de uma era e o começo de algo ainda maior

Não tenho dúvidas que ao mesmo tempo que damos adeus para Kiryu (ou um até breve), veremos a franquia Yakuza cada vez mais presente no mundo dos games. A SEGA demorou muitos anos para entender que do outro lado do globo também haviam fãs de seus jogos ansiosos para jogar as aventuras de Kiryu. Agora a empresa corre atrás do tempo perdido de uma maneira bem convincente. É uma pena que tenhamos que pular de Yakuza 0 e Kiwami diretamente para o 6. Mas logo que começamos a nova aventura de Kiryu, percebemos que a decisão pode ter sido muito bem acertada. Assim, novos jogadores ficam conhecendo cada vez mais Yakuza e os velhos fãs vão consumindo os novos lançamentos.

Yakuza 6 é um marco para a franquia. O jogo mais evoluído e divertido até aqui. Há muita criatividade envolvida na construção do game e a história continua impecável. Além é claro, de finalizar o arco de Kiryu após tantos jogos de uma maneira muito satisfatória. Resta agora esperarmos por novidades dentro da saga, que terá um novo personagem principal. Isso sem esquecermos da linha “Kiwami“, que revitalizou o primeiro jogo e fará o mesmo com o segundo. Tomara que a SEGA se empolgue e traga para o PS4 logo todos os demais jogos da franquia. Assim a saudade de Kiryu não será tão grande.

E fica aqui mais uma vez a nossa homenagem à este personagem icônico. Que muitos mais jogadores possam entender a importância de Kazuma Kiryu e seus jogos dentro do mundo dos games.

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