Crítica | Homem-Aranha: De Volta ao Lar é tão bom quanto prometia

Não é à toa que os filmes de super-heróis agitam o mercado de cinema de uma forma espetacular. Não somente os efeitos especiais de hoje em dia ajudam a tornar todo aquele cenário fantasioso dos quadrinhos em algo ainda mais crível, como também os estúdios estão se aventurando em criar filmes cada vez mais diferentes, haja visto o tom melancólico de Logan, a força feminina em Mulher Maravilha, Deadpool e seu estilo sanguinolento e cômico, e tantos outros exemplos.

Existem, claro, filmes muito parecidos uns com os outros, no entanto apesar de se tratar do primeiro longa dedicado ao Homem-Aranha após o acordo de parceria entre a Sony e a Marvel que mais uma vez rebootou o universo do aranha, temos aqui um filme diferente, mais humano, menos coreografado e cheio de momentos sensacionais. Acima de tudo também ficou claro que uma empresa respeitou demais os conceitos da outra, uma vez que Homem-Aranha não foi para as mãos da Marvel por ter ido mal enquanto estava exclusivamente com a Sony, muito pelo contrário. Foram 5 filmes onde apenas um deles é questionado (o terceiro da primeira trilogia) e o reinício do personagem se dá por um motivo nobre: encaixar Peter Parker e seu universo dentro do invejável universo cinematográfico da Marvel.

O Terceiro Peter Parker

Homem-Aranha: De Volta ao Lar nos traz Tom Holland novamente no papel do Aranha após uma participação mais do que especial em Capitão América 3: Guerra Civil, onde ele lutou ao lado do Homem de Ferro. Já naqueles poucos minutos de tela dava pra ver que Tom Holland estava confiante, à vontade no papel do amigão da vizinhança e a euforia para um filme só dele no papel de Peter Parker era grande. Não que os demais atores tivessem feito ruim, longe disso. Mas Tom Holland representa um Peter Parker mais jovem, em sua época de colegial e de amores menos Shakesperianos que sua relação com Mary Jane, onde a preocupação do garoto passa a ser aquilo de mais sensacional que ocorreu com ele, seu encontro com Tony Stark e sua participação em uma batalha com os Vingadores.

Holland não só se encaixou muito bem ao papel como parece adicionar elementos que o tornam um Peter Parker perfeito. Moleque, corajoso, irresponsável, ansioso, teimoso, mas principalmente um herói, mesmo que ele ainda não consiga usar sua teia direito, pousar de pé após um balançar entre um prédio e outro e demonstrar uma inexperiência gigante diante dos perigos que ele passa a enfrentar, muitos destes perigos por ele não conseguir ficar na dele e sair em busca de aventuras em Nova York enquanto espera por mais instruções de Tony Stark. Afinal, quem conseguiria continuar seguindo uma vida “comum” de adolescente após ser picado por uma aranha radioativa e ter passado um tempo com os Vingadores? E o mais legal de tudo no filme é que a participação de Tony Stark e tudo que está ao redor dele se encaixa perfeitamente na história deste novo Peter Parker e a sensação é uma mistura de filmes do Spider enquanto a Sony estava produzindo tudo com essa cara diferente que os filmes da Marvel possuem.

De Volta ao Lar realmente

É interessante como parece que a Marvel já vinha pensando em como transformar a adição do Homem-Aranha em seu universo como algo completamente natural, a cereja do bolo que fez todos os demais filmes culminarem na construção deste novo longa. Como mencionei acima os filmes do Aranha sempre foram bons, mas não tinha muito mais pra onde ir, era chegada a hora de expandir suas histórias e para isso se fazia necessário o contato do personagem com outros Super-Heróis. Mas ao invés de contar toda a origem de Peter Parker como o aracnídeo ou recriar os momentos complicados que ele passou ao perceber que com grandes poderes vem grandes responsabilidades, a Marvel e a Sony resolveram explorar o lado humano de Peter como jamais foi feito antes. Ele é um cara muito comum que fica empolgado com suas habilidades como um garoto de 15 anos que ganha um novo videogame. É nítido que mesmo que a Sony soubesse trabalhar com o personagem, a Marvel tem um toque especial que torna tudo que o Aranha representa algo ainda mais legal, natural e muito completo.

Com tudo isso em mente, uma coisa define o novo filme do aranha: a diversão. Tudo foi pensado pra criar cenas e situações realmente divertidas e não somente momentos de piadinhas bobocas que fica nítido que não contextualiza com o resto do filme. Em Homem-Aranha De Volta ao Lar até as piadas são naturais e garantem muita diversão. Se a Marvel conseguisse encaixar este mesmo tom em todos os filmes que a empresa gostaria que fossem “divertidões“, seria perfeito. Mas sabemos bem que Peter Parker é motivo de risos frequentes e que acaba sendo mais fácil trabalhar com o personagem neste tipo de piadinhas constantes. Porém, o que deixa tudo ainda mais legal no filme é que os momentos mais complicados e que exigem um pouco mais do ator e do personagem, Tom Holland manda muito bem e reforça a boa escolha que a Marvel e a Sony fizeram ao escolher o garoto.

Um recomeço glorioso

O retorno de Peter Parker à Marvel marca o início de uma era que pode ser fantástica para o Homem-Aranha no cinema, além de tornar o Universo da Marvel algo mais completo e divertido, já que mesmo com os Vingadores fazendo o sucesso que fazem, o Homem-Aranha é ainda um dos personagens mais importantes dos quadrinhos e do universo da cultura pop, e não ter ele inserido neste contexto onde os super-heróis se encontram para tomar uns cafés já soava como algo ultrapassado, limitando a capacidade do herói.

Agora, com Tom Holland muito bem encaixado no papel e esse entrosamento que o garoto criou com Robert Downey Jr., o futuro promete demais para a franquia, que como bem vimos, pode trazer muitas surpresas nos próximos filmes. O Spider voltou para casa e você precisa voltar ao cinema e conferir este filme, que sem dúvida nenhuma é muito mais que imperdível.