Jogo, documentário cultural ou uma forma de arte? Análise: Never Alone

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Há momentos que você começa um jogo de maneira despretensiosa, apenas por curiosidade. Então, de algo simples, aquilo torna-se algo muito mais complexo, uma experiência única. Foi o que me aconteceu com Never Alone, jogo desenvolvido pela Upper One Games que conta não somente a história dos Inupiaq, povo nativo do Alasca que possui seus próprios costumes e modo de vida, mas também nos ensina a cultura e as lendas desse povo através de um jogo que não é perfeito, mas cumpre muito bem seu papel como tal.

Com uma visão lateral em um típico game de plataforma, Never Alone é uma mistura de jogo com documentário. Logo que começamos a aventura, há um incentivo pra assistirmos a um vídeo que a princípio parece um extra daqueles que você pouco se interessa em ver ou vai querer conferir só depois que terminar o jogo. Mas aqui as coisas são diferentes, pois cada vídeo tem total ligação com o que estamos vendo no jogo. Após encontrarmos uma coruja, que sempre fica em pontos estratégicos dos cenários, são liberados novos vídeos e mais ensinamentos sobre o povo Inupiaq. É muito comum você ver algum elemento novo no jogo e este mesmo elemento possuir uma explicação nos costumes deste povo, e tudo é explicado dentro do próximo vídeo. Sendo assim, cada área ou fase de Never Alone é construída pensando em contar a história e os costumes dos Inupiaq, sempre mantendo o interesse no jogador que só quer saber de jogar realmente e não ver os vídeos. Ou seja, basta não assistir e continuar jogando.

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Encontre a raposa: VALENDO!

É possível aprender muitas coisas com este game e parece realmente ter sido a intenção dos produtores. Cada novo vídeo era empolgante de se ver, mesmo com o tom de canal Discovery que todos eles possuem, não que seja ruim, mas nunca imaginei ver isso em um jogo, dessa maneira. São pessoas que vivem ou viveram os costumes dos Inupiaq, contando histórias ou lendas que só o Alasca e regiões tão geladas possuem em um trabalho de interposição de cenas nunca vista antes nos games. Normalmente os vídeos entram nos jogos sem você pedir como parte da narrativa, pra mudar de cenário, pra inserir personagens ou alguma situação, tirando o controle da mão do jogador. Em Never Alone os produtores deram a opção de o jogador não ver estes vídeos, mas é como se todo o trabalho realizado no jogo fosse em vão, já que os vídeos e o jogo se unem numa simetria incrível. Elementos como aquecimento global, aurora boreal, animais do ártico, espíritos da natureza e tantos outros são explicados de uma maneira tão bela pelos habitantes do local, com uma edição de qualidade ímpar que alterna entre as pessoas falando e imagens surreais dos ambientes gelados que chegam a emocionar em diversos momentos.

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Mas e o jogo?

Em Never Alone controlamos Nuna, uma pequena garota que não possui nenhum poder como estamos acostumados a ver nos videogames. Ela resolve sair em busca de uma solução para as terríveis tempestades de neve que estão destruindo sua comunidade. Nas lendas Inupiaqs a solução normalmente vem de alguém frágil e improvável, e esta pessoa é Nuna. A garota sofre com os efeitos da nevasca, até que encontra uma raposa branca do ártico. Esta raposa possui uma ligação enorme com a natureza e passa a ajudar Nuna no momento em que ela é perseguida por um tremendo urso polar. Com a ajuda da raposa branca, Nuna consegue escapar e passa a ter uma companheira em sua aventura. A partir deste momento inclusive, Never Alone pode ser jogado em coop, com uma pessoa controlando a raposa e outra controlando Nuna. Caso decida jogar sozinho, basta alternar entre os personagens apertando um botão.

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Ô mininu lindo!

A garota possui movimentos limitados, como correr, pular e não possui nenhuma arma. No entanto, apesar de também não possuir poderes, a raposa branca consegue falar com a natureza e, nas lendas Inupiaqs, isso quer dizer que ela pode falar com espíritos bons que ajudam as pessoas boas e os animais. É como se a raposa branca tivesse uma ligação enorme com todos os elementos naturais, como árvores, galhos, a própria neve, animais e tantos outros. Ela move partes do cenário apenas com o pensamento e dá novas possibilidades pra jogabilidade através disso. Tudo é bastante crível, ainda mais quando assistimos as pessoas contando fatos da vida deles ou de seus antepassados sobre aquilo que estamos vendo no jogo. A narrativa fica ainda mais única com o narrador que fala tudo na língua nativa, com um sentimento transmitido pela voz muito convincente. A história fisga facilmente o jogador após alguns minutos de jogo. Mas não a história do jogo em si, que é bastante simples, mas daquela cultura, daquele povo.

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Você veio do Zelda Majora’s Mask tio?

O grande problema de Never Alone é a falta de desafio. O jogo é bastante fácil e bem curto, servindo mais como uma representação dos Inupiaqs. Os cenários são bem construídos, mas surgem poucos inimigos e a maioria você não enfrenta, apenas foge deles. Nuna até ganha novos meios de jogabilidade durante a aventura, mas nada resulta em combates ou algo diversifique tanto a jogabilidade ou que deixe as coisas mais difíceis. Na verdade, os cenários são grandes puzzles que se jogados com calma e paciência são batidos com muita tranquilidade por qualquer jogador mais experiente. Apenas é preciso ter cuidado onde pisa, onde pula e correr quando preciso. Outro problema acontece em alguns momentos quando o personagem não tem um movimento tão bacana ou simplesmente trava em partes do cenário. Em certo momento, meu jogo travou logo que morri ao pular errado em uma plataforma e dali não passou mais. Ao menos o sistema de checkpoint me salvou neste momento, me fazendo voltar alguns metros pra trás. Em contrapartida, isso também gera um efeito de tentativa e erro, já que ao morrer você volta praticamente do mesmo lugar que morreu, diminuindo ainda mais o desafio que já é baixo.

Never Alone foi lançado no final do ano passado e chegou cheio de pequenos bugs, que foram sanados através de um patch que demorou a chegar aos consoles – testamos a versão do Xbox One, mas o jogo foi lançado para PS4 e PC também. No entanto, revisamos o game já com essa atualização, então se você jogou logo no lançamento deve ter visto muito mais problemas que a gente. Ainda assim, o jogo não se livra completamente dos bugs.

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Maldita moça do tempo que falou que ia fazer sol hoje.

Como um jogo, Never Alone é competente. Entretanto, se você gosta de algo que vá além e que traga uma experiência quase única, você não pode deixar de jogar este jogo que é mais um indie que consegue tirar nossas mentes dos blockbusters e mesmices do mercado apenas com sua criatividade. Se os produtores fossem um pouco mais além no jogo e em sua jogabilidade, como foram na narrativa e na maneira única de inserir os vídeos sobre a história entre cada uma das fases, com certeza teríamos um jogo imperdível e talvez uma das maiores formas de arte que os jogos já viram. Para alguns esse objetivo é totalmente alcançado, mas se você exigir um pouco mais e esperar algo além da jogabilidade, poderá se desapontar, mas nunca se arrepender.

RECOMENDADO!


Galeria de imagens e trailer: Never Alone

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2 respostas

  1. Never Alone é bom e muito bonito! Esta tribo de esquimós colaborou bastante com os desenvolvedores na criação deste jogo! Sobre os bugs, jogo desde o lançamento a versão PC e pelo menos aqui não encontrei nenhum! Mas ainda não finalizei este jogo!

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