Provavelmente você, assim como eu, comprou Shadow Of The Colossus na época do glorioso PlayStation 2 sem ter ideia do que se tratava. Na verdade, acho que a maioria nem lembra mais como o jogo veio parar em suas mãos. Pensando bem, esse tipo de sentimento faz falta nos videogames, hoje em dia, essa surpresa, jogar sem saber o que o aguarda. Passar na frente da banca de jornais do seu bairro e notar que saiu o detonado daquele jogo que você queria. E se tiver a tradução e alguns códigos então, LOTERIA!
Esse texto vem de encontro a esse sentimento, pois ele faz parte da fórmula que fez SOTC se tornar a lenda que é hoje. Me lembro muito bem de notar de cara algo especial.
Na época, não era comum um jogo tão vasto de mundo aberto, muito menos algum que permitisse que você o explorasse a cavalo. Paisagem impecável, sensação de vazio, aquela garota deitada, poucas explicações. Você testa os comandos e nota que com um dos botões o personagem levanta a espada projetando assim um feixe de luz. Aí você logo pensa: “Vou seguir e ver no que dá”.
O DESAFIO DO HERÓI POR CONVENIÊNCIA
Depois de uma caminhada considerável e de apanhar pra um sistema de estamina que também não era comum, ele aparece, o primeiro Colosso. Aquele que tem um tamanho realmente absurdo.
Você descobre a manha da coisa depois de um tempo. O seu personagem é um sujeito esguio, bem longe do que se imaginaria de um guerreiro com coragem para enfrentar um Titã. Na verdade ele parece bem desengonçado, chegando a tropeçar algumas vezes. Depois de uma, duas, três, várias quedas, você entende a dinâmica e da o golpe definitivo no bicho. Na sequência, inicia uma câmera lenta, ele grita, urrando se ajoelha e cai, finalmente. A trilha sonora não é heroica e seu sentimento está longe de ser de vitória.
Você acorda no ponto de início, uma voz estranha diz algumas palavras e uma estátua explode em pedaços. Mesmo não entendendo exatamente do que se trata, fica claro que não tem mais volta. Aquela estátua simbolizava aquele Colosso, e agora ele estava completamente destruído.
Uma conferida na garota mais uma vez só por garantia – Opa, ela se mexeu? Não, deve ser coisa da minha cabeça. A aventura continua e o processo se repete. Estranho, mesmo repetindo não chega nem perto de ser cansativo.O segundo colosso é mais ágil, mais agressivo, mas isso não muda o fato de que nós é que invadimos o seu espaço. O processo se repete! E hoje, é até fácil notar que alguns Colossus até parecem tentar fugir e se assustam com a presença do suposto herói.
CONCLUSÃO
Nós sabemos muito bem o que motivou Wander a fazer o que fez. Agora, se abandonarmos a visão nostálgica do quanto foi incrível essa experiência na época, o que fica? O que você realmente acha da narrativa? Pensando em tudo isso quero trazer a seguinte discussão: Quem é de fato o vilão no mundo de Shadow Of The Colossus?
Há debates semelhantes a respeito de Joel de The Last Of Us. Sobre o quão longe ele foi. Quão egoísta ele se mostrou pra ficar com aquilo que ama. Será mesmo egoísmo? O que vocês fariam?
