A Square-Enix revelou para a revista Edge, através do diretor Yoshinori Kitase, que Final Fantasy VI, um dos capítulos mais aclamados da série considerado por muitos como o melhor até hoje, levou apenas um ano para ser desenvolvido, logo que Final Fantasy V foi concluído.
Mas mesmo com o curto tempo de desenvolvimento, o game mudou bastante comparado com o que foi planejado inicialmente. De acordo com Kitase, Final Fantasy VI foi concebido para que todos os personagens pudessem assumir papéis preponderantes. Designers envolvidos no projeto como o criador da série Hironobu Sakaguchi e o designer gráfico Soraya Saga chagaram a criar personagens pensando nesta estratégia. A ideia era ter diversas histórias principais que se alternariam durante o game, e com isso muitos personagens seriam protagonistas do jogo. Uma ideia bastante corajosa pra época, e principalmente para a série que sempre se manteve na mesma mecânica durante anos.
Mas a criação de múltiplas histórias protagonizando o game se mostrou algo bastante complicado de se criar na época. De acordo com Kitase “manter um equilíbrio cuidadoso entre todos os personagens foi provavelmente o maior desafio que enfrentamos, no entanto eu acabei ficando tão envolvido com cada uma das personalidades que criamos enquanto eu escrevia e criava os cenários que existiram pontos que, olhando hoje para o game, fica claro que em algum momento perderíamos este balanço. Por exemplo, na cena em que apresentamos Celes e Kefka, estes personagens (que ainda não eram jogáveis) ficaram mais importantes e influenciaram mais ainda na história do que projetamos inicialmente.”
Final Fantasy VI foi lançado em 1994 (caramba, já faz tempo hein!) e não pensem que problemas técnicos acontecem somente hoje em dia, como gerenciamento de memória e afins, pois Kitase cita que o lançamento do game aconteceu dentro do período e do orçamento previsto, mas que durante o desenvolvimento aconteceram diversos problemas técnicos como o já falado gerenciamento de memória do SNES que teve que ser resolvido manualmente.
“Isto pode parecer estranho de dizer, mas eu sinto falta das limitações que tínhamos para criar os games naquela época,” diz Kitase. “O cartucho tinha uma capacidade tão pequena, que claro, os desafios se tornavam muito maiores. Mas hoje em dia você pode fazer praticamente tudo nos games. É um paradoxo, pois isto pode trazer mais limitações criativas do que quando tínhamos limitações técnicas para lidar. Existe uma certa liberdade em trabalhar dentro de certos limites técnicos, que fica muito evidente em Final Fantasy VI.” – Yoshinori Kitase, diretor de Final Fantasy VI, em palavras muito sábias.
Chego a ficar triste em ler palavras como estas. É incrível ver como a evolução técnica trouxe uma involução para a série Final Fantasy. Apesar de ainda não ter jogado nenhum da geração atual, vejo que é uma opinião unânime que a série se perdeu durante os anos. Basta ver o apelo da Square sobre as roupas da personagem Lightning de Final Fantasy XIII, pois quase não se fala mais do game, apenas do visual da personagem, o que é ridículo. Começo a sentir saudades do tempo em que a criatividade existia, mas basta olhar para o lado e ver o quanto os indies estão resgatando isto. Mesmo assim, é complicado ver um designer tão renomado lamentando e sentindo falta de tempos tão áureos e que com certeza não voltam mais.
