O cinema não é chamado de “A Sétima Arte” por acaso. Desde que existe, as histórias que a gente vê nas telonas são capazes de nos fazer rir, emocionar, impactar, pensar na vida, no que vivemos e no que ainda vamos viver. São poucos, no entanto, os filmes que conseguem alcançar este patamar e realmente te fazer entrar na história ao ponto de esquecer do mundo real, ou te fazer criar um paralelo com sua própria vida, ao mesmo tempo que vê a história de outro alguém se desenrolar ali, na sua frente.
A Chegada, do diretor Denis Villeneuve (Sicario), é simplesmente tudo isso que falei acima, um filme capaz de emocionar e te fazer pensar, ao mesmo tempo que ele trata da visão e o medo que a humanidade possui se, por acaso um dia, a Terra venha a ser invadida por seres de outro planeta. A mistura perfeita entre a ficção científica e o drama faz de A Chegada uma produção única, uma verdadeira experiência.
O Poder da Comunicação


A nossa vida é cercada de traumas pessoais e traumas que a humanidade viveu como um todo, como o 11 de setembro. Existem momentos que serão importantes somente para você, que ficarão em sua memória pra sempre e outros que você compartilha com muitas pessoas, pois todas elas viveram aquele momento contigo, de alguma forma, mesmo que você não as conheça. A chegada de 12 objetos não identificados em forma ovulada à Terra marca e impressiona todos ao redor do mundo, enquanto que a vida da Doutora Louise Banks (Amy Adams), Linguista renomada que já trabalhou com o governo dos Estados Unidos, foi marcada por um terrível trauma pessoal que assola suas lembranças todos os dias.
Por seu conhecimento, Louise é convocada a traduzir e/ou entender o que os seres recém chegados ao nosso planeta tem a dizer, mesmo que tudo que eles provavelmente tenham dito se pareça mais com sons aleatórios do que palavras. Ao redor do mundo, as outras 11 naves em forma de ovos recebem o mesmo tipo de tratamento de países e líderes governamentais diferentes, já que todas as nações trabalham em conjunto para que ninguém faça algo estúpido, que faça a humanidade se arrepender depois. Neste cenário, A Chegada tenta nos mostrar o quanto é necessário que exista a comunhão entre as nações e raças no mundo, afinal somos todos humanos e também evidencia que o caos e desentendimentos são coisas da natureza humana, incapaz de lidar com diferentes ideais. A partir daí, ficava evidente que o filme de Villeneuve não era apenas mais um “Independence Day“, mas sim uma história que poderia tocar o coração do cara mais frio do planeta.
A Ciência e a Evolução


Ao lado de Louise, temos Ian Donnelly, cientista que vê o mundo a sua própria maneira e precisa cooperar com Louise para entender o que os visitantes querem com nosso planeta. Tudo o que acontece a partir daí é tão bem ligado e construído, que mesmo a forma não cronológica dos fatos e como são demonstrados, passa a fazer um sentido imenso a medida que o filme vai avançando. Há um fortíssimo elemento na narrativa que não posso revelar e nem mencionar, senão estragaria completamente a sua experiência, mas que garante uma boa dose de surpresa dentro do filme, principalmente no segundo ato. E não se trata de uma reviravolta qualquer, é um pensamento e uma ideologia que faz de A Chegada mais do que um filme, mas sim uma mensagem para a humanidade.
A forma com a qual o diretor aborda os efeitos da invasão na Terra, a reação dos humanos, o som e as músicas, tudo é tão singular que cria um efeito de suspense incrível no espectador. Haviam momentos que eu ficava inquieto, preocupado, de tão imersivo que o filme é. O roteiro inicialmente parece simples e até pode realmente ser, mas a medida que as coisas avançam você não consegue deixar de imaginar o que realmente está vendo, que mistérios são aqueles e se aquilo poderia acontecer no mundo real, ou não.
Mais Que um Filme, Uma Experiência


A Chegada é muito mais que uma simples história sendo contada no cinema, é realmente uma mensagem que usa dos elementos da ficção científica pra mexer com os sentimentos mais humanos que existem. O medo do desconhecido e a maneira com a qual lidamos com seus efeitos e resultados é tratado no filme de uma maneira quase única e totalmente satisfatória. Eu realmente saí do cinema pensando em tudo que já vivi e o que posso viver daqui pra frente, se estou no caminho certo, o que eu faria se estivesse no lugar dos personagens em questão.
Como já mencionei e pode soar repetitivo, A Chegada é uma experiência que me faz entender os motivos de amarmos tanto o que o cinema é capaz de produzir. Um longa que vai mexer com sua imaginação e com seus sentimentos como há muito tempo não via acontecer. Um verdadeiro clássico instantâneo.