Crítica: O Mago Das Mentiras mostra uma situação similar a que vivemos no Brasil

Como já relatei anteriormente, a força que um filme baseado em fatos reais tem é algo surpreendente, o que traz uma intensidade maior ao adentrar no universo proposto e fortifica todas as questões e mensagens que a obra pretende passar ao espectador.

Em 2008, Bernie Madoff chocou o mundo com seu esquema fraudulento que o fez arrecadar quase 65 Bilhões de dólares o colocando como um dos homens mais influentes de Wall Street. Baseado em fatos reais, o filme traz uma abordagem crua de um homem que conseguiu provar para o mundo que a sede de poder é algo tão destrutivo quanto qualquer outra dependência química.

O filme foi baseado no livro de Diana B. Henriques, “The Wizard of Lies: Bernie Madoff and the Death of Trust”, que foi construído com mais de 100 entrevistas também com o próprio fraudador, até mesmo depois da prisão.

O Mago das Mentiras é uma produção original da HBO, a qual estrela Robert De Niro no papel principal, junto com Michele Pfeiffer e grande elenco. O filme estreou dia 20 de Maio e está em cartaz no canal.

O Mago

O filme trata de um homem importante de negócios, Bernard Madoff (Robert de Niro) que, por meio de mentiras e fraudes, constrói um império imensurável e consegue enganar todas as pessoas que estão a sua volta, incluindo sua família. Reza a lenda que Bernie utilizou do esquema de Ponzi, uma espécie de esquema de pirâmide para conseguir que pessoas poderosas investissem suas fortunas em fundos inexistentes.

A carreira de Madoff se provava impecável e respeitável, sendo ele um homem influente da bolsa de valores e um dos principais nomes da economia da atualidade. O choque foi tão grande, que as pessoas ao redor do mundo puderam ver um império ruir com uma velocidade recorde.

O olhar proposto pelo diretor é incrivelmente peculiar, quando se trata de um homem inofensivamente monstruoso – essa é a verdadeira definição que temos ao fim do longa.

O filme não tem um ritmo muito dinâmico, as vezes bem cansativo, mas consegue carregar a atenção do espectador nas esplêndidas atuações do elenco. O roteiro é muito bem construídos, parecendo tratar a história de uma maneira que ao mesmo tempo que nos deixa incrédulos, entendemos perfeitamente as motivações de todos os personagens.

O Inferno é minha casa

Madof, depois de todos os crimes que cometeu, de todas as vidas que destruiu, inclusive a própria, e depois de tanta dor que causou, segue com uma serenidade assustadora no olhar. Robert De Niro consegue fazer uma de suas melhores atuações nos últimos tempos, pois ele trouxe uma característica vilanesca inigualável, quase que imperceptível, se não fosse atitudes incoerentes com o que estava acontecendo na vida do personagem.

O desmoronamento transforma a vida do executivo em um inferno sem precedentes, mas isso foi elemento chave para que conhecêssemos o verdadeiro significado da obsessão e da ação inconsequente por um ideal mentiroso. Já ouviu falar naquele ditado, uma mentira contada várias vezes torna-se verdade? Pois bem, Madof parecia seguir esse mantra com afinco, causando uma devastação por onde passou.

Brasil, mostra a sua cara

Ao assistir o filme, é impossível não comparar com a situação assombrosa que estamos vivendo no país. O maior escândalo de corrupção que o país já viu, se assemelha muito ao que acontece com Bernie em O Mago das Mentiras, pois ambos parecem ter a mesma finalidade: O Poder. O dinheiro não parece ser verdadeiramente a causa, mas sim um instrumento para que o objetivo seja cumprido e a conquista de um patamar mais alto seja alcançada.

Homens sem escrúpulos e sem responsabilidade não se importam em prejudicar outras pessoas e isso se torna claro ao vermos o semblante que De Niro expressa perfeitamente, com o que estamos acostumados a ver por aí.

Concluindo, O Mago das Mentiras é um filme um pouco lento, mas que vai te enregar uma história dramática e densa, com atuações que seguram a sua atenção do início ao fim e acima de tudo, passam uma mensagem extremamente importante: a forte relação entre obsessão e destruição, bem como o efeito colateral que isso gera. É um prato cheio para quem acompanhou a hist´poria do executivo em 2008 e um olhar peculiar sobre os fatos e um roteiro arriscado, mas coerente com toda a situação vivida pela família Madoff.

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