Crítica: Um espião e meio é uma comédia SEM SAL, mas tem méritos

Um espião e meio trata-se de um filme de comédia, dirigido por Rawson Marshall Thurber (Família do Bagulho), o qual estrelam Dwayne Johnson (The Rock) e o comediante Kevin Hart. Esse longa, mistura alguns conceitos já bem batidos de filmes de comédias, que atores de ação brucutus já participaram bastante, como Arnold Shwarzenegger, Sylvester Stallone, Vin Diesel e agora The Rock. A diferença entre eles é que todos os outros eram grandes protagonistas de filmes extremamente bem sucedidos, já DJ oscila bastante em suas produções e não é um ator de muitos recursos.

O príncipe e o plebeu

O filme começa, como muitas comédias características americanas – num colégio – onde o grande atleta (Kevin Hart) é endeusado, enquanto o gordinho (Dwayne Johnson) é totalmente humilhado e sofre bullying pesado. É nessa mensagem que o filme se prende.  A maquiagem e os efeitos que transformaram Rock nessa figura é bem interessante e pitoresca, diga-se de passagem.

Casos de bullying, em qualquer lugar do mundo, são problemas seríssimos que, muitas vezes, são encarados com normalidade pelos educadores, mas não sabem o quanto isso pode estragar a vida de uma pessoa e afetar seu futuro. O que vemos nesse longa é a superação de uma vida sofrida na adolescência, que o leva de um ex-humilhado, a um super agente da CIA. Do outro lado, o ex grande astro do colégio, se vê numa rotina chata e monótona, tendo um emprego qualquer e levando uma vida comum, até que o ex-amigo do colégio vem para sacudir um pouco as coisas.

Davi e Golias

É nesse ponto que o filme erra e acerta ao mesmo tempo. Não seria realmente necessário fugir dos clichês, mas eles correram o risco e sabiam que eram muitos. The Rock, apesar de ser um super agente, faz um papel de bobão infantil, o que, além de não combinar muito com o estilo do ator, não teve muito cacife para levar o personagem de maneira crível. Por outro lado, Kevin Hart, comediante conhecido e aclamado, é muito bem aproveitado e protagoniza cenas hilárias, com uma comédia nenhum pouco inovadora, mas que diverte bastante.

Aaron Paul (eterno Jessie Pinkman – Breaking Bad), sofre com a síndrome do grande personagem (acabei de inventar esse nome) e realmente não parece estar ali por uma causa justa. O ator, que deveria fazer o vilão, apresenta obviedades e um personagem sem sal, quando você esperaria dele, pelo menos, cenas impactantes ou que mostrasse os traços de um vilão. O que realmente parece é que o ator não se empenhou para esse trabalho, ou simplesmente não conseguiu alcançar o que o diretor propôs.

Um espião e meio?

A história é contada de maneira bem leve, deixando as piadas de Kevin Hart, com suas caras e bocas, bem evidentes. Não esperem por grandes cenas de ação, uma vez que, praticamente, todas elas estão no trailer, ou até mesmo grandes estratégias de espionagem, pois todos esses elementos são um pretexto para focar na verdadeira mensagem de superação.

Vencer os seus medos e seguir em frente depois de tribulações que deixaram sequelas é algo que se mostra bem encaixado e traz algumas situações interessantes no filme, as quais conversam com o público que tem e sofre esse tipo de comportamento – nada como uma frase que fofó dizia: O mundo dá voltas.

Concluindo, The Rock não convence muito na atuação, apesar de parecer estar confortável no papel, mas tem uma muleta poderosíssima que é o talento de Hart. O filme é rodeado de clichês, uns bons, outros nem tanto, mas que, com certeza, irá agradar aqueles que gostam de um filme leve, descontraído e mais pastelão.

Trailer