Após o sucesso com seus remakes, a Capcom decidiu elevar o nível dos remasters, anunciando em junho deste ano Dead Rising Deluxe Remaster — um verdadeiro “remaster de luxo” de uma obra cult da sétima geração de consoles. Lançado em 19 de setembro de 2024 para PS5, Xbox Series e PC, esta versão é, de longe, a mais transformadora em termos visuais e mecânicos desde o lançamento do jogo original em 2006.
Diferente de Frank West, não precisei de 72 horas para perceber que a Capcom estabeleceu um novo padrão para remasters. E, daqui para frente, espero nada menos do que isso nos futuros lançamentos.
O que mudou?


Ao contrário do que estamos acostumados em “remasters”, Dead Rising Deluxe Remaster (DRDR) apresenta uma postura atípica da Capcom no que diz respeito à remasterização. Enquanto muitos jogos recentes receberam gráficos atualizados, DRDR se destaca pela forma como a Capcom optou por reviver uma de suas populares franquias, apesar do hiato de Dead Rising desde 2016, quando seu quarto título foi mal recebido.
Esse remaster de luxo é uma maneira da Capcom homenagear um dos games mais importantes da indústria. Sob o poder da RE Engine, DRDR proporciona mais profundidade, realismo e melhorias na jogabilidade ao título de 2006. Não é um remake, mas o cuidado em adaptar o game ao novo motor gráfico é o grande destaque do retorno desse clássico.
Se você jogou o original, o Willamette Parkview Mall de 2006 é completamente diferente na versão de 2024. Não falo de mudanças artísticas, mas da forma como a RE Engine trouxe mais zumbis, mortes mais viscerais, ambientes detalhados e mecânicas aprimoradas. O combate, um dos grandes atrativos do jogo, recebeu um refinamento comparável ao dos remakes recentes de Resident Evil.
Zumbis e mais…


Os zumbis agora são mais numerosos e assustadores. Embora a abordagem de Dead Rising em relação aos zumbis seja diferente de Resident Evil, o visual é semelhante. Além disso, os psicopatas espalhados pelo shopping receberam um tratamento excepcional nesta versão, assim como todo o elenco envolvido na trama.
O remaster também traz diversas homenagens a outras franquias da Capcom, incluindo novos trajes para Frank West. Se você nunca jogou, esta versão é uma excelente porta de entrada para a franquia. Em resumo, Dead Rising Deluxe Remaster é uma bela homenagem da Capcom a um de seus grandes jogos, e pode marcar o retorno da série ao panteão dos sucessos da empresa.
Algumas ressalvas…


Apesar de sua jogabilidade atender aos padrões atuais, com mecânicas de tiro que lembram os remakes de Resident Evil, trilhas sonoras excelentes e uma narrativa bem-humorada e misteriosa, a nova versão apresenta alguns problemas.
O visual é impressionante, mas há constantes atrasos na renderização. Nas cinemáticas, as texturas dos cenários, personagens e objetos demoram para carregar. Além disso, notei problemas na física do jogo: em certas ocasiões, o personagem esbarra descontroladamente nos NPCs, e houve dificuldade em selecionar objetos ou compartilhar armas e alimentos com os sobreviventes.
Acredito que esses problemas se devem ao excesso de inimigos na tela, o que pode desestabilizar o motor de física do jogo.
Ainda assim, esses problemas não ofuscam as qualidades técnicas deste remaster. Revisitar o Willamette Parkview Mall 18 anos depois foi uma experiência revigorante, com a sensação de estar jogando algo novo.
Um legado honrado para os dias atuais


Dead Rising foi originalmente lançado em 8 de agosto de 2006 como um dos grandes exclusivos do Xbox 360, vencendo diversos prêmios. Oferecendo um “sandbox” dentro de um shopping, o grande atrativo do jogo era a variedade de abordagens possíveis para sobreviver aos zumbis e concluir a trama.
No controle de Frank West, um fotojornalista, você deve descobrir o mistério por trás do surto zumbi na cidade de Willamette, Colorado, enquanto aguarda um helicóptero de resgate que chegará em três dias. A narrativa, com seu humor excêntrico, é potencializada pela loucura dos sobreviventes e pelos Psicopatas (os chefes do jogo), adicionando um toque dramático à história.
A autenticidade com que Dead Rising trata o tema dos zumbis ainda impressiona. Mesmo uma década depois de ter jogado o original, me senti novamente imerso na narrativa, nos personagens e na insanidade que uma epidemia zumbi causaria no mundo real.
O level design, diversificado e desafiador, exige que o jogador gerencie bem seus objetivos. A narrativa, por sua vez, oferece vários finais, sem comprometer a diversão de passar 72 horas enfrentando zumbis e desvendando os segredos do shopping.
Esta nova versão nos lembra da importância de Dead Rising para o gênero e pode ser o sinal de que a série, adormecida, está pronta para voltar ao catálogo de grandes sucessos da Capcom.
Mas afinal, Dead Rising Deluxe Remaster é tudo isso mesmo?
Dead Rising Deluxe Remaster respeita o legado do jogo original, ao mesmo tempo em que inova ao romper com o tradicionalismo dos remasters. Com melhorias substanciais no visual e na qualidade de vida, DRDR estabelece um novo padrão para remasters na indústria.
A Capcom parece estar experimentando novas formas de lidar com seus remasters, após o sucesso de seus recentes remakes.
VEREDITO: Dead Rising Deluxe Remaster respeita o legado do jogo original, ao mesmo tempo em que inova ao romper com o tradicionalismo dos remasters. Com melhorias substanciais no visual e na qualidade de vida, DRDR estabelece um novo padrão para remasters na indústria. A Capcom parece estar experimentando novas formas de lidar com seus remasters, após o sucesso de seus recentes remakes. – João Antônio