Death Stranding 2 está entre nós e chegou a hora de avaliarmos a nova aventura que vem da mente incrível de Hideo Kojima. Chegando de forma exclusiva ao PS5, Death Stranding 2 chega cheio de expectativa após muitos anos de espera. Recebemos o game antecipadamente da PlayStation, a qual agradecemos a confiança, e após uma grande jornada podemos dizer se afinal, Death Stranding 2 é tudo isso mesmo?
Sinopse e conceitos


Death Stranding 2 chega como uma continuação direta da primeira aventura de Sam Bridges, mantendo a proposta de ser uma experiência diferente de tudo que vemos nos videogames. Hideo Kojima volta a explorar o conceito de conexão entre as pessoas, mas desta vez, com ainda mais camadas de mistério, emoção e momentos inesperados.
A ideia é expandir o universo iniciado no primeiro jogo, mostrando que o mundo precisa de novas pontes, novas conexões e, acima de tudo, de novas formas de esperança.
Se no primeiro game o objetivo era unir os Estados Unidos, agora a Drawbridge – nova organização liderada por Fragile – tem um objetivo ainda maior: conectar o mundo. O jogo começa com Sam em um momento de isolamento, vivendo com a pequena Lou, longe de tudo. Quem jogou o primeiro game sabe do peso que essa parte da narrativa possui. Mas, quando Fragile aparece com uma proposta ousada, a aventura ganha forma. O México e a Austrália se tornam os novos pontos de conexão, enquanto novas ameaças e conceitos surgem para abalar tudo o que conhecíamos sobre esse universo.
Embora Sam não estivesse muito a fim de ir nessa viagem, os motivos que o fizeram aceitar a nova missão são bem questionáveis para mim. Mas conforme a história avança, tudo passa a fazer mais sentido.
Gráfico e desempenho


Death Stranding 2 é um espetáculo visual e um dos games mais bonitos da geração, talvez o mais belo até aqui. A Decima Engine evoluiu ainda mais desde o primeiro jogo e o resultado no PS5 impressiona em cada detalhe. As expressões faciais são de outro nível, os cenários carregam uma profundidade absurda e a iluminação, mesmo sem Ray Tracing, faz um trabalho incrível. Reflexos, texturas e efeitos de luz são trabalhados à mão, com aquele toque cinematográfico que só o Kojima sabe entregar.
Em termos de desempenho, o jogo roda liso tanto no modo performance quanto no modo qualidade. Durante nossa análise, optamos por jogar a maior parte do tempo em modo qualidade, com 30fps, para absorver todo o impacto visual. Mesmo com a escolha por gráficos mais robustos, não tivemos quedas de desempenho em nenhum dos modos.
Seja nas tempestades, nos momentos de exploração ou nas cutscenes pesadas, o PS5 aguenta o tranco sem problemas e é muito bom ver um jogo desse calibre entregando tudo muito bem no console base.
Som e trilha sonora


A trilha sonora de Death Stranding 2 mantém o padrão de qualidade que o primeiro jogo já tinha estabelecido, com Woodkid assumindo um papel ainda mais importante na produção musical. As músicas são lindas e cuidadosamente escolhidas para cada momento, mas, dessa vez, o impacto emocional delas parece menor. Muito disso vem do fato de que, no primeiro jogo, tudo era novidade. Agora, já esperamos por aquelas pausas contemplativas seguidas de uma música emocional. Isso não tira o mérito das composições, mas o fator surpresa diminuiu.
No campo dos efeitos sonoros, o jogo continua excelente. Cada passo, respiração ou ambiente é preenchido com sons que ampliam a imersão. Testamos também a dublagem em português, que está muito bem feita, mas a experiência principal foi no áudio original, principalmente por conta das interpretações de nomes como Norman Reedus e outros grandes atores envolvidos. Para mim foi como acompanhar uma produção de Hollywood e ouvir as interpretações originais é excelente. Ainda bem que o jogo traz a opção de mudarmos a voz e manter a legenda em PT-BR sem problemas.
Gameplay – entregas, veículos e evolução


O loop de gameplay segue praticamente o mesmo do primeiro jogo: pegar carga no ponto A e entregar no ponto B. Ainda que esse conceito básico permaneça, o Kojima trouxe várias melhorias. Os veículos estão muito melhores, com mais força e capacidade de carga. Agora temos opções como um triciclo ágil e uma picape fechada, que protege a carga da chuva temporal.
A Drawbridge também trouxe avanços tecnológicos que ajudam a suavizar a repetição das entregas. A introdução da nave DHV Magalhães (que falaremos mais adiante) é um exemplo. Mesmo assim, a sensação de repetição permanece após várias horas de jogo, principalmente quando revisitamos locais já explorados. Em compensação, o sistema de evolução de Sam foi ampliado, com novas árvores de habilidades e equipamentos que tornam a jornada menos sofrida – ou pelo menos mais estratégica.
No final das contas Sam fica muito forte de forma muito rápida. Então mesmo as entregas não serão grandes problemas para ele.
Gameplay (combate)


O combate teve avanços significativos em comparação com o primeiro jogo. Agora, temos mais confrontos contra inimigos humanos e até mesmo robôs, o que traz uma boa variedade para as batalhas. O arsenal de armas cresceu, o impacto dos tiros está mais gostoso de sentir e o ritmo das lutas está mais dinâmico.
Ainda assim, a inteligência artificial dos inimigos decepciona. Eles costumam correr em linha reta para cima de você, não usam cobertura e não demonstram muita estratégia. Mesmo assim, a introdução de mecânicas como a câmera lenta ao derrubar um inimigo dá um certo charme e um toque de espetáculo a cada confronto.
Um detalhe interessante: matar inimigos humanos continua sendo algo arriscado, pois os corpos podem se transformar em BTs ou gerar explosões catastróficas. Isso mantém a tensão constante nos combates. Houve um momento que eu precisei voltar um save, pois acabei matando um humano e fiquei com receio dos efeitos daquilo no mundo.
Chefes


Os chefes de Death Stranding 2 são divertidos e com um bom design, mas a quantidade de batalhas contra bosses foi menor do que esperávamos. Depois de enfrentar o primeiro grande chefe, a expectativa era de que o jogo seguisse numa crescente de confrontos épicos, mas isso não acontece com a frequência que eu imaginei.
Ainda assim, as lutas são intensas e exploram bem o novo sistema de armas. O destaque fica para os novos tipos de BTs, como os Vigias, que exigem abordagens mais ofensivas, já que agora eles enxergam o jogador, diferente dos inimigos comuns do primeiro game em que você precisava passar sem fazer barulho. Também há uma novidade interessante: a possibilidade de capturar BTs para usar a seu favor nas batalhas. Porém, sentimos que o jogo poderia ter explorado melhor essa mecânica.
Entregas paralelas


As entregas paralelas seguem o mesmo esquema do primeiro jogo: podem ser divertidas para quem ama explorar, mas, para quem busca algo além da repetição, podem cansar. Há recompensas, upgrades e momentos narrativos escondidos nessas missões e até chefes, mas nada que mude a estrutura base do gameplay.
Jogando com o servidor online ligado, a experiência com as entregas – principais e paralelas – melhora muito. As construções de outros jogadores ajudam a superar os desafios do terreno, o que dá uma sensação mais colaborativa e menos solitária. Por outro lado, jogando offline, tudo fica muito mais trabalhoso e, consequentemente, menos divertido. Eu passei pelas duas experiências, pois o servidor fechou no dia 16 para manutenção e preparar o lançamento do jogo.
A DHV Magalhães


A DHV Magalhães é uma das grandes novidades de Death Stranding 2. Ela funciona como uma base móvel e oferece ao jogador a opção de teleporte entre locais já conectados à rede quiral. Isso dá um ritmo muito melhor ao jogo, especialmente para quem quer explorar o mapa de forma mais eficiente.
Além disso, a nave também é importante na narrativa, servindo como quartel-general da Drawbridge. Algumas cutscenes importantes acontecem dentro dela, e o personagem interpretado por George Miller tem um papel central nisso tudo. Resumindo: a DHV Magalhães é uma adição extremamente bem-vinda, tanto do ponto de vista de gameplay quanto narrativo. Além de que nos faz lembrar de momentos históricos de Konima em Metal Gear Solid e sua Motherbase.
História e Narrativa


Aqui está o ponto mais forte de Death Stranding 2. Kojima mais uma vez entrega uma história densa, emocional e, acima de tudo, corajosa. O jogo brinca com suas emoções, te coloca em momentos de dúvida e desconforto, e, em outros, te emociona de verdade. A construção de personagens continua impecável, com destaque para as atuações e para o roteiro cheio de reviravoltas.
Durante boa parte do jogo, a sensação é de que o enredo não vai alcançar o impacto do primeiro. Mas, nos momentos finais, tudo faz sentido. As peças se encaixam e Kojima mostra que estava apenas brincando com as suas expectativas. É um roteiro que mexe com o jogador e que vai deixar muita gente refletindo.
É uma pena que eu não posso discutir ainda com vocês tudo que vi na história. São coisas gostosas de se refletir, ao mesmo tempo que nos incomodam, pois são verdades que muitas vezes evitamos confrontar. E é sobre isso que se tratam os games do Kojima: histórias memoráveis que perduram em nossas mentes por muitos anos.
Tempo de jogo e bugs


Finalizei o jogo com cerca de 55 horas, focando na campanha principal e jogando muitas missões extras. Se você decidir fazer todas as entregas paralelas, pode facilmente ultrapassar a marca de 100 horas.
Durante meu tempo com o game até agora, não encontrei bugs graves. O desempenho técnico foi impecável do início ao fim, sem travamentos ou problemas de renderização.
Mesmo algumas travadas dos veículos em certos terrenos que poderiam ser um problema, o próprio jogo oferece recursos para contornar esses momentos, como a habilidade de fazer os veículos pularem. É muito bom ver um novo jogo tão bom tecnicamente falando.
Conclusão


Death Stranding 2 é uma continuação que respeita seu antecessor, aprimorando pontos importantes e oferecendo uma nova jornada emocional. A história é o grande destaque, com personagens inesquecíveis e uma narrativa que só Kojima poderia entregar, ampliando os conceitos e nos fazendo imaginar para onde tudo isso vai agora. Em termos de gameplay, o loop de entregas ainda é cansativo (para mim) em alguns momentos, e a IA dos inimigos deixa a desejar, mas as novas mecânicas, como os veículos mais eficientes, o sistema aprimorado de tiro e a DHV Magalhães, ajudam a equilibrar a experiência.
Se você gostou do primeiro jogo, vai encontrar aqui uma sequência digna, cheia de emoção e com algumas surpresas incríveis. Death Stranding 2 é mais um passo importante na carreira de Hideo Kojima e, mesmo sem reinventar a roda, merece ser jogado.
Contudo, não consigo parar de imaginar como poderia ser uma nova experiência do Kojima, e mesmo amando Death Stranding como franquia, percebo que venho cansando mais e mais do sistema de entregas. Que venha logo OD (projeto de Kojima com o Xbox) e Physint (outro projeto, agora com a Sony).
Death Stranding 2: Death Stranding 2 é uma sequência emocional e fiel ao original, com narrativa marcante e boas melhorias de gameplay. Apesar do cansaço com o sistema de entregas, o jogo mostra a genialidade de Kojima e deixa a expectativa alta para seus próximos projetos. – M@xpay