Há alguns meses, um anúncio de um jogo me chamou muito atenção. Um game que usava nitidamente de forma exemplar a UbiArt, um framework criado pela Ubisoft para ganhar tempo com tarefas repetidas e acima de tudo, criar um poder enorme de animação em meio aos projetos da companhia que viessem a usar a nova ferramenta. Praticamente qualquer tipo de desenho pode ser utilizado para animações. Rayman Origins foi o pioneiro no uso deste framework e os resultados foram surpreendentes. Porém, Child of Light consegue ir ainda mais longe.
Concebido por Patrick Plourde, diretor criativo de Far Cry 3, Child of Light foi buscar na época do PSOne toda a sua inspiração. Plourde categoriza seu novo jogo como “um game de conto de fadas que captura o espírito dos RPGs da Squaresoft, como Final Fantasy VII e Vagrant Story”, mesmo que pra mim ele acerte diretamente na parte artística de Chrono Cross. Desde o visual até as músicas, o único sentimento que me vinha à cabeça era de nostalgia, por poder jogar algo novo e sentir uma experiência muito semelhante de quando eu jogava este clássico da Square em meu PSone.
Entretanto, a história aqui influencia pouco no resultado final. A grande sacada da Ubisoft em usar a UbiArt neste game é entregar cenários em 2D incríveis e em Child of Light a qualidade chega a um nível quase perfeito. São inúmeros ambientes muito bem desenhados, animados, com level design excelente e um visual matador, altamente colorido, oferecendo um nível de exploração muito semelhante a Sonic, onde para encontrar todos os segredos você deve procurar nos caminhos mais altos e mais baixos do cenário. Felizmente após alguns minutos de jogo Aurora aprende a voar, e a jogabilidade ganha um dinamismo ótimo, principalmente para àqueles cenários que você já visitou e gostaria de procurar por mais segredos.
Junto com a exploração, o combate é o elemento principal de Child of Light. Quando você se aproxima de um inimigo o jogo sai do cenário habitual e vai para uma tela diferenciada, com os heróis à esquerda e os inimigos à direita, e de um game de plataforma 2D Child of Light se transforma de maneira muito natural em um jogo de RPG por turnos, altamente viciante. Para atacar é necessário que o indicador de seu personagem alcance o final da barra de velocidade, onde todos os aliados e inimigos aparecem. Após chegar a sua vez é possível escolher atacar, defender, usar itens, magias, e tudo mais que é possível em um RPG. Apesar de não ser muito profundo, o sistema de batalha oferece grandes oportunidades de estratégias, principalmente quando se aprende que apenas atacar não é o caminho, mas sim saber defender na hora certa, até porque ao receber um dano, são grandes as chances de seu marcador de tempo regredir, e com isso seu turno pode se perder. Ao defender os riscos são muito menores e sua velocidade de ataque aumenta naquele turno aumenta. Outra estratégia bastante interessante é saber qual personagem usar naquele turno, pois apesar de apenas 2 personagens estarem realmente em combate, os “reservas” podem entrar na batalha sempre que chegar a sua vez no turno. Cada um tem suas próprias habilidades, magias, ataques, fraquezas e vantagens. Cabe ao jogador escolher bem o time ou os companheiros que Aurora terá em determinada batalha.
Ao final de cada batalha, como em qualquer RPG, os aliados ganham experiências que a cada level obtido transformam-se em pontos de habilidades. Cada ponto permite que o jogador escolha uma nova habilidade que por sua vez é ligada em outra, mas cada uma exigirá de um à dois pontos de habilidades para ser conquistada. Fechar o ciclo de habilidades de cada personagem não é tarefa fácil, já que será necessário lutar muitas vezes para conseguir tanta experiência, mas é aí que está o espírito de um bom RPG, onde apenas lutando em demasia que se ganha experiência.
Um elemento de grande destaque em Child of Light é a parte sonora e a localização do jogo. Apesar de contar com poucas falas, todas que surgem durante o game são dubladas e quando não, possuem uma legenda muito bem adaptada, já que todas as falas são rimadas, como um poema. Child of Light talvez seja realmente uma poesia jogável se você olhar por este lado. Aliado a este clima de magia, as músicas são marcantes, com melodias fantásticas que novamente, me levaram à época de Chrono Cross. Aurora ainda possui uma flauta, que de vez em quando ela tira do bolso para tocar uma bela canção, e uma referência clara a Ocarina of Time.
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Respostas de 10
Jogo excelente! A título de curiosidade, no PC você controla Aurora pelas teclas W A S D e Igniculus pelo mouse! Nesse quesito me lembrou Brothers: a Tale of Two Sons! A versão PS4 teve legendas e dublagem em português?
Tem sim Dori, totalmente localizado! Muito boa a adição sobre os controles no PC. Esse Brothers: a Tale of Two Sons eu preciso jogar, deve ser muito bom!
Jogue sim Ariel, aliás, nem sei como você não jogou ainda! Excelente game, inova pelo fato de você controlar 2 personagens ao mesmo tempo (cada um com um lado do seu controle), a história é boa e muito tocante! O único problema do game é ser curto! Mas recomendo muito!
Poxa cara, jogo curto pra mim talvez não seja um grande problema viu hahaha, o tempo é o que há de mais curto ultimamente =D
A versão de PC também tem tradução, só não sei se tem dublagem!!! Quando eu jogar eu me alastro sobre isso XD Não o fiz ainda pq é um rpg de turno, gênero que ainda me causa traumas kkk
A versão PC está dublada e legendada! Eu tenho o jogo no PC desde o lançamento 🙂 Mas como o Ariel jogou no PS4 e utilizou imagens do jogo em inglês, fiquei com esta curiosidade acerca do jogo no PS4!