Análise: De Onde Eu Te Vejo – filme brasileiro nos faz pensar sobre as mudanças da vida

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Talvez você já tenha sofrido com a dor da partida, a dor da perda de alguém que não se vai dessa vida, mas se vai de sua vida, seja por sua decisão ao resolver seguir em frente por desavenças e problemas sofridos no relacionamento com o tempo, ou pela decisão da outra pessoa, que prefere ficar longe de você, abandonando a história que viveram juntos, os lugares que marcaram o relacionamento e as promessas, para então, seguir em frente.

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Se em um relacionamento de 6 meses, 1, 2 ou 3 anos as coisas já não são fáceis de serem esquecidas, pois existe o apego, o costume e muitas vezes até o amor, mas as condições são tão negativas que nem mesmo o amor serve mais de base para uma relação, o que dizer de um casal que viveu 20 anos juntos em uma cidade desconhecida para ambos, que evoluíram e planejaram uma vida juntos, mas que após tanto tempo de cumplicidade vê o seu relacionamento escorrer pelas mãos?

Mas tinha tudo pra ser uma comédia

de onde eu te vejo

De Onde Eu Te Vejo, filme com co-produção da Warner Bros. Pictures e a Globo Filmes, dirigido por Luiz Villaça, retrata a vida de Ana (Denise Fraga) e Fábio (Domingos Montagner), que chegaram a São Paulo no mesmo dia e viveram 20 anos juntos, tiveram uma filha e o relacionamento dos dois simplesmente ruiu junto com as mudanças que a cidade de São Paulo viveu nas últimas duas décadas, fazendo a rotina e a correria do dia a dia um vilão para sanidade de qualquer um.

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Em todos os trailers do filme, a produção dava a entender que era uma comédia romântica, daquelas que a gente deixa passar pra ver numa tarde de sábado em casa mesmo, mas tive uma grata surpresa ao ver que De Onde Eu Te Vejo se trata na verdade de um drama, muito bem produzido e com uma atuação sensacional de Denise Fraga no papel de Ana.

Denise Fraga rouba a cena quebrando a quarta parede

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Logo no começo do filme a gente já vê que há algo de diferente na produção, com Denise falando com o público em alguns momentos (que é o que chamamos de “quebrar a quarta parede”) com frases marcantes, fazendo a gente pensar com ela nas coisas que a vida reservou para Ana e, porque não, para você. Essa interação dela com o público parece bastante com que se vê em House of Cards ou Deadpool, mas de uma maneira mais branda. Uma pena que usaram tão pouco desse recurso, mas quando apareceu foi bem vindo.

Denise é bastante conhecida por seus papéis de comédia, o que ela sabe fazer com maestria e também tem umas pontas engraçadas no filme até de forma natural, mas a dramaticidade que ela deu para Ana foi totalmente crível, com suas feições e atitudes numa naturalidade impressionante. Villaça – o Diretor – é casado com Denise na vida real, então há um entrosamento natural e muito provável que uma liberdade criativa que permite a atriz colocar mais de si na produção, virando o grande destaque do longa.

Divididos por janelas

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Fábio, ex de Ana, é interpretado por Domingos Montagner, que no começo do filme parecia um pouco deslocado, mas vai evoluindo junto com o próprio filme, como se a qualidade do longa dependesse realmente da interpretação dele e de Denise. E não é por menos, já que De Onde Eu Te Vejo retrata a vida de Ana e Fábio após se separarem, no entanto Fábio se muda para um apartamento de frente ao de Ana, fazendo com que eles se vejam todos os dias, o que não é nada comum e nada agradável pra quem se separa após tanto tempo juntos. Se já é difícil esquecer alguém, imagine vendo-a todos os dias e sabendo se ela está bem ou não, se está sozinha ou não, e o principal: se está superando a sua falta. Ou não.

Mariza Orth, a eterna Magda de Sai de Baixo, também está no elenco interpretando Olga, Jornalista que é amiga do casal e serve de conselheira para Fábio. Ela se destaca sempre que aparece, sendo engraçada de forma natural e falando sério quando precisa, indo direto ao ponto. Acho que poderiam ter aproveitado melhor a personagem dela, que inclusive aparece bastante nos trailers, enquanto que no filme praticamente faz uma ponta. Ela também é um bom retrato das pessoas que vivem a correria de uma carreira, deixando tudo de lado e sofre com as consequências disso.

Tudo muda com o tempo

de onde eu te vejo cena

Basicamente, De Onde Eu Te Vejo tenta passar a ideia de que a vida nunca vai ser a mesma durante tanto tempo. As pessoas mudam, a cidade muda, o mundo muda. Muitas vezes não nos damos conta disso e é quando percebemos que pode ser o fim de algum ciclo e o começo de outro. Ao finalmente percebermos que a mudança é eminente ou já está acontecendo, começamos a ver sinais em todos os lugares. Qualquer frase dita numa música, na TV, por uma senhora na rua, parecem que são pra você, te recriminando por suas escolhas ou seus motivos.

Ana é quem mais vê estes detalhes, pois acredita nos sinais que a vida nos dá, mas ao mesmo tempo é Fábio quem acaba fazendo um paralelo sobre a sua vida e as mudanças que a cidade São Paulo passou, como se o filme tentasse criar essa comparação e uma homenagem entre a cidade e a vida das pessoas que a habitam, já que alguns locais chaves e que o fazem Fábio lembrar de coisas boas de sua vida nos últimos 20 anos simplesmente não existem mais, assim como o seu relacionamento. Afinal, como é dito no começo do filme, quantos apartamentos e histórias existem numa cidade tão grande como essa?

Alguns deslizes

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Apesar de prender o público de uma forma bem natural, alguns pormenores tiram um pouco da imersão do filme e estragam ligeiramente a experiência, como a quantidade de vezes que os personagens criam uma situação pra falar uma frase de efeito. Há momentos que você pensa: “acho que ninguém falaria isso na vida real, não neste momento”. 

A atuação de Manoela Aliperti, que interpreta Manoela, filha de Ana e Fábio é boa, porém ela acaba fazendo parte do problema citado acima, sempre com frases prontas na ponta da língua, como uma sábia jovem em meio a dois quarentões. A ideia é passar que Ana e Fábio a criaram direitinho, mas há um exagero no preparo da garota ao lidar com a separação dos pais. Tá certo que cair no clichê de uma criança revoltada também não resolveria e não daria o destaque necessário para a atriz, mas poderiam ter encontrado um meio termo e nem acho que a culpa venha somente dela, mas sim da direção do filme neste quesito.

Uma grata surpresa

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De Onde Eu Te Vejo foi realmente uma grata surpresa! Um filme que me parecia mais do mesmo, sem inspiração ou motivos pra existir, conseguiu me cativar, fazer me importar com os personagens e admirar ainda mais o trabalho de Denise Fraga e Montagner.

Além disso, coloca o público a pensar no caminho que suas vidas estão tomando, se o tempo não está as consumindo e deixando o que importa de lado, tudo isso com uma trilha sonora nota 10, ao estilo Life is Strange (jogo da Dontnod), com muitos arranjos de violão mesmo em situações mais engraçadas e que combinam perfeitamente com o tom do filme.

Mas não se deixe enganar, De Onde Eu Te Vejo vai te fazer rir, porém é feito pra te emocionar.

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