Blades of Fire Review | Análise – Boas ideias mal executadas

Blades of Fire

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Depois de grandes títulos como Castlevania: Lords of Shadow 1 e 2, e Metroid Dread — indicado ao GOTY em 2021 — que consolidaram sua carreira, a MercurySteam está de volta aos holofotes, desta vez com uma IP própria em parceria com a 505 Games.

Sob o título Blades of Fire, o mais novo projeto do estúdio remete bastante à estética visual de Castlevania: Lords of Shadow, com personagens de traços exagerados, mas desta vez com um tom fantasioso aliado a uma mecânica de forja. Após inúmeros trailers e prévias, Blades of Fire me pareceu um projeto ousado e cheio de ideias interessantes, especialmente em seu sistema de combate.

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No entanto, após horas de jogatina, este está longe de ser o melhor jogo da MercurySteam. Apesar das inspirações e boas ideias, o estúdio — conhecido por trazer novas experiências a franquias já estabelecidas — não teve o mesmo êxito ao tentar trilhar um caminho próprio com uma criação original.

O título tem lançamento marcado para o dia 22 de maio de 2025, com versões para PS5, Xbox Series e PC.

Opa, eu já vi isso antes…

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Apostando em um tom fantasioso, Blades of Fire consegue apresentar boas ideias na construção de seu universo, personagens e mitologia. Fortemente inspirado em God of War (2018) — não apenas em seu combate — a narrativa oferece momentos que remetem diretamente à jornada de Kratos e Atreus.

Não parece coincidência termos um personagem brutamontes ao lado de um garoto (chamado de “kid” em vez de “boy”), uma ferreira que vive numa casa sobre um besouro gigante (semelhante à bruxa da tartaruga gigante), ou um necromante idoso com senso de humor duvidoso (seria você, Mimir?).

Mesmo com essas claras referências, a narrativa de Blades of Fire consegue construir um mistério interessante sobre como o mundo se tornou o que é. Diferentemente do convencional, não há muitas cinemáticas explicativas. Em vez disso, nosso companheiro Adso funciona como um códice ambulante: ele atualiza seu diário à medida que novos inimigos são derrotados ou descobertas são feitas.

É uma ideia pouco convencional, mas que pode passar despercebida por muitos jogadores. Eu mesmo frequentemente esquecia de interagir com ele, ocupado demais tentando sobreviver — e não me perder. Falo mais disso adiante.

A trama de Blades of Fire

Na trama, uma rainha lançou um feitiço que transformou todo o aço em pedra. Você controla Arian, filho do Comandante da Guarda Real, cuja história é marcada por traumas e cicatrizes do passado. Embora o protagonista tenha conexões com essa rainha sombria, sua missão é clara: derrotá-la e restaurar a paz em um mundo tomado pela escuridão.

O jogo não se preocupa em te atualizar constantemente sobre a narrativa. O objetivo já está dado: matar a rainha. O que ocorre até lá depende da interação com personagens e, principalmente, com Adso.

Entre inspirações e ideias novas, a história de Blades of Fire me manteve curioso até o fim da jornada de Arian, principalmente graças à construção do mundo e seus personagens. A trilha sonora é um destaque à parte: épica e imersiva, alternando entre momentos grandiosos e tensos com o arranhar das cordas de um violino, adicionando personalidade à experiência.

Empolgante até o prefácio

O combate de Blades of Fire é, sem dúvidas, criativo. Atribuir aos botões tradicionais do controle (triângulo, quadrado, xis e círculo) partes específicas do corpo do inimigo que devem ser atacadas é algo inédito para mim. Por exemplo: triângulo ataca a cabeça, quadrado e círculo realizam ataques laterais, e o xis atinge a parte inferior do corpo.

Na teoria, isso traz um senso estratégico interessante. Porém, na prática, o combate é frenético demais e rapidamente se desequilibra. O início do jogo oferece uma boa impressão: combates tutoriais, áreas amplas e inimigos pontuais, o que remete claramente à câmera e execuções de God of War (2018). A ideia de misturar múltiplas armas ao estilo hack and slash parecia promissora.

Infelizmente, essa boa impressão se desfaz após algumas horas. O jogo passa a posicionar combates em ambientes extremamente estreitos, repletos de objetos indestrutíveis, o que torna inviável utilizar armas longas ou até mesmo se mover adequadamente — especialmente contra grupos numerosos de inimigos rápidos que mal reagem aos seus golpes.

O que faltou?

A sensação é que houve um grande desencontro entre o time de design de cenários e o time de combate. Os poucos momentos em que combates ocorrem em áreas abertas mostram o quanto o sistema poderia funcionar melhor se tivesse espaço para respirar. Parece que faltou orçamento — ou tempo — para mais cenários bem planejados.

Além disso, algumas armas simplesmente não possuem ataques frontais. Em corredores apertados, tentar acertar inimigos com esse tipo de arma só resulta em frustração, com ataques sendo bloqueados por troncos de árvore ou paredes que não podem ser destruídas. Mesmo com um sistema de stamina interessante — onde o vigor da arma influencia diretamente nas ações do jogador — o problema está no onde o combate acontece, e não em como ele funciona.

A demo pode até deixar uma impressão positiva, mas não revela as limitações de design do jogo completo.

Fogo e aço

Se o combate decepciona, o sistema de forja é um dos grandes trunfos de Blades of Fire. Complexo e envolvente, o sistema funciona quase como um minigame dentro do jogo, permitindo criar armas personalizadas com base em atributos como dano perfurante ou cortante, vigor (que impacta diretamente a stamina), durabilidade e mais. Tudo isso depende dos materiais coletados durante a exploração ou ao derrotar inimigos.

Ao progredir, é possível desbloquear novos estilos de armas ao derrotar certa quantidade de inimigos ou encontrar estátuas com o estilo da sua arma atual. A criação de armas tem impacto direto no combate. E o processo de forjar é extremamente divertido.

Inspirado em mecânicas vistas em jogos como Kingdom Come: Deliverance 2, forjar armas exige alinhar uma barra de aço à silhueta da arma desejada. Quanto melhor esse alinhamento, mais estrelas são obtidas — e essas determinam quantas vezes a arma poderá ser reparada.

A forja é um verdadeiro playground de personalização. Cada inimigo exige um tipo diferente de arma, e saber qual usar em cada situação é essencial. Que essa mecânica sirva de inspiração para futuros títulos de ação, RPGs ou hack and slash.

Um Metroidvania 3D

Blades of Fire

Com Metroid Dread (2021), a MercurySteam provou sua excelência no gênero Metroidvania. Com essa bagagem, o estúdio arrisca agora uma abordagem 3D — e aí começam os tropeços. Assim, com um level design que lembra jogos da era PS3/Xbox 360, como Castlevania: Lords of Shadow, Blades of Fire flerta com uma exploração sem ícones no mapa, apenas com o objetivo principal claro: matar a rainha.

A estrutura remete a outros jogos com essa proposta em 3D, como Control (2019) e Metroid Prime, mas Blades of Fire falha em um dos pilares do gênero: recompensar o jogador pela exploração. Em vez de prêmios ou descobertas interessantes, a exploração frequentemente resulta apenas em mais inimigos e materiais genéricos. A sensação de recompensa é mínima.

Outro problema está na engine proprietária do estúdio, a Mercury Engine 6. Apesar de oferecer ambientes internos interessantes graças aos efeitos de iluminação e partículas, os visuais carecem de detalhes e realismo. Assim, a movimentação é rígida e pouco fluida, o que impacta negativamente o combate. A experiência, no geral, parece travada.

No PS5, o jogo roda a 60fps com poucas quedas, o que é um ponto positivo — ainda que técnico.

Mas afinal, Blades of Fire é tudo isso mesmo?

Blades of Fire

Mesmo apresentando ideias promissoras — como o sistema de forja e uma proposta original de combate — Blades of Fire tropeça em pontos essenciais: combate em cenários inapropriados, mapa confuso, exploração sem recompensa e limitações técnicas evidentes.

Diferente de seus projetos anteriores, a MercurySteam mirou alto, mas parece ter esbarrado nas limitações de tempo e orçamento. Blades of Fire é um jogo que funcionaria melhor em outro escopo — e talvez com outra direção criativa. O resultado final é um título cheio de potencial, mas que não consegue sustentar suas próprias ambições.

Blades of Fire: Blades of Fire apresenta boas ideias, como o sistema de forja e um combate original, mas falha em pontos-chave como cenários mal planejados, mapa confuso e limitações técnicas. A MercurySteam apostou alto, porém o jogo parece ter sido prejudicado por escopo mal definido e direção criativa questionável, resultando em um título promissor que não alcança seu potencial. João Antônio

6
von 10
2025-05-20T12:01:56-0300

Nós recebemos Blades of Fire gratuitamente para review e agradecemos à Mercurysteam e à 505 Games pela confiança.

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