Continuando nossas entrevistas realizadas no The Union 2013, trazemos para vocês uma das mais especiais. Pude conhecer e conversar com Alessandro Bomfim, um dos três sócios e Diretor da Saga, além de também Diretor da Axis, escola que une forças entre a própria Saga e a Gnomon, a maior escola de computação gráfica e artes digitais do mundo, somente.
A Saga é a maior escola de computação gráfica e artes digitais da América Latina, que faturou em 2011 por exemplo, mais de 9 milhões de Dilmas (segundo a Isto é Dinheiro). Alessandro, antes de começar a trabalhar no ramo e posteriormente fundar a Saga, já foi panfleteiro em Copacabana e teve uma infância muito sofrida, onde seu padrasto chegou a mirar uma arma em sua direção, dizendo para ele contar até 10 e correr, pois ele iria atirar. Alessandro convenceu o padrasto a não matá-lo simplesmente utilizando sua conversa, dizendo que o amava, o que no entanto não era verdade (segundo uma entrevista que Alessandro deu à revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, em abril de 2012)
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Porém a vida sorriu para Alessandro que aproveitou todas as oportunidades que surgiram e criou muitas também, trabalhou e correu atrás de seus sonhos, e hoje vê muita coisa que idealizou tornando-se realidade e ele quer muito mais. Hoje ele divide seu tempo entre a Saga e a Axis, outra escola de computação gráfica aqui no Brasil, porém para estudantes mais experientes, que tem como grande chamativo a finalização do curso na Gnomon, de Alex Alvares. Portanto a Axis é a união da maior escola da computação gráfica da América Latina com a maior escola de computação gráfica do mundo, e ainda por cima está no Brasil! Não poderia ser melhor certo?
Errado! Além dessa parceria incrível na criação da Axis, Alessandro conseguiu criar o The Union, o maior evento de computação gráfica e artes digitais da América Latina, que já mencionamos por diversas vezes aqui no Combo Infinito e inclusive fizemos a cobertura neste ano, e foi simplesmente inesquecível. O evento é mais um fruto dessa parceria de grande sucesso entre a Saga e a Gnomon, e traz para o Brasil nomes de peso da computação gráfica, todos os anos, em um show de técnicas e demonstração de projetos relacionados à efeitos especiais utilizados em grandes filmes e jogos no mundo todo. Confira tudo que aconteceu no The Union caso ainda não tenha lido.
E é com grande orgulho que nós apresentamos nossa entrevista com Alessandro Bomfim, que além de grande empreendedor é um grande gamer! Veja como surgiu a ideia do The Union, como Alessandro conheceu a Gnomon e quais os jogos preferidos dele. Confira:
Combo Infinito: Antes de qualquer coisa, como começou a sua vida gamer?
Alessandro Bomfim: Cara, meu primeiro contato com vídeo game foi com um CCE, no Acre, que meu padrasto me deu. Foi o meu primeiro contato com meu padrasto. Ele comprou um CCE, que ele comprou na Zona Franca de Manaus, pra tentar me conquistar né, era meu primeiro contato com ele.
Combo Infinito: Um CCE que era cópia do Atari certo?
Alessandro: É, esse mesmo, mas era um CCE, que veio com 2 jogos. Era o Pacman e River Raid se eu não me engano, e foi o meu primeiro contato com jogos. Mas ali eu descobri que a minha paixão não eram os consoles, porque eu sempre fui um garoto muito de rua, de muitas amizades, e jogar em console restringe muito o seu círculo de amizades, porque você está em casa e não é qualquer pessoa que seus pais vão deixar entrar em sua casa e ficar lá com você, jogando. Ainda mais eu que tive uma infância bem complicada. Então, eu descobri aos 11 anos o fliperama, que virou minha paixão junto com os jogos de luta, que foi onde eu me identifiquei como gamer e fiquei até hoje.
Combo Infinito: Qual o seu jogo preferido?
Alessandro: Cara, eu tenho que dizer definitivamente que é Street Fighter. Eu jogo The King of Fighters, jogo Mortal Kombat, Marvel vs Capcom, Samurai Shodown. Mas em todos esses jogos o meu estilo de jogo vem da Street. É total! Por exemplo, eu jogo Marvel Vs Capcom com uma galera lá na Axis, os caras vem cheios de efeitinhos, joga pra cima – pá pá pá pá pá! Mas a minha parada é Street: defesa, defesa, pegou, pá pá pá, agarra, pow, agarra, pá, shoryuken, pá, hadouken, pá! Aí os caras: “porra, tu tá jogando Street!” e eu “pô, joga o teu, aqui não tem paradinha de especial, de voar, não tem”, e eles retrucam “mas você tá jogando Street cara, isso é jogo de tio!” e eu respondo “e tu que faz joguinho de borboleta voando por aí com o Wolverine hein? Uma hora tu tem que cair, e quando cair toma um Shoryuken ao contrário, pelas costas”. E se cai defendendo, eu espero ele tocar o chão, agarro, jogo, agarro novamente, enfim. Meu jogo é de Street, então mesmo eu jogando Mortal Kombat, eu jogo como se eu tivesse jogando Street. Eu defendo, estudo muito adversário. Se eu vejo que o adversário é muito de dar especial, ficar batendo, ele não defende. E se ele não defende, porrada!
Combo Infinito: Só ataca certo!?
Alessandro: Só ataca! Então, o cara que ataca muito, ele é totalmente vulnerável. E se você joga no estilo Street, que usa muito defesa, um cara desse já era!
Combo Infinito: Então quando foi lançado Street Fighter 4 você foi ao delírio…
Alessandro: Pô! Direto! Tenho até um Arcade em casa. Botei duas máquinas aqui no camarim, e os caras me perguntaram: “porra, porque você botou isso aqui cara?”, e eu “pô, porque deu vontade e é o que eu mais gosto de jogar pô, vamos jogar aí!”, e a galera fica jogando lá direto, passando um tempo na hora do descanso.
Combo Infinito: Muito legal! Porém, em meio a tudo isso e essa paixão pelos jogos, como nasceu a vontade de criar a Saga?
Alessandro: Quando eu comecei a trabalhar numa escola onde eu fiz um curso de informática. Eu comecei em 1997. Comecei trabalhando, claro que com o objetivo de ganhar dinheiro, mas quatro anos depois eu comecei a dar minha opinião de como a empresa poderia melhorar. E como eu trabalhava junto com o Roberto que é meu sócio, ele de uma unidade e eu de outra, a gente conversava, conversava e um dia surgiu a ideia: “cara, vamos abrir uma escola?” e ele me disse “vamos, mas o que falta?”, e eu disse: “falta dinheiro, eu não tenho, você tem?”. Ambos disseram que não, então nós buscamos um investidor que é o Odacir.
Combo Infinito: Algum jogo, de alguma maneira, influenciou na criação da Saga?
Alessandro: Não, nós começamos como escola de informática, com o nome de AIS Informática. Depois virou AIS Computação Gráfica, onde a gente só ensinava softwares e mais pra frente a gente implementou esta concepção da arte, o conceito artístico e virou Saga.
Combo Infinito: E como você conseguiu o contato com a Gnomon?
Alessandro: Em 2009 eu fui até um evento da Auto Desk, conversando com uma galera eu disse que eu tinha um sonho de conhecer a Gnomon, que eu só conhecia através dos DVDs da Gnomon Workshop. Então um dos meus amigos disse que conhecia um dos donos, e ele me perguntou quando eu ia embora. Eu disse que iria no outro dia, e ele “se você quiser posso te apresentar para os donos da Gnomon. Vou pra Los Angeles amanhã e se quiser já lhe apresento à eles”, e eu aceitei na hora. Peguei um rádio, liguei pro pessoal responsável pela viajem e eu falei pra trocar meu voo porque eu ia pra Los Angeles. Fui e conheci a Gnomon.
Combo Infinito: Porque o Brasil para realizar o The Union?
Neste momento, Alessandro deu um sorriso maroto e continuou:
Alessandro: Sou Brasileiro né! E cara, não tem nada aqui. O impacto do The Union ainda não é o que nós queremos, que é de dentro pra fora. O impacto hoje é de fora, pra dentro. Porque esses caras e o mercado hoje enxergam o Brasil de forma diferente, com outras perspectivas. Quando eles chegam aqui e enxergam o potencial desses estudantes, essa galera apaixonada, isso tudo muda na cabeça desses caras. Mas em um futuro próximo, esse impacto será daqui pra fora.
Combo Infinito: Você esperava esse sucesso tão grande que vocês tem aqui no Brasil, que é um mercado tão sofrido?
Alessandro: Não. Eu acreditava, eu sonhava. Mas é aquilo, você espera, mas não se prepara para o melhor. Você tem que se preparar para o pior, enquanto você torce pelo melhor. E esse sucesso foi um acidente muito feliz.
Combo Infinito: Sobre os efeitos especiais (VFX), você acha que deve ser utilizado para trazer mais realidade para a obra, ou para criar ambientes que seriam impossíveis de se ver no mundo real?
Alessandro: Acho que o Neil (Huxley) resumiu muito bem isso daí. Ele disse que “hoje em dia é utilizado muito efeito para se criar um filme”. Eu acho que, um filme tem que ser enriquecido com os efeitos. Os efeitos precisam fazer parte do filme e não o filme ser baseado nos efeitos que ele terá. São os efeitos que se adaptam ao filme. E a gente é um país com uma diversidade cultural e uma cultura esplendorosa, além de uma atmosfera riquíssima. Trazer os efeitos especiais pra cá será um tempero que vai cair muito bem em nossas obras, do nosso país. E daí, a explosão do nosso mercado poderá acontecer.
Combo Infinito: Qual o diferencial da Saga?
Alessandro: O diferencial da Saga? As pessoas. O nome é SAGA por isso. Uma saga de um grupo de pessoas. Eu tenho a minha história, o Roberto tem a dele, o Odacir também. Cada pessoa que você conversar na Saga, tem uma história. É uma história de um grupo de pessoas, e essas pessoas fizeram essa empresa acontecer. Foi o que eu tentei falar ali no palco no encerramento do evento, chamando toda aquela galera que está por trás de tudo que aconteceu aqui. Nada sai da cabeça de uma pessoa e num piscar de olhos ou em um estalar de dedos é concretizado. Nós somos uma equipe, então o diferencial da Saga são as pessoas.
Combo Infinito: É possível apontar um jogo que use de maneira plena os conceitos que a Saga ensina?
Alessandro: Não tem como eu te dizer isso, porque hoje existe uma diversidade tão grande. É tanta coisa que você vê. O nosso curso de games por exemplo é baseado em uma engine muito famosa, que é a Unreal Engine. Então se você pegar quantos jogos são baseados nessa engine, terá uma infinidade de exemplos. Vão de jogos para PC, iPhone, iPad, até o Ps3, Xbox, PS4. O conceito estará na Engine.
Combo Infinito: Voltando para o The Union, o que podemos esperar para o ano que vem?
Alessandro: Como disse o Neil (Huxley), “de foder!”. Será melhor que este ano, pois essa é a nossa meta, melhorar sempre. Evolução constante.
Combo Infinito: O que você acha que deve acontecer para o nosso mercado ser reconhecido como uma força mundial nos jogos? Inclusive, relacionado ao preço do PS4 por aqui.
Alessandro: O governo incentivar, apoiar e o governo ter pessoas como a gente. Pessoas que não são apenas empreendedores. Não estamos aqui só pra ganhar dinheiro. A gente entende, a gente sabe do que tá fazendo, ralando, com paixão no que faz. Então tem muita gente que tá lá e cria essas leis malucas, mas não faz ideia do que é esse nosso mundo. Precisamos de pessoas que entendam, pessoas conscientes. Que incentivem e apoiem o nosso país.
Agradecemos imensamente ao tempo disponibilizado à nós pelo Alessandro Bomfim e pela ótima entrevista e bate papo que tivemos com ele. E desde já lançamos o desafio “Combo Infinito vs Saga/Axis em Street Fighter 4″! Será que o Alessandro topa?
Esperamos que você leitor tenha gostado de mais esta entrevista, que sempre buscamos para nosso portal a fim de trazer conteúdo de qualidade para sua vida gamer. E não deixe de acompanhar as notícias ligadas ao The Union, pois ano que vem estaremos lá novamente. E se você gosta de jogos e pretende trabalhar no ramo, não deixe de acessar os sites das duas escolas de Alessandro Bomfim.
Saga: http://www.saga.art.br/br/
Axis: http://www.axis.art.br/pt/
