Crítica | Mulher Maravilha faz bonito, mas Warner e DC podem fazer melhor

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A DC e a Warner estão na busca por decretar que seu universo cinematográfico baseado nos personagens icônicos dos quadrinhos da DC existe e é de qualidade, mesmo que durante o percurso tenham ocorrido alguns contratempos. Após a trilogia Batman de Nolan, a ideia foi unificar todos os grandes personagens em um gigantesco universo onde finalmente poderíamos ver um filme da Liga da Justiça, aos moldes dos Vingadores da Marvel, que sem dúvida vem servindo de exemplo para uma grande parcela da indústria do cinema como um modelo de negócios viável e rentável, desde que a crítica e o público abracem suas criações.

Com Man of Steel (Homem de Aço) a DC começou a desenvolver este novo universo e o longa foi recebido com uma crítica mista. Batman V Superman deu sequência aos fatos e – em nossa opinião – conseguiu transmitir que o formato dos filmes da DC seria algo mais melancólico e sério do que os filmes da Marvel. A crítica como um todo pesou na qualidade da produção, mas mesmo assim Batman V Superman atingiu um público enorme e arrecadou uma quantidade altíssima de dinheiro, viabilizando mesmo com críticas a continuidade do universo da DC. Aí veio Esquadrão Suicida, que quase que de uma forma unânime, não agradou a ninguém. Para você ter uma ideia, nós aqui no Combo Infinito gostamos bastante de Homem de Aço e Batman V Superman (mesmo reconhecendo que ambos os filmes possuem problemas), mas Esquadrão Suicida foi um filme para se esquecer, salvando apenas a Arlequina e Deadshot.

Mas e a Mulher Maravilha rapaz?

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Pois bem, chegou a hora de finalmente conhecermos o filme solo da Mulher Maravilha, o primeiro longa deste gênero a ter como protagonista uma mulher, o que já vinha demorando bastante tempo para acontecer. Novamente com Gal Gadot no papel da Amazona após o gigantesco sucesso que a personagem e a atriz fizeram em Batman V Superman, temos agora um filme de origem que demonstra como Diana se tornou uma talentosa Amazona, aprendeu a lutar e finalmente a enfrentar o seu destino como uma super heroína. Apesar de importante para contextualizar tudo que veremos no futuro da personagem, a história não chega a envolver outros heróis da Liga, focando somente em Diana até por conta da época que tudo se passa.

O longa passou por momentos de dúvida enquanto era produzido, mas após colegas da imprensa participarem de uma pré- estreia em diversas partes do mundo, a sensação era que finalmente a DC iria agradar os fãs, críticos e público em geral com um filme inacreditável. Exageros a parte, temos um bom filme que marca realmente um novo recomeço para a DC, mas nem tudo deve ser tratado como positivo.

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Efeitos visuais abaixo do esperado

Talvez o grande problema de Mulher Maravilha seja o visual estranho em cenas importantes que deveriam trazer imersão, mas que no final das contas trazem dúvidas se realmente era pra ter saído daquele jeito e se não havia maneiras de alguém dizer “opa, isso aqui pode ficar melhor…“. Por diversas vezes somos surpreendidos por movimentos que não soam tão naturais assim em alguma transição da atriz para uma cena em computação gráfica, que fatalmente me fez lembrar de Matrix 2 nos momentos que Neo está lutando com os agentes Smiths e a ação alternava entre o ator e sua contra parte em CG, que claramente destoava na questão visual.

Cenas de luta que a personagem usa seu laço ou que é preciso um pulo mais exagerado, acabaram ficando aquém do esperado. Em outras cenas mais simples, o fundo da imagem também soa falso, como um chroma key de baixa qualidade, enquanto que em outros momentos tudo funciona muito bem. Que fique claro que a ação do filme é legal, mas por conta desses efeitos especiais Mulher Maravilha passa a andar numa gangorra de qualidade visual que deveria ter uma melhor atenção por parte da produção do filme, uma vez que tanto em Batman V Superman e Man of Steel tudo foi muito bem realizado neste aspecto e sua grande concorrência, a Marvel, fez filmes visualmente maravilhosos como Doutor Estranho.

Vale notar que a parte final é recheada de bons efeitos e funciona de uma maneira muito melhor executada que as demais partes do filme que citei acima.

Marvelizando a coisa toda


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Quem vem acompanhando os filmes da Warner e DC no cinema sabe que o tom mais obscuro toma conta de boa parte das produções, com histórias mais sérias e até mesmo trágicas, algo que também permeia as histórias em quadrinhos da DC – não estamos contando com Esquadrão Suicida -. Isso foi um ponto positivo ao meu ver, pois setava que a Marvel tinha uma forma de retratar seus personagens e a DC tinha outro. Mas com a má recepção de seus filmes e com esse tom mais dark como foco negativo em muitos comentários, é fácil perceber que em Mulher Maravilha há um tom mais leve e de fácil entendimento, com piadas aqui e ali em momentos que se encaixam muito bem e em outros que nem tanto. Steve Trevor (Chris Pine) faz muito bem esse papel de alívio cômico, mesmo que indiretamente. Seu personagem é uma espécie de via para a inserção de Diana no mundo dos homens e houve uma química legal entre os Gal Gadot e o ator.

A mudança de tom não é algo que devemos ver como negativo, afinal uma piadinha aqui e ali não faz mal em um filme deste gênero, mas como fã da DC sei que tudo poderia ser mais épico e menos engraçado que ficaria bom de todo jeito. Não gosto da ideia de que se a Marvel faz, a DC tem que fazer também e torço para que o filme da Liga da Justiça consiga medir melhor este aspecto. Em Mulher Maravilha o tom adotado vai funcionar muito bem (e vem funcionando), mas aposto que não serei o único a perceber que houve uma forçada de barra pra que risos fáceis ocorressem.

Os pontos fortes

Mesmo com os problemas citados acima, temos que também passar por tudo que Mulher Maravilha faz bem. Toda a história envolvendo a mitologia grega é extremamente bem explicada no começo do filme, o que faz a origem de Diana ser ainda mais crível e todo aquele universo que ela vivia. As Amazonas são apaixonantes com sua forma independente de viver e personalidade forte, exímias guerreiras e é uma pena que tenham aparecido tão pouco e tenhamos tão boas atrizes para interpretar cada uma delas que passaram pouco tempo na tela. Talvez a produção pudesse ter dedicado um tempo maior para conhecermos mais de seus costumes.

Gal Gadot começa sua interpretação como uma Amazona simples e comecei a ficar convencido, através de sua atuação que não estava tão boa assim, que ela não conseguiria levar o filme nas costas. No entanto, quando ela finalmente se torna a Mulher Maravilha – apesar de ninguém chamá-la assim -, ela volta a brilhar como em Batman V Superman. Ela nasceu para fazer este papel e mais uma vez o faz muito bem. Fico apenas pensativo se Gadot é realmente uma boa atriz ou se ela é uma ótima Mulher Maravilha e ponto final. Seja como for, apenas o futuro vai nos dizer e Gadot tem muito tempo pela frente para melhorar em todos os aspectos.

As cenas de ação, mesmo com os problemas visuais mencionados acima são muito boas e o uso de câmera lenta com partículas e faíscas para todo lado são um show a parte. As lutas são bem legais, apesar de na grande maioria ser um massacre de uma semi-deusa contra humanos normais, sem contar a parte final, que aí sim o bicho pega de verdade. A luz que o laço de Diana emite combina com as cenas e o tom pesado da guerra, além de que toda a contextualização da época está muito bem feita. As trincheiras, os horrores da guerra e a necessidade de sacrifícios deixam os momentos chave do filme com uma dose dramática pra lá de interessante. Talvez os vilões não sejam lá muito bons, a reviravolta demore demais para acontecer, mas a aventura tem um bom ritmo no geral.

Vá tirar sua própria conclusão e não se arrependa

Sem dúvida nenhuma Mulher Maravilha se trata de um belo filme, mas sabemos que os problemas encontrados no longa poderiam ser evitados, principalmente a parte visual que carece de um cuidado necessário para que um universo tão fantasioso se torne verídico. Embora a imersão e a experiência do filme acabem sendo prejudicados, é sensacional ver o universo da DC avançando, abrindo mais espaço para a heroína mais importante da DC e contextualizando ainda mais os motivos da personagem defender os humanos.

Não há como se arrepender de ir ao cinema, mas também não vejo maneiras de ficar alheio aos problemas mencionados aqui. A solução é, mesmo com tantos elogios e um falatório positivo ao redor do filme, que você vá ver o filme sem querer comparar demais com os demais longas de super heróis e sem querer ver o melhor deles já produzido, pois isso não vai acontecer. Você sairá satisfeito do cinema, mesmo que sua sensação seja a mesma que a minha, de que tudo poderia ter sido mais “Maravilhoso“.


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4 respostas

  1. Assisti o filme hoje também e não poderia discordar mais dessa análise. 7,0 é uma nota bem injusta. Os efeitos especiais do filme estão ótimos, esperava bem menos das cenas de ação, afinal, é uma Deusa amazona em combate, transmitir isso em uma tela é uma tarefa árdua. Os movimentos do laço ficaram fantásticos, assim como a batalha final no geral. Os diálogos dificilmente escapariam do “bobo”, afinal, Diana está conhecendo o mundo dos homens. Ela tende realmente a agir de maneira “boba” em algumas situações. A química dela com o Chris Pine está perfeita e a Gal brilha no filme inteiro. Apesar da mudança do tom, tendendo pra um lado mais leve e pipoca, ainda é um filme da DC no geral. Podemos ver o impacto da guerra e a discussão de temas atuais como o feminismo. A única coisa que senti que pesou para o lado negativo foi a ausência do gore (sangue) no filme, mas é compreensível por conta da proposta do mesmo. De qualquer forma, o filme na minha opinião merecia um 8,0!

    1. Respeito totalmente sua opinião e nem vou entrar no mérito doa efeitos especiais. Sobre o gore, é verdade. Teve um momento em que uma das Amazonas finca uma lança num soldado e a lança sai inteiramente sem sangue. Causa uma estranheza, mas é totalmente compreensível, assim como nas animações da DC o sangue quase que não aparece também.

      Sobre os diálogos não quis dizer que todos são bobos e gostei bastante da interação da Gal com o Pine, me refiro às piadas desenfreadas, nosso exageraram (minha opinião) e nem sempre é realmente engraçado. Mas concordo que continua sendo um filme DC, tanto que frisei que gostei do filme no geral, mas apontei o que me incomodou.

      Valeu pelo comentário cara! Volte sempre!

  2. Parece um bom filme! Para quem cresceu lendo HQ’s acho que um longa nunca será perfeito(risos), mas assistirei com alegria, é uma personagem querida e das mais importantes do Universo DC!

  3. Gostei do filme, mas não o melhor desse novo universo da DC. Homem de Aço continua sendo meu predileto filme. Qual seria sua nota Homem de Aço, Ariel?

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