Crítica | O Shaolin do Sertão até que diverte, mas escorrega nos próprios golpes

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O Shaolin do Sertão poderia ter mudado a maneira que as comédias brasileiras são vistas, já que ultimamente é complicado listar algum filme nacional que faça bem feito neste gênero. Baseado no sucesso de Cine Holliúdy, filme de 2013 que trazia Francisgleydisson como dono de um cinema em uma cidade pacata do Ceará, onde o cearensês era a língua predominante, Shaolin do Sertão até que tenta, mas não consegue repetir a mesma qualidade tanto em roteiro quanto em execução, e acaba ficando no meio termo do que poderia, até mesmo, ter sido “Só o Pitel“, que do cearensês significa “ótimo”.

O Shaolin Cearense

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A história se passa na década de 80, época onde os brucutus fizeram tanto sucesso quanto os Backstreet Boys fizeram nos anos 90. O “macho” da vez é Aluízio (Edmilson Filho), um padeiro que sonha em um dia ser um lutador com técnicas milenares chinesas. Careca, como um monge, é apaixonado pela “corralinda” Anésia Shirley (Bruna Hamú), filha de Seu Zé (Dedé Santana), o dono da padaria. No entanto, a moça é noiva de Armandinho (Marcos Veras) e sobra para a mãe do pequeno Shaolin, Dona Zefa (Fafy Siqueira) aguentar os lamentos e os devaneios do sonhador Aluízio.

Quando, numa espécie de UFC do Sertão, um lutador em decadência decide criar desafios nas pequenas cidades do Ceará e anuncia um evento, junto com o Prefeito para enfrentar alguém da cidade em que Aluízio faz pão, o Shaolin decide que é hora de buscar a ajuda milenar de um antigo guerreiro chinês chamado Chinês, que por incrível que pareça é interpretado por Falcão, o cantor do nordeste.

Potencial desperdiçado

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Se o Shaolin do Sertão fosse metade do que o trailer demonstrou, já seria um clássico do cinema brasileiro. Cheio de ideias bacanas, som e efeitos bem executados, o trailer criou uma expectativa acima do normal em quem o viu. Quando eu vi que se tratava de um filme do diretor Halder Gomes, que também dirigiu Cine Holliúdy, já gritei em pensamento “arre-diabo!“. Mas a empolgação com o filme acabou passando logo nos primeiros minutos. Apesar de a cena inicial ter uma ótima ideia, mostrando o pensamento de Aluízio em forma de filme dos anos 80, cheio de chuviscos e efeitos na tela contra chineses que falavam cearensês (pensa se isso não é épico), tudo acaba mudando no decorrer do filme e a empolgação se esvaiu. As coisas não decolavam, parecia que estava vendo um filme do Didi (desses últimos, sem qualidade), com humor que era um misto de Zorra Total com Cine Holliúdy, por mais que essa comparação e junção das ideias possa doer em quem gosta do filme de 2013.

O roteiro até que é bom, tem momentos em que Edmilson Filho consegue fazer Aluízio ser engraçado, mas quem acaba brilhando mesmo é Piolho, um garoto que acompanha Aluízio em suas aventuras. O menino tem um cearensês nato, quase impecável (porque se fosse impecável só cearense entenderia), e ele simplesmente rouba a cena. Talvez Piolho seja o melhor que O Shaolin do Sertão tem a oferecer, junto com algumas boas cenas que Edmilson Filho consegue transformar em coisa boa, graças a sua habilidade de interpretação e de técnicas milenares chinesas, em que golpes desferidos em sequência acabam em uma dança de forró.

O Ceará mais Chinês que você vai ver

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Diversas vezes Aluízio sonha acordado e o ambiente onde ele está é transformado numa espécie de sertão da China. Estes talvez sejam os melhores momentos do filme e se ele se passasse totalmente dentro daquele universo, com chineses dando sopapos uns nos outros e andando em jegues, talvez O Shaolin do Sertão pudesse ter funcionado melhor. Quando estamos fora destes pensamentos, só a forma de Aluízio se vestir, como um monge chinês com aqueles chapéus gigantes na cabeça, já serve pra deixar as coisas diferentes e engraçadas.

O visual é uma das melhores partes de o Shaolin do Sertão. Consegue agradar tanto quem é do Ceará ou do nordeste do Brasil, que já conhece boa parte das localizações que o filme utiliza, quanto aqueles que nunca foram às suas terras. Os clichês existem aos montes, mas servem de homenagem à região e aos filmes dos anos 80, e funciona bem em diversos momentos.

Crise de identidade

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Assim como Aluízio não sabe se pode mesmo ser um lutador milenar chinês, O Shaolin do Sertão também não sabe ao certo se é um filme que faz as honras aos diversos longas dos anos 80 baseados no Kung fu, ou se é um filme que nasceu pra explorar o Ceará e suas singularidades. O vocabulário digno de Cine Holliúdy está lá, mas tudo que o filme trata fica no meio termo, faltando criatividade.

Não é um terror total, pois apesar de não funcionar tão bem quanto poderia, O Shaolin do Sertão tem seus bons momentos, com cenas de risos e boas atuações. Até o Falcão surpreende com suas frases prontas e forma de agir. Mas é fato que o espectador fica esperando pelo momento chave, onde o ingresso vai valer a pena e acaba saindo do cinema com a sensação de “não era isso que eu esperava macho”.

O Shaolin do Sertão estreia amanhã nos cinemas brasileiros, mas no nordeste o filme já fez a sua estreia e destruiu na bilheteria, ao ponto de Halder Gomes anunciar a produção de Cine Holliúdy 2. Esperamos que todo o time possa aprender com os erros de Shaolin do Sertão e voltar a acertar como foi no primeiro Cine Holliúdy. Se você gostou do filme de 2013 e quer tirar a prova, vá ao cinema, tenha a sua própria conclusão sobre O Shaolin do Sertão, mas vá com a empolgação mais baixa que o normal.

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