Emil Salim revela como Diablo homenageia Berserk em crossover inédito
Os jogos Diablo IV e Diablo Immortal, da Blizzard, acabam de receber uma das colaborações mais inesperadas e emocionantes do universo dos games: uma parceria com Berserk, o aclamado mangá de dark fantasy criado por Kentaro Miura.
O anúncio, feito durante a gamescom latam 2025, surpreendeu tanto fãs de RPGs quanto leitores apaixonados pelo sombrio universo de Guts. Para entender melhor como essa junção foi possível — e como se deu o processo artístico dessa fusão entre mundos tão distintos — o Combo Infinito conversou com Emil Salim, Lead Artist de Diablo Immortal.
A seguir, ele revela detalhes sobre a produção, as decisões criativas e o respeito absoluto à obra de Miura.
Capturar a alma de Miura em três dimensões
Uma das primeiras questões levantadas na entrevista foi o desafio técnico e artístico de traduzir as ilustrações complexas e emocionais de Berserk para um universo 3D como o de Diablo. Segundo Emil, o processo foi surpreendentemente fluido — muito graças à colaboração com a equipe responsável por manter o legado de Miura vivo.
“Nós fomos muito cuidadosos para capturar exatamente a essência do trabalho de Kentaro Miura nessa colaboração. E eu diria que, em termos de desafios, não houve nenhum ponto que foi super, super desafiador para nós.”
Isso se deve, em grande parte, ao suporte constante da equipe de Berserk, que acompanhou o desenvolvimento praticamente todos os dias.
“Eles sempre estavam muito abertos a todas as nossas ideias, e também nos deram várias novas. Foram extremamente compreensivos quanto ao processo de tradução de um mangá para um jogo 3D.”
Essa sinergia facilitou o trabalho artístico de forma significativa, especialmente quando a equipe da Blizzard recebeu os esboços originais de Miura, incluindo artes que não estão publicadas nos volumes do mangá. Emil descreve o momento como mágico:
“Nós tivemos que parar e digerir o que estávamos olhando. Era como encarar uma peça de museu. Havia anotações em japonês, provavelmente orientações pessoais dele para outros artistas. Foi um momento muito importante para todos nós.”
Recriando a batalha de Zodd e homenageando a Eclipse
Entre os destaques da colaboração, a inclusão do personagem Zodd chamou a atenção dos fãs. Emil explica que a equipe recriou fielmente a batalha inicial entre Zodd, Guts e Griffith, presente nos primeiros volumes do mangá.
“Tentamos recriar aquela cena inteira. Durante a luta, ele perde o braço e o regenera, cresce asas, ataca do alto… Tudo isso acontece na mesma ordem que no mangá. Até o ambiente foi desenhado para parecer o cenário original da batalha.”
A fidelidade não para por aí. A equipe também incorporou o evento do Eclipse, um dos momentos mais icônicos e traumáticos da obra de Miura. “Agora os jogadores conseguem literalmente experienciar esse momento, viver o Eclipse no jogo. Tudo foi desenhado para parecer exatamente como na obra original.”
Um tributo visual à obra de Kentaro Miura
Além de recriar personagens e eventos marcantes, a equipe de arte também se dedicou a algo mais sutil: incorporar o estilo visual de Miura nos detalhes técnicos de Diablo. Emil e o time tentaram replicar o trabalho de linhas do mangá nos efeitos visuais das armaduras e cosméticos.
“Nós realmente adoramos como Miura usava os traços para expressar movimento e emoção. É quase poético. Tentamos capturar isso também.”
Em momentos específicos da última cinemática de Diablo Immortal, segundo Emil, é possível perceber essa homenagem de forma explícita:
“Há alguns segundos em que trocamos rapidamente para um estilo visual parecido com o mangá. Isso é um tributo direto a várias peças da obra original.”
A equipe ainda reproduziu a edição e composição dessas cenas para que evocassem o mesmo impacto dramático das páginas de Berserk.
Uma colaboração inevitável


Apesar de toda a carga simbólica e a força narrativa dessa colaboração, Emil afirmou que a integração entre os universos foi mais natural do que muitos imaginam. Emil também compartilhou que a colaboração foi pensada com uma lista extensa de ideias, das quais muitas conseguiram ser realizadas.
“O trabalho de Kentaro Miura influenciou tantos artistas ao redor do mundo que você pode traçar uma linha direta entre Berserk e Diablo. Tudo caiu no lugar de forma muito orgânica.”
“Nós queríamos capturar esse tipo de animação estereotipada — cortes rápidos, ângulos épicos, emoção em cada quadro. E conseguimos incluir tudo isso.”
Quando questionado se havia algo que ficou de fora, ele respondeu com orgulho:
“Fomos muito fortes em realizar tudo o que planejamos. Se eu tivesse uma segunda chance, incluiria mais personagens e armas icônicas, porque Berserk tem muito disso. Mas acho que encontramos o balanço perfeito entre entregar conteúdo e não sobrecarregar os jogadores.”
O futuro de Diablo e o potencial para novas colaborações


Embora o conteúdo de Berserk em Diablo seja temporário, a recepção tem sido tão positiva que muitos se perguntam se haverá uma forma de torná-lo permanente ou expandi-lo futuramente. Emil, que atua no departamento de arte, afirmou que essas decisões cabem a outras equipes dentro da Blizzard, mas deixou claro que o sucesso da iniciativa abre portas para colaborações futuras.
“Estamos abertos a qualquer marca que se encaixe naturalmente com Diablo. Não temos uma franquia específica em mente, mas estamos dispostos a explorar qualquer universo que faça sentido dentro da atmosfera do jogo.”
Mesmo sem confirmar novos crossovers, Emil deixa claro que a equipe está empolgada com as possibilidades.
“O time está aberto a uma grande variedade de franquias. E se surgir uma oportunidade com o mesmo nível de sinergia que tivemos com Berserk, com certeza vamos querer explorar.”
Vale destacar que a colaboração já está disponível, e ficará em vigor em Diablo IV até 3 de junho. Já em Diablo Immortal, jogadores poderão testar o novo conteúdo até 5 de junho. Portanto, aproveite!
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