Eu confesso que estava totalmente desinteressado em Elden Ring: Nightreign. Seu anúncio no The Game Awards 2024 trouxe uma sensação contrária ao que a FromSoft estava acostumada a fazer com seus títulos.
Como quem jogou e amou Elden Ring (2022), Nightreign teria que me surpreender muito para justificar sua existência — e, para minha surpresa, ele conseguiu. O mais novo título da FromSoft é uma carta de amor para os fãs dos jogos do estúdio, seja quem amou Elden Ring, seja quem amou tudo que o estúdio fez ao longo de quase duas décadas, como por exemplo a franquia Dark Souls.
O Combo Infinito teve a oportunidade de jogar antecipadamente graças ao envio de uma cópia do jogo em sua versão de PS5 pelas mãos da Bandai Namco e da FromSoft. Elden Ring: Nightreign estreia no dia 30 de maio de 2025 nas plataformas PS4/PS5, Xbox One/Xbox Series e PC.
Derrote os Senhores da Noite


Elden Ring: Nightreign se passa em um universo paralelo ao de Elden Ring, onde as Terras Intermédias foram invadidas pela Noite. Este fenômeno trouxe desordem com a presença de criaturas que assolam Limveld. Para deter a presença da Noite, você (jogador) deve derrotar os Senhores da Noite, criaturas imponentes responsáveis por trazerem este fenômeno às Terras Intermédias.
No jogo, você é chamado de Viajante da Noite, com classes de atributos pré-distribuídos e habilidades únicas. Sua missão é sobreviver a cada uma das expedições (que acontecerão durante 3 dias), onde finalmente você enfrentará o Senhor da Noite.
Para quem jogou Elden Ring, Nightreign será uma jornada que entrega uma sensação de continuidade, ao invés de novidade. Falo isso porque o jogo começa na Mesa Redonda, uma hub social presente em Elden Ring, que hospeda diversos NPCs e segredos. Nightreign respeita essa ideia, apresentando novos NPCs e escondendo detalhes da narrativa. Embora seja uma experiência multiplayer, o jogo mantém a tradição da FromSoft em contar suas histórias. Eu confesso que fiquei surpreso com a quantidade de informações sobre histórias escondidas em documentos e infos dos personagens.
Além das missões que exigem a presença de 3 jogadores, há também missões exclusivas para cada classe que expandem a história desses personagens e desbloqueiam vantagens.
Elden Ring: Nightreign possui um mundo a se desvendar. E se você ama a forma como a FromSoft conta suas histórias, os mistérios por trás de Nightreign vão te agradar.
Planeje bem sua rota e sobreviva!


Apostando em elementos roguelite e battle royale, Nightreign cria seu gameplay. Seja solo ou na companhia de mais dois jogadores (co-op até 3 jogadores), você deve sobreviver durante 3 dias até enfrentar o chefe final de cada expedição.
O caminho até esse grande clímax é o que faz de Elden Ring: Nightreign uma experiência viciante e recompensadora. Depois de escolher suas classes, você é levado a um mapa bastante extenso com chefes de áreas, igrejas para aumentar seu item de cura, masmorras e locais de graça. Ao longo do dia, deve derrotar inimigos para subir de nível. Desta vez, não será preciso distribuir runas nos atributos da classe. Ao subir de nível, apenas as barras de vida, magia e estamina, bem como o ataque das armas, serão aumentados.
Portanto, saber trilhar o caminho de forma segura e explorar cada canto do mapa é a chave para sobreviver e enfrentar o chefe ao final de cada dia. Enquanto explora, uma névoa começa a se mover — como em todo battle royale — e os jogadores deverão ser rápidos para escaparem dela, enquanto tentam subir de nível ao máximo. Ao final de cada dia, essa névoa (chamada de Maré da Noite) se fecha em um local específico do mapa, onde ocorre uma batalha contra um chefe. Se vencer essa batalha, você continuará sua expedição até enfrentar o Senhor da Noite no terceiro dia.
Mapa vivo, névoa mortal e combates brutais
Cada expedição traz uma forma distinta de abordagem, onde sua estratégia pode dar muito certo ou errado. O jogo possui apenas um mapa, mas este está sempre atualizando os locais de inimigos, bem como o ponto de aterrissagem, ao repetir uma expedição após falhar. Mesmo com a velocidade de locomoção aumentada e sem consumir estamina, esse detalhe influencia apenas na exploração. Durante os combates, tudo segue a fórmula FromSoft de ser.
Há boas surpresas em Nightreign, que vão agradar os fãs da FromSoft, como figuras icônicas de franquias como Dark Souls. Conforme você vai concluindo expedições, novas áreas, inimigos, mistérios e desafios são adicionados. Essas adições enriquecem o senso exploratório e mostram o poder que a FromSoft tem em esconder segredos em seus jogos.
Mas há ressalvas…


Só é possível jogar Elden Ring: Nightreign solo ou em trio. A falta de suporte a partidas em dupla prejudicou minha experiência quando não havia um terceiro jogador, me forçando a depender do matchmaking — que é péssimo para encontrar jogadores. Meu palpite é que o jogo coloca os jogadores conforme a compatibilidade de expedições. Ou seja, para formar um trio com outros dois jogadores, eles devem ter escolhido a mesma expedição que eu.
Quando se trata de experiência multiplayer, os estúdios deveriam considerar todas as situações possíveis: quem joga com muitos amigos, quem joga com apenas um e quem joga sozinho. Nightreign erra ao não oferecer uma opção co-op para dois jogadores. Eu fui vítima dessa limitação quando não havia um terceiro para completar o trio. Foi frustrante depender do matchmaking do game.
Como roguelite, Elden Ring: Nightreign traz pouca variedade de recompensas — tanto nos itens deixados por inimigos e chefes, quanto nas relíquias adquiridas ao final de cada expedição. Há uma quantidade considerável de relíquias repetidas, que não justificam o desafio enfrentado para obtê-las.
Isso é frustrante, dado o nível de complexidade de cada batalha. Durante minha experiência, me deparei com recompensas muito semelhantes às de expedições anteriores, mesmo após reprisar a mesma expedição após falhar. Isso compromete a proposta de um roguelite.
Previsibilidade e problemas técnicos


Outra ressalva está nos momentos que antecedem os chefes ao final de cada dia. Antes do combate, enfrentamos inimigos menores. No começo, é tudo muito inédito e surpreendente. Porém, após muitas horas, passa a ser previsível. Já é possível deduzir qual chefe virá, com base nos inimigos anteriores. Embora isso prepare o jogador, particularmente me incomodou. Tirou um pouco do brilho da experiência.
Além disso, a velocidade com que a névoa avança pelo mapa é excessiva e pode prejudicar a exploração do jogador, especialmente antes do último dia. Nada que uma atualização não possa resolver.
Um dos trunfos de um roguelite é a imprevisibilidade — e é justamente isso que falta em Nightreign após muitas horas de gameplay. E nem me refiro ao mapa único: ter um só mapa é uma forma válida de tornar a experiência mais fluida e familiar ao jogador. O problema é a previsibilidade dos eventos.
Joguei no PS5 base, e o desempenho técnico seguiu o mesmo padrão de Elden Ring, com quedas sutis e severas de FPS em certos momentos. É algo crônico da FromSoft que, sinceramente, não vejo sendo resolvido. Além das quedas, presenciei crashes durante a jogatina. Em determinado momento, o jogo travou e fui removido da partida. Ao tentar voltar, o jogo travava novamente — isso ocorreu repetidamente, até que o problema se resolveu. Depois disso, não tive mais crashes.
Mas afinal, Elden Ring: Nightreign é tudo isso mesmo?
Enquanto Nightreign escorrega em sua proposta de roguelite e em algumas escolhas de design, ele brilha ao manter o pedigree da FromSoft nas batalhas contra os Senhores da Noite. Cada chefe é inédito e um espetáculo à parte em visual, design e trilha sonora — com exceção dos cenários de combate, que são sempre os mesmos. O jogo mantém o nível de excelência nas batalhas do título base e prova mais uma vez a criatividade da FromSoft em criar encontros desafiadores e memoráveis. Simplesmente épico.
Depois de muitas horas, é impossível não ser fisgado pela proposta de Elden Ring: Nightreign. Voltar às Terras Intermédias é um frescor, com novas mecânicas e confrontos épicos. A tentativa de trazer uma experiência roguelite é falha, mas logo ofuscada pelas batalhas finais, pelas surpresas oferecidas e pelos mistérios escondidos.
Elden Ring: Nightreign é um presente da FromSoft para seus jogadores, que ao longo dos anos exploraram seus jogos e derrotaram seus chefes mais icônicos. Agora, terão a oportunidade de reviver esses momentos e enfrentar novos desafios, com a grandeza visual e criativa que consagrou o estúdio.
Por fim, minha maior curiosidade é saber como Nightreign será sustentado com novos conteúdos. Mesmo com a FromSoft negando que o título seja um live service, é difícil não compará-lo a um. De toda forma, Elden Ring: Nightreign pode muito bem ser a ponte ideal até a chegada de uma verdadeira sequência para Elden Ring.
Veredito: Elden Ring: Nightreign é uma carta de amor da FromSoft para sua legião de fãs. Esta nova proposta que aposta em elementos roguelite com multiplayer cooperativo é viciante, divertida e uma nova forma de se desafiar com figuras novas e icônicas. No entanto, como roguelite, há deslizes nada impossíveis de serem remediados. – João Antônio
Nós recebemos Elden Ring: Nightreign gratuitamente para review e agradecemos à Bandai Namco e à From Software pela confiança.