Quem gosta de jogos precisa realmente gostar de todos os jogos?

The Last of Us

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Apesar do atual momento dos videogames ser bastante diversificado no que diz respeito a gêneros, jogos tradicionais — em sua maioria títulos que possuem alto valor de produção — dominam grande força o mercado como um todo. Consequentemente, eles atingirão um público muito maior, e uma parte dele consumirá somente uma parcela do que têm a oferecer. Mas, será que limitar-se a apenas e exclusivamente a estes jogos é motivo para desvalidar alguém que aprecia videogames? Com certeza e absolutamente, não.

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Não é necessário ir muito longe para conhecer e viver experiências diferenciadas e não me refiro a apenas jogos que em sua essência foram concebidos para serem realmente diferentes do padrão de grandes produções. O Steam e as lojas virtuais dos consoles estão cada vez mais recheadas com jogos para todos. E, claro, Call of Duty, FIFA, Battlefield, Grand Theft Auto, e afins sempre estarão em evidência, absorvendo uma enorme quantidade de olhares. Isso não é um problema, uma vez que a grande e esmagadora maioria das pessoas adquirem um aparelho para jogos com o intuito de jogar títulos como estes. É um caminho linear e bastante trilhado, entretanto não deve ser condenado com tanto fervor como alguns o fazem.

Porém, existe grande divergência entre não gostar de um videogame e nunca tê-lo experienciado, classificando-o então como algo que não lhe convém ao gosto individual, o que ocorre com uma frequência considerável. O segundo caso envereda para um antigo problema da sociedade em geral: “nunca provei, logo, não deve ser bom”.

É comum observar aqueles que jogam RPGs ocidentais não expandirem seu gosto para outras obras do mesmo gênero, mas feitas com características diferentes das já padronizadas neste lado do globo. Não tentar apreciar uma obra somente porque não está habituado com os aspectos que oferece é uma infeliz auto-restrição. O jogo, ou gênero, que tanto é desprezado por alguém possua, talvez, qualidades que o tornem especial para, fazendo-o, portanto, transformar sua visão e adicionar conhecimento.

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Persona 3 à esquerda e The Witcher 3 à direita

Contudo, há aqueles que sabem da existência e têm conhecimento de outros jogos, mas que preferem permanecer em uma zona estabelecida por eles próprios. Nesses casos, é comum encontrar pessoas que se dedicam a um só videogame, seja porque querem tornar-se os melhores competitivamente, ou mesmo estudá-lo para fins pessoais (como quem produz conteúdo na internet especificamente sobre um jogo ou destrincham-no para atuar em alguma área do esporte eletrônico).

Outra questão válida de se observar é o fato de que todos nós somos seres singulares, ou seja, não necessariamente ao experienciar um tipo de obra um sujeito irá começar a apreciá-la totalmente, mas é consequência a expansão de sabedoria, por menor que seja, sobre aquele videogame. Isso é muito mais importante do que tornar-se um fanático por ele, pois o fanatismo atua apenas como mais um muro que limita e atrasa o que pode ser vivido posteriormente.

Mesmo aqueles que são assíduos e tentam jogar uma grande variedade de games, acabam tendo suas preferências, provando então que não é preciso gostar de todos eles, mas enxergar o valor que ali existe, e não desconsiderar uma parte deles somente por não se ver tendo a melhor experiência de sua vida, ou julgar apenas pela estética ou comentários de meios sociais.

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Além disso, pessoas que enxergam videogames com uma visão mais crítica do que a de um fã  – mídia especializada, principalmente – costumam ter suas preferências, corroborando com a ideia de aquele que gosta de jogos não precisa gostar de todos eles. Desenvolvedores também não são excluídos deste conjunto. Embora joguem o máximo que possam para fins de seu próprio trabalho, acabam se relacionando mais intensamente com uma parcela dos títulos, tendo também suas prioridades pessoais.

Para Henrique Sampaio, jornalista que passou por diversas publicações impressas e atualmente é editor do site Overloadr e da revista Mundo Estranho Games, é uma tarefa muito improvável conseguir jogar tudo o que a indústria atualmente nos oferece.

Você será incapaz de apreciar tudo nas mesmas proporções. É humanamente impossível, não apenas devido à enorme quantidade de jogos que são lançados todos os dias (incluindo aí jogos de médio e baixo orçamento, publicados de forma independente) mas também pelo simples fato de que cada indivíduo possui seus próprios gostos, interesses e história de vida“, me disse ele.

De acordo ainda com Sampaio, a variedade que tem-se hoje mostra que nem tudo é para todos. “Falar que certos jogos não são para todos — seja um Grand Theft Auto, seja um puzzle obscuro qualquer no Steam — é uma enorme obviedade, assim como certos filmes, peças de teatro ou livros não são para todos. Jogos demandam diferentes graus de habilidade, sensibilidade, intuição ou mesmo vivência para serem apreciados e compreendidos.

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Odallus: The Dak Call (JoyMasher)

Já Danilo Dias, do estúdio JoyMasher, responsável por obras como OnikenOdallus: The Dark Call, explicou que não é preciso apreciar intensamente todos videogames. “Olha, eu não acredito que devemos gostar de todos os jogos, eu mesmo sou desenvolvedor e sou chato pra caramba. Eu lembro que esse ano até fiquei desanimado quando vi a E3 e questionei mais ou menos a mesma coisa.

Eu vi vários jogos mas eu não tive vontade de jogar nada. Na verdade com o passar do tempo eu raramente jogo um lançamento ou algo mais novo, lembro que ano passado, 2015, os únicos jogos ‘novos’ que joguei foram Dark Souls 2 Scholar of the First Sin e Wolfenstein: The New Order. Esse ano foi pior ainda, eu não joguei nada novo…

Ele mostra seu desapontamento falando ainda que “não estou dizendo que os jogos modernos são ruins, mas eu acho que estão se comunicando cada vez menos comigo“.

No fim das contas eu não acho que sejamos obrigados a gostar de tudo“, finaliza o desenvolvedor.

Portanto, se você gosta de jogar apenas videogames de futebol, tiro e ação tradicionais, ou então aqueles tão desconhecidos que vivem na escuridão do Steam, não está indo contra os “conceitos de jogar games”, pelo contrário, está fazendo exatamente o que ele diz: jogar. Ninguém possui o direito de desvalidar seu apreço pela arte interativa.

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