Star Wars Outlaws acerta em alguns aspectos, mas, como um Stormtrooper, erra muitos tiros – Análise | Review

Star Wars Outlaws é o mais novo produto da icônica franquia criada por George Lucas. Desenvolvido pela Massive Entertainment e publicado pela Ubisoft, o jogo estreou em 27 de agosto de 2024.

Embora a franquia Star Wars seja conhecida por seus diversos produtos além dos filmes, todos eles tradicionalmente retratam Jedis — guerreiros altamente capacitados e dotados de poderes sobrenaturais. No entanto, desta vez, a Ubisoft e seus parceiros optaram por uma abordagem diferente: ao invés de focar em heróis iluminados com habilidades de combate extraordinárias, a protagonista é uma ladra, uma anti-heroína ao estilo de Han Solo.

Produto Star Wars

Antes de qualquer coisa, Star Wars Outlaws tem a responsabilidade de ser um verdadeiro produto Star Wars. Em vários aspectos, o jogo se destaca, mas também deixa a desejar em outros. Um dos grandes acertos é a ambientação; locais icônicos como Tatooine, Kijimi e Akiva são recriados com uma estética fiel ao universo criado por George Lucas.

De fato, é fascinante explorar esses planetas em sua “totalidade”, e as criaturas e raças familiares também estão presentes. No entanto, a personagem principal e suas características nem sempre se encaixam bem com a narrativa do jogo. As missões poderiam ser mais bem trabalhadas para criar uma conexão mais autêntica com a franquia.

Gráficos, som e performance

Primeiramente, devo destacar que o visual do jogo, em termos de estética, é de muito bom gosto. No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre a modelagem dos personagens. Muitos personagens, tanto os ativos quanto os NPCs, poderiam ter uma qualidade visual superior. Embora a Ubisoft tenha a capacidade de entregar gráficos de alta qualidade, o resultado final deixa a desejar. Não é um desastre, mas claramente poderia ser melhor.

Por outro lado, o som é excelente. A trilha sonora e os efeitos especiais são elementos que, junto com o visual, realmente imergem o jogador no universo da franquia. Estão muito bem feitos e trabalhados com maestria. E, surpreendentemente, a performance do jogo está bem ajustada, sem quedas bruscas que comprometam a experiência do jogador.

História

Em “Outlaws”, a narrativa segue várias linhas diferentes, mas não se preocupe, vou abordá-las sem spoilers. O jogo se passa entre os filmes “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi“, então você encontrará algumas referências e personagens que ajudam a situar a cronologia. Além dos locais icônicos da franquia, como Tatooine, o jogo também apresenta lugares inéditos criados especificamente para esta experiência.

A história se concentra nas peripécias de Key Vess e seu fiel companheiro Nix. Key Vess se mete constantemente em encrenca, e para resolver uma confusão, acaba se envolvendo em outra. No entanto, após cerca de 80% do jogo, você ganha um novo propósito e a narrativa começa a ganhar um valor diferente, tornando-se realmente interessante. Vale ressaltar que leva um tempo para a trama se engrandecer de fato.

Gameplay

Key Vess tem algumas cartas na manga para enganar e atrapalhar a vida dos personagens no jogo. Ela conta apenas com sua blaster (uma pistola que dispara raios de energia) e com o auxílio de Nix, seu fiel escudeiro. Nix, uma criaturinha adorável, é crucial para a estratégia de gameplay, realizando tarefas como abrir e fechar portas, desligar interruptores, sabotar alarmes, distrair inimigos, atacá-los e resolver puzzles de cenário. Ele é fundamental para o sucesso no jogo, enquanto Key Vess depende bastante do stealth, com recursos limitados.

A mecânica de passar despercebido é amplamente explorada em “Outlaws”, e isso pode se tornar cansativo. Jogar no stealth é extremamente repetitivo, com pouca variação nos cenários e nas mecânicas de invasão. A falta de criatividade neste aspecto torna a experiência monótona.

Além disso, um ponto negativo é o fato de Key largar armas de médio e grande porte durante interações com o cenário. Por exemplo, se ela pega uma lança-granada de um inimigo e precisa subir em uma plataforma ou se esconder, ela deixa a arma no chão. Esse detalhe parece pouco coerente.

• Minigames

O jogo inclui alguns minigames, como o Sabac (um jogo de cartas), hacks e fliperamas. O destaque vai para o Lock Pick (grampo), uma ferramenta usada para abrir portas e baús trancados. Esse mini-game envolve uma mecânica rítmica, onde você deve apertar o botão na sequência e no timing corretos para desbloquear a fechadura. É uma adição interessante e diferente ao jogo.

• Upgrades

Em “Star Wars Outlaws”, você pode melhorar sua nave e seu speeder de duas maneiras: coletando peças durante suas explorações e usando dinheiro para upgrades, ou buscando recursos e completando atividades nos mapas. O jogo não possui um sistema de XP tradicional; em vez disso, você desbloqueia novas habilidades ao completar atividades específicas e encontrar personagens que liberam essas possibilidades. Explorar cada área pode ser bastante vantajoso nesse aspecto.

• Facções/Sindicatos

Esse foi um dos elementos mais promovidos do jogo, mas poderia ter sido mais criativo. As facções e sindicatos seguem uma fórmula repetitiva, onde as missões se tornam monótonas após um certo ponto. A ideia de ter clãs e sindicatos distintos que exigem diferentes mecânicas e estratégias poderia ter sido melhor desenvolvida. Com o tempo, a influência das facções sobre o jogo se torna menos relevante, tornando-se apenas um detalhe secundário.

Conclusão

“Star Wars Outlaws” prometeu muito, mas acabou entregando menos do que se esperava. Embora tenha ideias interessantes, a execução deixa a desejar. Como um produto da franquia Star Wars, tinha potencial para alcançar a excelência, especialmente ao trazer uma personagem que remete a um tipo de Han Solo. No entanto, o gameplay repetitivo e a falta de criatividade comprometem a experiência geral. Por isso, o jogo merece uma nota 7.