CUIDADO: O TEXTO CONTÉM POSSÍVEIS SPOILERS!
Se os dois primeiros episódios já davam indícios de que estamos presenciando uma das melhores adaptações de jogos nos últimos tempos (senão a melhor), o 3º episódio de The Last of Us, da HBO, dirigido por Craig Mazing, Neil Druckmann e Peter Hoar, conquistou um patamar que muitos fãs da franquia não esperavam.
Intitulado “Long, Long Time,” pela primeira vez, o público não acompanhou os protagonistas no 3º episódio da produção, mas pôde ver a história emocionante entre Bill (Nick Offerman) e Frank (Murray Bartlett), completamente diferente do que o jogo original apresentou – apresentando uma história muito mais complexa dos personagens, onde tudo fica muito mais explícito e confirma que eles eram, de fato, um casal.
Qual a verdadeira história de Bill e Frank nos jogos?
Assim como no seriado, Bill é apresentado no jogo de 2013 como um conspiracionista que vive em uma pequena cidade, comandada por ele, onde ele se recusa a compartilhar recursos com outras pessoas. Frank, por sua vez, foi uma das únicas pessoas que viveu com o personagem nesta cidade, tendo vivido em conjunto com ele por cerca de 20 anos.
Apesar da amargura de Bill com pessoas desconhecidas, seu destino com Joel acaba cruzado anos antes. E, com sua missão de levar Ellie para o outro lado da cidade, o protagonista precisa de um carro para seguir a viagem, algo que ele pede a Bill durante sua jornada. Uma das partes mais legais desse arco é a relação de Bill e Ellie, que logo de cara não se dão nada bem e constantemente se ofendem.
Embora a relação de Bill e Frank seja desconhecida por Joel, um pouco da história dos personagens é revelada por meio de bilhetes encontrados na cidade e conversas com Bill. Um dos artefatos mais importantes é uma carta de suicídio – bastante agressiva – que Frank deixa para trás. A nota diz que Frank “odiava” o parceiro e “queria uma vida melhor.”
Em seguida, veja:
“Bem, Bill. Eu duvido que você vá encontrar essa carta porque você sempre teve muito medo de vir para essa parte da cidade. Mas se por algum motivo você vier, eu quero que você saiba que eu te odeio demais. Eu cansei dessa cidade de merda e seus hábitos diários. Eu queria mais da vida do que isso e você nunca entendeu isso.”
E aquela bateria estúpida da qual você vivia falando – eu peguei ela. Mas acho que você estava certo. Tentar sair dessa cidade vai me matar. Ainda assim, é melhor que passar outro dia com você. Boa sorte, Frank”.
O game em si não traz muito mais detalhes do relacionamento dos personagens, exceto que eles eram “parceiros”. A sexualidade e vida amorosa de Bill nunca foi explicitamente reconhecida, ainda assim, é claro que os dois tinham um envolvimento romântico.
E no seriado?
Já no seriado, os diretores e produtores aprofundaram esta relação de maneira rica, delicada e significativa. Quando a cidade acaba evacuada no primeiro mês de pandemia, Bill constrói cercas fortificadas e começa a viver isolado em uma grande área. Porém, num certo dia, Bill acaba encontrando Frank, que estava fugindo de uma Zona de Quarentena e caiu em uma das armadilhas criadas pelo personagem.
Mais tarde no mesmo dia, Bill decide abrigar o forasteiro e alimentá-lo, mas a estranha tensão entre eles se quebra quando ambos tocam “Long Long Time” de Linda Ronstadt um para o outro no piano. Os dois, então, acabam desenvolvendo uma relação mais profunda, se apaixonando logo em seguida e começando a viver juntos.
Então, o público vê o casal ao longo dos seus 20 anos juntos, desde brigas e reconciliações, até seu encontro com Joel e Tess. Infelizmente com o passar do tempo, a saúde de Frank piora, a ponto de ele usar uma cadeira de rodas e precisar de remédios diários. Eventualmente, ele chega a uma decisão: ele quer que Bill lhe dê um dia especial na cidade, onde eles podem fazer todas as suas coisas favoritas e, finalmente, se casarem.
No entanto, neste dia especial, Frank também decide não mais viver – provavelmente o ápice da emoção deste episódio. Depois de compartilharem uma boa refeição, afeto e um diálogo sensível, Frank toma uma dose de remédios para, enfim, interromper seu sofrimento. O que ele não esperava, porém, é que Bill fizesse o mesmo, já que ele não via mais sentido em continuar vivo sem o amado – o que é confirmado na carta encontrada por Joel e Ellie no final do episódio.
O que diz os criadores?
O roteirista de The Last of Us, Craig Mazin, explicou que ele e Neil Druckmann (via Newsweek) queriam tirar proveito da mídia televisiva e explorar os personagens de uma forma que seria difícil de retratar em um videogame. Leia abaixo o que ele disse sobre as mudanças:
“Existe um fio adorável que indica essa sugestão entre Bill e Frank no jogo. Só sugeri ao Neil [Druckmann] que pegássemos esse fio e levássemos à uma direção diferente para mostrar a passagem do tempo e explorar temas que são importantes para a série, sobre o que significa amar alguém, os diferentes tipos de amor, incluindo aquele que pode ser muito protetor, violento e perigoso, e como poderíamos dar uma vitória a esses dois homens”
O que vemos no episódio focado no personagem é ele tendo uma vida completa e feliz, percebendo que o que mais importa é proteger a pessoa que ele ama – que este é o seu propósito. Mas, além de dar mais profundidade aos personagens, o episódio também serve para fortalecer os laços entre Joel e Ellie, em preparação para o que acontecerá no futuro.
O 4º episódio 4 de The Last of Us ficará disponível no dia 5 de fevereiro às 23h na plataforma de streaming da HBO Max. No entanto, ele será um pouco mais curto em relação ao episódio anterior (que durou 80 minutos) para apresentar o desenrolar da história. Aparentemente, serão 50 minutos de duração no total.
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Fonte: NewsWeek
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