Atenção: Muitos spoilers do episódio 10 da 8ª temporada de The Walking Dead. Leia por sua conta e risco!
A primeira metade da 8ª temporada de The Walking Dead foi uma vergonha. Jogaram o cartucho da qualidade pela janela e ninguém quis sair na chuva pra pegar. Porém, o retorno da série com a segunda metade da 8ª temporada vem fazendo bonito. Já é o terceiro episódio que, mesmo que não esteja perfeito, consegue nos prender e ter um roteiro coeso. Algumas falhas ainda existem, é verdade, mas está mais fácil de deixar o pessimismo de lado e se empolgar com a história.
Isso por que a série vem desenvolvendo bem os personagens. Tanto os que já faziam parte do elenco há mais tempo, como Gabriel, quanto os recém chegados, como Henry. Com a partida de Carl, que tira um personagem carismático e importante do radar, é extremamente necessário que os personagens sejam bem escritos e se destaquem. E é isso que estamos observando.
A Colônia de Férias de Hilltop
Maggie está definitivamente à frente das coisas em Hilltop. Ela está mais dura, decidida, mas ao mesmo tempo preocupada. Ela é mais líder hoje do que é Rick, que vem numa sequência de erros que lhe custou o filho. Porém, ele é o que os Alexandrinos e Hilltop precisam para vencer Negan. O ódio em pessoa.
E agora é em Hilltop que vemos o desenvolver de Henry. Já falei na crítica do episódio 9 que o garoto desponta como o próximo destaque mirim da série. O menino já é um guerreiro que ultrapassou a barreira daqueles que matam. Ou seja, ele não vai poupar esforços caso precise fazer isso novamente. Enquanto Morgan se mostra tranquilo com a nova forma de seu pupilo ver o mundo, Carol já não está tão contente assim. Sem o irmão mais velho por perto, morto, Henry agora tem os conselhos de um desequilibrado e uma forte guerreira, que já se viu num precipício criado pela vida quando teve que assassinar uma criança. Carol parece ter evoluído, mas ela talvez não esteja preparada para o novo Henry. Morgan já parece estar à frente dela para esta tarefa.
E sabemos muito bem que Morgan mentiu para Henry. Não foi Gavin que matou Benjamin (irmão de Henry). Veja aqui o que é que estou falando.
Os Zumbis Samambaias e o Duas Caras de The Walking Dead
Daryl tem a dura missão de levar o povo de Alexandria até Hilltop. Mas para isso precisa desviar da vigília dos Salvadores. O caminho que ele encontra é atravessar um pântano, a pedido de Dwight. Apesar de Tara não confiar no cara, ele já mostrou que odeia Negan. Mas isso não foi o suficiente para evitar que a viúva de Denise tentasse matar o cara queimada. A propósito, como um Duas Caras (Batman), Dwight parece jogar uma moeda para o alto e, dependendo do resultado, muda de lado. Não que ele mude de ideia, ele não quer mais fazer parte dos Salvadores e quer ver Negan morto. Mas para evitar que os soldados do vilão chegassem até o povo de Alexandria, ele mais uma vez coloca o dele na reta. E isso, pelo visto, foi o suficiente para Tara deixar de ser besta acreditar no cara.
Agora, temos que comentar sobre as cenas no pântano. Faz tempo que a série não mostra zumbis diferentes. Foi bem legal ver os zumbis samambaias. Os bichos tudo derretendo e com plantas nascendo de dentro dos olhos, orelhas, buracos e machucados. Sinto que a atenção aos detalhes está de volta à The Walking Dead. É uma pena, porém, que a cena no pântano tenha sido tão curta e sem nenhuma baixa para os Alexandrinos. Isso seria dramático, ver alguém sendo puxado pra baixo da água, boiando em sangue. Coisa tenebrosa.
A fé que guiou um homem com a visão turva
Achei muito legal a parte do episódio que envolveu Gabriel e o médico. Nunca vi o personagem do padre tão interessante quanto neste episódio de The Walking Dead. Totalmente acabado, visivelmente debilitado pela infecção que toma conta de seu corpo, Gabriel só tinha uma coisa a fazer: se apoiar em sua fé. E foi o que ele fez. Um homem que não consegue ver, precisa entregar seu futuro para Deus e tentar enxergar com os olhos divinos. Foi incrível ver tudo dando certo para ele, foi nítido que havia uma força maior ali envolvida.
Mas quando o médico, que passou o episódio inteiro sendo descrente, resolve acreditar em Gabriel e todo o papo de fé, ele morreu. E com o médico, a fé que Gabriel estava cultivando também se esvaiu. Como nas melhores histórias onde uma pessoa que muito crê, não entende o que ocorre com ela, Gabriel passa a questionar o que viu e viveu. Além de seu corpo, agora sua mente está infectada. Sinto que o fim de Gabriel está próximo, muito antes do previsto. E também passo a imaginar que essa infecção que ele desenvolveu poderá ter maior significado dentro da história.
Não dá mais pro Eugene
Eu não entendo muito bem as mudanças que fizeram com Eugene para a série. O personagem está cada vez mais chato, sem propósito. As balas que ele cria para Negan, nos quadrinhos ele criava para Rick. Negan claramente não aguenta mais a forma complicada do mullets falar e se segura todas as vezes para não dar com a Lucille na cabeça dele. Provavelmente ele não seja mais aceito em Alexandria, então não vejo como o personagem poderá ter futuro dentro da série. E olha que nos quadrinhos ele tem grande importância para o que virá bem depois de Negan.
Só uma coisa poderá salvar Eugene em todos os sentidos: se ele entregar Negan para Rick. De alguma maneira. Mas da forma boboca que ele trata das coisas, não vejo isso ocorrendo.
The Walking Dead melhorou muito. Eu vinha assistindo a série sem vontade, sem gostar de quase nada mais. Mas o retorno da 8ª temporada reacendeu os ânimos e vejo que a série vai por um bom caminho. Os conflitos estão de volta de uma maneira mais inteligente e há grande potencial. Que a qualidade siga firme até o final deste arco.
