A Plague Tale: Innocence traz narrativa dramática, mas tropeça por querer ser grande | Análise

A Plague Tale

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A Plague Tale: Innocence se passa em um momento complicado da história da humanidade. Em 1337 começava a Guerra dos 100 anos, onde Reinos da França e da Inglaterra se enfrentaram em busca de novos territórios. Mas enquanto os humanos se matavam, outro mal surgia através dos ratos. Trata-se da Peste Negra, que embora nada tivesse a ver com o conflito, foi levada até a França e Inglaterra através de embarcações. Os ratos negros transmitiam a doença através de suas pulgas, que carregavam em si uma bactéria chamada Yersinia pestis. Assim, estima-se que de 75 a 200 milhões de pessoas tenham morrido por conta desta doença.

Logo, não haveria cenário mais interessante para contar a história de Amícia e Hugo. Ambos franceses, da família Rune, precisam sobreviver a todo custo durante a Guerra dos 100 anos, com ingleses em seu encalço que, por algum motivo, precisam de Hugo para concluir um experimento. Sem armas de fogo ou mecânicas conhecidas no mundo dos games, devemos apenas sobreviver. E acredite, não será nada fácil. Tanto pela proposta do jogo, quanto por seus próprios problemas.

A Plague Tale: Innocence é ambicioso

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Desenvolvido pelo estúdio Asobo e distribuído pela Focus Home Interactive, A Plague Tale: Innocence pode facilmente ser confundido com grandes games TriploA. Sobretudo por seu visual caprichado, que lembra na primeira vista The Witcher 3. Mas o mundo aqui não é aberto como no RPG do Geraldão, trata-se de um game de aventura totalmente linear. Mas é muito interessante ver o quanto a Asobo pensou grande em todo o desenvolvimento de A Plague Tale: Innocence, uma vez que o jogo tem visual caprichado, uma belíssima trilha sonora e um trabalho de voz impecável em todos os seus personagens.

Porém é fácil também ver as limitações que o jogo possui. Talvez possamos dizer que tenha faltado tempo e orçamento para que outros departamentos ficassem tão bem feitos quanto toda a parte técnica citada acima. Enquanto os gráficos são lindos num primeiro momento, aos poucos a gente percebe paredes invisíveis e alguns truques antigos que não nos permitem explorar todos os cantos. Contudo, o jogo traz diversos itens escondidos que vão precisar ser encontrados andando em pontos não comuns do mapa. Mas existe um momento em que você pensa: não vou olhar aquele canto, o jogo não vai me permitir passar por aquele lugar, quando na verdade permitiria. Ou seja, há uma certa confusão de onde é corredor explorável e onde é parede invisível.

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Outro ponto importante a se notar é que a jogabilidade acabou sendo afetada pela provável falta de orçamento. O controle de Amícia é bastante comum e nada refinado. Movimentos bruscos em alguns momentos e o sistema de batalha não funciona totalmente bem. Mas vamos explorar este assunto mais abaixo.

A Plague Tale Innocence faz alusão a David e Golias

Não é mais tão raro assim vermos personagens frágeis se tornando heróis no cinema, TV e games. Amícia, a protagonista de A Plague Tale: Innocence carrega consigo esta ideia. De garota frágil, ela acaba se tornando uma arma mortal, mesmo que nitidamente ela não queira nada disso. O jogo não nos dá uma espada ou arma de fogo, Amícia carrega consigo uma Funda ou Atiradeira. Embora esta arma seja bastante incomum, ela foi usada em uma das histórias mais conhecidas da humanidade. David venceu Golias, conforme a Bíblia nos relata, usando uma Funda. Assim, Amícia derrota diversos Golias em sua jornada, com uma arma improvável e inesperada.

Mas a mecânica da Atiradeira não é lá muito boa. Além da mira ser totalmente automática, tirando um pouco do desafio, acaba tirando também um pouco do senso de perigo e realidade que A Plague Tale: Innocence poderia ter. Contudo, o jogo faz um bom uso das variações de ataques que a Atiradeira pode trazer. Além de pedras, Amícia pode usar o fogo para ascender locais e continuar viva no mundo tomado pelos ratos.

A Luz é sua amiga em A Plague Tale: Innocence

Agora entramos em pontos que A Plague Tale faz muito bem. Desde o começo do game fica claro que os ratos são os maiores inimigos do jogo. Quando finalmente somos apresentados a eles, novas mecânicas emergem. Logo na tela de título do jogo é possível ver que a luz não é uma amiga dos ratos infectados. Assim, gradativamente, o jogo vai brincando com o perigo que eles representam e como podemos nos livrar da morte iminente usando o poder da luz. Amícia usa a sua atiradeira para jogar rajadas de pedras pegando fogo para ascender tochas e fogueiras, criando um caminho para ela e Hugo. Mas qualquer vacilo e a morte os encontra, seja por andar em locais escuros ou por conta de fenos que se apagam rapidamente. Enfim, neste quesito o clima de tensão é excelente, embora o jogo seja bem fácil.

Mas o grande ponto positivo de A Plague Tale é sua história. Focado totalmente na narrativa, o game consegue criar personagens marcantes, fortes, com interpretações fantásticas e um rumo inesperado para tudo que deseja contar. Eu gostei demais como a Asobo Games decidiu contar a história através de episódios, onde alguns até levam o tempo mais para frente, pulando para acontecimentos mais importantes. Várias reviravoltas, o uso da Guerra como planos de fundo, embora o que importe mesmo seja a Praga dos Ratos. Se o estúdio tivesse mais tempo, mais dinheiro e talvez uma Publisher maior, certamente A Plague Tale: Innocence poderia ser um jogo inesquecível.

Conclusão

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A Plague Tale: Innoncence consegue o que muitos estúdios pequenos buscam: se destacar em meio a tantos jogos gigantes que não pensam mais em diversificar suas ideias, se prendendo em mecânicas batidas e iguais. Como um estúdio quase indie, o Asobo faz seu papel em pensar fora da caixa. Se espelha nos grandes estúdios para tentar se equiparar a eles. O resultado é um game que mescla as boas ideias de um indie. Mas que ao tentar ser grande demais acaba se perdendo em suas próprias ambições e limitações. Mesmo assim a experiência é o ponto alto, entregando um jogo dramático, gostoso de se jogar e com personagens que nos deixam preocupados com seus rumos. Certamente um belo início para uma provável nova franquia no mundo dos games.

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