Análise | Fear Effect Sedna tenta resgatar um dos grandes clássicos do PS1

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Quase 20 anos após o lançamento de Fear Effect no PS1, pelas mãos competentes da Eidos, eis que a franquia retorna. Fear Effect Sedna é o novo capítulo da história de Hana, Rain, Deke e Glas. O enredo se passa 4 anos após os eventos do primeiro game. A franquia recebeu um segundo jogo ainda no PS1, chamado Fear Effect Retro Helix, que se passava antes do primeiro jogo. Sedna então é cronologicamente o terceiro game da saga em todos os aspectos.

Guardada no baú mais esquecido dos porões da Square, Fear Effect não parecia ter nenhum futuro após o cancelamento do terceiro jogo, que chegaria ao PS3. No entanto, houve uma mudança de rumos quando o programa Square Enix Collective passou a render frutos. O estúdio Sushee conseguiu convencer a empresa de que tinha um bom projeto em mente. O pedido da Square Enix para o pequeno time, então, foi: façam algo diferente. E assim nasceu um Fear Effect com conceitos muito distintos do que a franquia fez quase duas décadas atrás.

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Hana vive com Rain em Hong Kong e aceita um trabalho para recuperar uma peça de um museu em Londres. Ao mesmo tempo, ela vê que Glas, seu antigo parceiro de trabalho, está em busca do mesmo artefato. Mas o que eles não imaginavam é que os eventos que seguiriam a partir dali, os levariam a enfrentar velhos inimigos e criaturas bem bizarras. E também as próprias mecânicas do jogo.

Velhos personagens, uma nova jogabilidade

O grande diferencial que se vê em Sedna logo de cara, é a forma de se jogar. Além disso, a câmera também mudou muito. Se antes Fear Effect seguia um caminho muito semelhante aos antigos Resident Evils, com câmeras fixas, cenários pré-renderizados e controles ao estilo tanque, agora o negócio é a estratégia. A visão do jogo é isométrica, deixando os personagens e os detalhes dos cenários muito distantes. Para os velhos fãs da franquia Fear Effect é uma mudança brusca demais. Talvez não tenha sido o melhor caminho, mas talvez veio a ser a saída que o estúdio Sushee encontrou para convencer a Square a desenterrar a saga de Hana. E lidar com o baixo orçamento do game, que também teve o impulso de uma campanha bem sucedida no Kickstarter.

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Assim, mesmo mantendo os personagens, que são bem importantes para o que Fear Effect representa, Sedna se torna um game muito diferente do que poderíamos esperar. Pelo bem e pelo mal, traz um ar de novidade. Ao invés de só atirarmos a esmo, agora podemos usar a estratégia. Além de controlar mais de um personagem na tela. Ao apertar de um botão, é possível pausar o combate, posicionar os personagens e planejar o ataque. É uma mistura corajosa de ação, estratégia e tiro. Assim que você organiza seu plano, seus personagens farão seus comandos automaticamente. A sensação que dá é que a jogabilidade poderia ser melhor, uma vez que os passos que criamos, nem sempre são bem executados ou não levam em conta fatores extras, como se o inimigo vai se virar antes do seu personagem parar de andar.

Geralmente o jeito mais legal de se jogar é atirando a esmo mesmo. Ou tentando pegar os inimigos de costas, matando-os silenciosamente.

Uma mudança que não fez bem

Outro ponto que fica nítido que o time de desenvolvimento não teve tempo para trabalhar direito é a Inteligência Artificial. Tanto os inimigos quanto os nossos próprios personagens, enquanto não estão sendo controlados por nós, são bem burros não são nada inteligentes. Muitas vezes você está cuidando para que o inimigo não lhe veja, quando de repente seu parceiro sai correndo para o campo de visão deles. Assim como em Metal Gear do PS1, os soldados adversários possuem um campo de visão, que só é mostrado ao jogador quando ele entra no modo stealth. Muitas vezes você faz um barulhão, atira perto deles, mas se não estiver no campo de visão, não haverá contra ataque.

O jogo só não é totalmente fácil por um motivo: a jogabilidade. Na tentativa de se criar um sistema de estratégia diferenciado, o resultado é uma maneira bagunçada de se jogar. Então o jogador vai lutar contra os inimigos e contra os controles. Porém, após algumas horas jogando cada um acaba conseguindo encontrar a melhor maneira de aproveitar Fear Effect Sedna e, se conseguir deixar de lado estes problemas, acaba se divertindo por conta de outros fatores.

Mantendo Velhos Hábitos

Apesar das mudanças drásticas na estrutura do franquia e dos deslizes na jogabilidade, Sedna tenta recompensar os fãs de longa data de Fear Effect. Assim como nos jogos do PS1, o jogador vai encontrar muitos quebra cabeças, com soluções bem complexas em alguns momentos. As dicas para passar por estes desafios estarão sempre espalhados pelo cenário, basta que o jogador explore com cautela e faça suas anotações. Existem diversos puzzles e talvez eles sejam o ponto alto do game. Caso o jogador erre o quebra cabeça, uma animação de morte é ativada. As cenas são bem violentas e até recompensadoras. Muitos irão morrer de propósito para não deixar nenhuma cena de morte passar.

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Outra coisa que o estúdio Sushee manteve muito bem em Sedna é o visual. Tudo é bem fiel ao jogo original. Os personagens não possuem um design realistas, estão mais para desenhos, algo mais próximo de uma história em quadrinhos. As personalidades de cada um são as mesmas de antigamente, mas com mais diálogos. O que acabou não ficando muito bom é o carisma dos personagens. Todos soam vazios ou forçados demais. Como as piadas de Deke ou o relacionamento de Hana com Rain. Enquanto que as duas pareciam mais sedutoras em Retro Helix, agora elas irritam com piadas até em momentos mais tensos. Soa tudo muito gratuito e desnecessário, como quando Hana e Rain precisam se separar para finalizar uma missão e ficam preocupadas com a fidelidade no relacionamento das duas, por estarem próximas de homens. Nestes momentos os diálogos, que já não são exatamente muito bons, perdem ainda mais graça.

Quase um desperdício

Ao mesmo tempo que a mudança na forma de se jogar Fear Effect poderia ser benéfica, acabou sendo um desperdício. O jogo original era bem diferente de outros jogos da época. Apenas se parecia com Resident Evil por conta de sua câmera. Era um game adulto, com personagens emblemáticos. O carisma que havia em tudo, desde os cenários até os personagens, não foi captado em toda a sua essência pelo estúdio Sushee. Fear Effect merecia uma atenção melhor da Square Enix, uma vez que tem um potencial enorme para se tornar, novamente, uma grande franquia. Mas o que vemos é um jogo mediano, que claramente lutou contra o baixo orçamento. Faltou um impulso maior da própria Square, para colocar Fear Effect num lugar de maior destaque.

Ao menos o lançamento de Sedna poderá ser o começo de um grande retorno. Já existe um remake do primeiro game anunciado, também pelo estúdio Sushee. Eles pretendem manter tudo que havia de legal no Fear Effect original, mudando apenas a parte gráfica e sonora. Mas se um remake pode seguir o jeito antigo de se jogar um Fear Effect, por que não Sedna?. É uma pena que não tenha sido assim. Ou que as mudanças não tenham refletido totalmente na qualidade que se esperava de um novo Fear Effect.


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