Análise | Guardiões da Galáxia – The Telltale Series Episódio 1: Na pegada do filme

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Antigamente os jogos acompanhavam os lançamentos dos grandes filmes no cinema com adaptações terríveis e muito abaixo da média, um desperdício na grande maioria das vezes por não trazer o mínimo de fidelidade para com os filmes e muito menos se tratar de bons jogos. Hoje em dia, dado ao fracasso de tantas adaptações, essa prática é muito pequena e quando ocorre costuma se tratar de um material diferente que pega o bonde do hype dos filmes, mas leva a ação e a diversão para outros níveis. Podemos dizer que finalmente a indústria dos games aprendeu que não adianta colocar o nome do filme na capa de um jogo que não será garantia de altas vendas.

Neste pensamento, a Marvel e a Telltale se uniram para criar o primeiro jogo dos Guardiões da Galáxia usando a velha e vencedora fórmula que a Telltale utiliza em seus títulos, que ficou extremamente famosa quando a produtora ganhou o prêmio de jogo do ano com The Walking Dead em 2012. Vale lembrar que a adaptação da série de Robert Kirkman buscou muito mais inspirações nos quadrinhos de mesmo nome mostrando que a produtora poderia se aventurar no mundo dos quadrinhos e posteriormente a Telltale adaptou mais uma série que saiu das HQs, com The Wolf Among Us da DC. A empresa já trabalhou novamente com a DC em Batman: The Telltale Series e agora chegou a vez da Marvel. Vale ressaltar que o jogo dos Guardiões da Galáxia é o primeiro esforço da Marvel em sua nova estratégia para entrar de vez no mundo dos games e devemos ter também ainda este ano o novo game do Spider, que está em desenvolvimento pelas mãos da Insominiac.

Vocês estão meio… diferentes?

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O visual de Guardiões da Galáxia da Telltale é, provavelmente, o mais bacana da produtora atualmente, não que tenha havido uma melhora significativa na Engine que a empresa usa há anos, mas as texturas estão melhores e temos boas animações. O jogo conta com uma boa trilha sonora, característico dos filmes, porém não conta com a aparência dos personagens do cinema, o que poderia chamar mais a atenção para o jogo e causa uma certa estranheza no início naquelas pessoas que só conhecem os Guardiões por conta de seus filmes. No entanto, os personagens seguem o estilo visual de suas contra partes dos quadrinhos, ainda que a Telltale tenha inserido o seu próprio estilo artístico já conhecido de seus demais games. O resultado é um jogo com menos cara de quadrinho, diferente de Batman, e com mais cara de filme. O visual do game é competente, mas ainda não é a evolução que tanto aguardamos para os jogos da Telltale.

Outra coisa que causa estranheza são as vozes dos personagens, principalmente Gamora (Emily O’Brien) e Quill (Scott Porter), mas muito disso é culpa do filme que conta com Chris Pratt e  Zoe Saldanha, muito conhecidos por outros trabalhos no cinema. No entanto, isso não quer dizer que as vozes de Quill e Gamora sejam ruins no jogo, são muito boas, junto com a voz de Drax (Brandon Paul Eells) que mantém a forma de ser do brucutu sem nenhum pingo de senso de humor e levando as frases ao pé da letra.

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Groot é talvez o mais fácil de se dublar, é só colocar uma voz grossa e falar a mesma frase em diferentes tons e no jogo está perfeito. Agora o Rocket Racoon ficou surpreendentemente bem dublado e eu não conseguia identificar como a voz dele havia ficado tão parecida com a do Bradley Cooper, que faz a voz do personagem nos filmes. Mas ao assistir aos créditos do primeiro episódio minha mente fez BOOOM! O dublado do Rocket Racoon é Nolan North, o mesmo que dubla Nathan Drake (Uncharted) e Scott Ryder (Mass Effect Andromeda). O cara é simplesmente genial e faz um trabalho excelente sempre que atua e arrebenta como Rocket.

Agora você deve estar se perguntando: “Por qual motivo esse cara detalhou tanto as vozes dos personagens no jogo?” e a resposta é muito simples: em um game totalmente voltado para a narrativa, a interpretação ocorre 100% das vezes na forma que os personagens são dublados e Guardiões da Galáxia da Telltale é impecável neste campo. É uma pena que os personagens tenham alguns espasmos entre uma cena e outra, assim como a parte que assistimos e jogamos acaba sempre tendo algum probleminha na transição e tire um pouco da imersão. E olha que isso é algo que ocorre há muito tempo nos jogos da Telltale e eles precisam melhorar, até porque o jogo não conta com tantas partes jogáveis, o que vamos falar a seguir.

Jogo ou filme interativo?

 

Uma coisa tem que ficar muito clara para você que pretende comprar Guardiões da Galáxia da Telltale e pode pesar mais para as pessoas que buscam um jogo e não mais uma experiência no universo dos Guardiões. O game não é lá muito game e te deixa interagir em poucos momentos para procurar alguma pista ou algo mais que possa avançar a história, deixando apenas nos momentos mais agitados que você aperte algum botão ou realize alguma ação com o direcional esquerdo para desviar de golpes ou objetos. Guadiões da Galáxia da Telltale em seu primeiro episódio, talvez seja o jogo da produtora que menos trouxe novidades na jogabilidade, diferente de Batman que com seu instinto de detetive ainda tinha uma coisa ou outra a mais para o jogador fazer, além de assistir.

Assim, há momentos que você vai ficar segurando o controle e esperando ansiosamente para fazer alguma coisa e nada vai ocorrer neste sentido, até que parece que a produção do jogo percebia que haviam esquecido que aquilo era um jogo e que precisavam da interação do jogador, e uma seta aparece dizendo para você andar, apenas andar, e então a ação não interativa continue. A sorte é que a história e os acontecimentos do jogo são muito bons, a altura do filme e dos quadrinhos dos Guardiões e logo de cara você encontra Thanos. Não dá pra encaixar muito bem a história do jogo dentro da cronologia dos filmes, porque se tudo se passasse depois do primeiro longa, Groot seria pequenino e aqui ele é grandão. Então, encontrar Thanos logo de cara mostra que a história que a Telltale e a Marvel estão criando para o game corre totalmente de forma diferente dos filmes e procura ter sua própria identidade. E o encontro com Thanos não é por acaso, faz total sentido e é um ponto crucial para a narrativa do primeiro episódio.

As decisões continuam importantes

Apesar dos velhos problemas de falta de interação em momentos chave nos jogos da Telltale – vejo que eles estão perdendo de criar uma jogablidade mais interativa e chamativa em pontos altos da história -, temos ainda aquela responsabilidade tremenda de escolher quais caminhos seguir e a quem agradar. Assim como os demais jogos da Telltale, temos aqui o sistema de escolhas que a todo momento te mostra que tal pessoa vai se lembrar de tal ação. Não sei se é para nos mostrar que cada decisão tem uma consequência ou se é pra deixar em pânico, do tipo: “eita, você tá lascado por ter escolhido fazer isso”. Essa parte da jogabilidade sempre foi muito boa nos jogos da Telltale, uma espécie de diferencial se compararmos a empresa com as demais produtoras de games.

Uma coisa interessante sobre as escolhas que aparecem com os personagens que conhecemos, em especial Rocket Racoon, Groot, Drax e Gamorra é que, diferente de outros jogos da Telltale que conversamos com personagens X e Y, podendo muito bem deixá-los tristes com nossas respostas, em Guardiões eu tomei muito cuidado pra não ferir os sentimentos destes personagens que nos acompanham, muito pelo carisma que eles possuem e por ver que são a família do Quill. É um sentimento estranho e diferente de querer cuidar deles e mantê-los unidos. A Telltale soube muito bem explorar esse lado dos Guardiões, de que não são somente amigos e sim uma família. E família briga, se desentende e no final das contas estão juntos. Ainda que você saiba que o jogo vai continuar independente de suas escolhas você acaba tentando responder de uma maneira compreensiva ou mais engraçada do que de uma maneira rude. A Telltale sabe desde The Walking Dead que esse momento de escolhas é crucial pra criar uma imersão no jogo e em Guardiões da Galáxia souberam usar muito bem.

Conclusão

No geral, a Telltale joga seguro em manter sua forma clássica de criar jogos e contar histórias como ninguém, pecando apenas e novamente na quantidade de quick time events e deixando o jogador sem o controle da ação, apenas seguindo ordens e executando comandos simples e sem graça.

Embora essa jogabilidade já tenha ficado ultrapassada, temos um ótimo meio de entretenimento com uma bela história que vai levar os Guardiões para momentos extremamente diferentes dos filmes e criar escolhas complicadas para o jogador. A execução é muito boa, mas ainda espero que nos próximos episódios a Telltale nos dê mais as rédias da jogabilidade para que possamos sentir que estamos realmente jogando um game e não assistindo a um episódio de uma série muito legal.

 

 

O que esperar para o episódio 2

TEREMOS SPOILERS NESTE TRECHO

Após o encontro com Thanos e as consequências que isso vai trazer para o universo do jogo, junto com a relíquia capaz de levar Quill para a Terra e relembrar de sua mãe, além de possivelmente ser capaz até de revivê-la, teremos momentos de descobertas no episódio 2. A morte de Thanos, apesar de eu ter muita certeza que ele não vai continuar morto, poderá trazer a irmã de Gamora como uma inimiga declarada dos Guardiões ao ponto dela tentar restabelecer a vida de seu tenebroso pai através da relíquia. Mas quais eram os planos de Thanos a partir do momento que ele tivesse com o artefato em mãos e longe dos Guardiões? Difícil saber ainda, mas tenho certeza que seremos levados a entender a partir do segundo episódio.

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