Análise | Lost Sphear é mais uma declaração de amor aos RPGs clássicos

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Todo mundo reclama dos jogos de RPG por turnos. Mas quando existe na mesma frase “Square Enix” e “novo RPG“, todo mundo fica empolgado. A produtora de Final Fantasy mudou bastante a forma que produz seus RPGs para consoles. Hoje podemos ver com Final Fantasy XV algo mais voltado para a ação, mas ainda com a velha fórmula de exploração e diálogos aos montes do passado. Mas nada é como antigamente, com os RPGs por turnos. Essa tarefa de nos levar direto pelo túnel do tempo ficou nas mãos da Tokyo RPG Factory hoje em dia. Eu, como um apaixonado pelo gênero que cresci jogando clássicos como Final Fantasy VII, VIII, IX e Chrono Trigger, Cross, Legend of Dragoon e tanto outros, gosto da ideia de um estúdio voltado para novos jogos neste estilo.

O estúdio, que também é da Square Enix, traz o seu segundo game a vida. O primeiro título desenvolvido foi I Am Setsuna e agora Lost Sphear é visto como uma espécie de sucessor espiritual. Isso porque toda a mecânica, gráficos e feeling de ambos os jogos são bem parecidos. Porém, ao jogar Lost Sphear percebemos uma mudança de ares e principalmente algumas evoluções. I Am Setsuna, apesar de nostálgico, era tão preso às raízes que não chegava a mostrar nada novo dentro do velho sistema de RPG por turnos, mesmo com seu sistema em Active Battle, que acelera um pouco a ação. Mas Lost Sphear vai por um caminho interessante, entre o seguro e o experimento. Não é aquele jogo que vai remodelar por completo os games de RPG clássicos japoneses. Porém, ele faz um bom esforço para, ao menos, ser lembrado como um jogo que tentou.

O Mundo está sendo apagado

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Um terrível fato acontece no mundo e Kanata, Lumina e Locke, três órfãos, são colocados em uma situação inesperada. Uma fumaça branca consome locais e pessoas ao ponto de apagar sua existência. Através de um poder misterioso, Kanata é capaz de recolher memórias e reconstruir algo que foi apagado. Assim os três amigos se veem obrigados a partir em busca de respostas e de melhorar o manuseio deste importante poder. Afinal, é algo que pode salvar a humanidade. Além disso, eles possuem seus próprios interesses, como quem sabe, encontrar seus pais.

Ao mesmo tempo, diversos monstros surgem no mundo. Estes bichos perigosos são muito parecidos com os que vimos em I Am Setsuna e reforçam a ligação entre os dois games. No entanto, a aventura de Kanata, Lumina e Locke é menos voltada para a fantasia e se mostra mais pé no chão. Apesar do mundo do game também ter coisas mágicas, aqui veremos os três amigos atravessando cenários tomados por exércitos, reis e uma conspiração em busca de poder.

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A velha fórmula com alguns adendos

Lost Sphear segue exatamente a fórmula dos grandes RPGs do tempo de ouro dos 16 e 32 bits. Ande, explore, converse, ande, converse, converse novamente e enfrente inimigos tenebrosos. Assim como I Am Setsuna, a inspiração para criar Lost Sphear são os clássicos Final Fantasies e Chrono Trigger. Desde menus, sistema de evolução, equipamentos, armas e batalhas, tudo se assemelha bastante aos clássicos games da Square. Ao mesmo tempo que é uma homenagem, é uma forma de manter o legado dos JRPGs vivo. Então, em seu núcleo, Lost Sphear não traz nada que os jogadores mais velhos já não tenham visto antes. A diferença é que a Tokyo RPG Factory resolveu adicionar suas próprias ideias e é isso que pode diferenciar seu novo game de I Am Setsuna e dos demais citados.

Contamos também com a presença de robôs. Além de dar uma nova dinâmica para a jogabilidade, acrescenta golpes combinados que nos remetem automaticamente para Chrono Trigger. Estes robôs demoram quase 8 horas para aparecer na história e adicionam uma pitada de emoção num momento que Lost Sphear começava a cansar. Ainda assim, não é algo tão espetacular ao ponto de se tornar um destaque. Serve como referência para jogos clássicos como Xenogears, que tinham a essência de um JRPG com robôs.

Mais novidades

Alguns detalhes que acabam diferenciando Lost Sphear dos demais games do gênero é o Quick Save, que nos liberta dos save points e de ter a opção de salvar apenas nos mapas. Isso nos dias corridos atuais, permite que joguemos alguns minutos e possamos salvar em seguida, fechando game, sem precisar percorrer um caminho muito longo. Outra vantagem é no uso do Vita como segunda tela para quem joga no PS4. Eu costumo jogar alguns minutos antes de dormir e desde que comecei Lost Sphear faço isso pelo Vita. Salvo através do Quick Save e pronto.

É possível voltar os diálogos caso você perca alguma frase. Basta apertar L1. Outro ponto interessante mas que não é lá muito novo é o uso das Spritnite. Com elas é possível fortalecer uma arma ou armadura consideravelmente. Porém, não é algo que realmente mude a maneira de jogarmos, já que é possível encontrar no mundo do game essas pedras ou comprar dos mercadores.

É um bom jogo, mas faltou coragem

Lost Sphear é extremamente parecido com I Am Setsuna. Para quem gostou do jogo anterior, isso é ótimo. Ele melhora diversos pontos em que a Tokyo RPG Factory acabou errando no seu primeiro game. Além disso adiciona algumas novidades para dar aquele sentimento de algo diferente. Mas não foi o suficiente. Lost Sphear é tão parecido estruturalmente com seu antecessor que vejo como uma oportunidade perdida da Tokyo RPG Factory de criar um legado, algo que realmente marque os jogadores. Talvez a missão do estúdio não seja mais manter os JRPGs vivos, mas mostrar porque são tão importantes. Para isso, seria preciso olhar para trás, ver tudo que os demais jogos já fizeram e tentar melhorar.

Agora, quem gosta de RPGs deste gênero vai encontrar uma boa história, personagens que não são memoráveis, mas fazem um bom trabalho e diálogos que vão desde o engraçado até o dramático. O jogo possui boas reviravoltas e consegue manter um bom roteiro até o final. Os combates são legais, mas não trazem nada que já não tenhamos visto antes. A liberdade de andar no cenário enquanto luta é interessante, cria alguma estratégia e isso deve ser ressaltado.

No mais Lost Sphear corre grande risco de passar despercebido. É uma pena, pois em sua essência, deixando de lado as exigências de mercado hoje em dia, trata-se de um belo game.

Lost Sphear está disponível a partir de hoje para PS4, PC e Nintendo Switch.


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