Análise | Metal Gear Survive traz boas ideias, mal executadas

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Após todo o desentendimento entre a Konami e Hideo Kojima, eles se separaram. Metal Gear Solid, que tinha Kojima como seu grande criador e diretor, entrou numa nova fase. Para iniciar a era da Konami sem Kojima, o estúdio anunciou Metal Gear Survive. O jogo é completamente diferente dos demais jogos da saga Metal Gear. Mas ao mesmo tempo, usa de muitos elementos que encontramos nos jogos de Kojima. Na verdade, a fórmula de um bom jogo da franquia estava escrita desde Metal Gear Solid do PS1.

A Konami então resolveu pegar o que havia de melhor na jogabilidade de Metal Gear Solid e inserir num jogo de sobrevivência. A desculpa utilizada para criar monstros que se portam como zumbis pode ser questionável. Durante o ataque a Mother Base, local onde Big Boss mantinha seu exército, um buraco de minhoca se abre. Esse acontecimento acabou sugando humanos para outra dimensão. Poucos perceberam o fato, mas um cientista conseguiu entender o que se passou. Ele vai atrás de todos os mortos naquela ocasião, uma vez que havia entre eles um capitão com características diferentes dos demais. Este é você dentro do jogo.

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Seu personagem é levado para outra dimensão por este cientista, onde o mundo é construído de uma maneira semelhante ao nosso. Porém, criaturas bizarras com cristais no lugar da cabeça começam a aparecer. Seu objetivo é entender o que se passa no local, salvar os sobreviventes e dar o fora dali.

Jogabilidade conhecida com novos elementos

Apesar da negatividade que corre ao redor de Metal Gear Survive, temos que reconhecer alguns avanços. A jogabilidade é uma delas. Agora, com a adição de técnicas de luta de combate com armas corpo a corpo, é possível atacar os zumbis sem armas de fogo. No entanto, a falta do CQC logo de cara, uma vez que os soldados eram seguidores de Big Boss, é algo a se questionar. A técnica de luta foi muito utilizada na franquia desde Metal Gear Solid 3 e se encaixaria muito bem na proposta de Metal Gear Survive.

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O jogo, mesmo sendo tão diferente dos games habituais da franquia, herdou toda a maneira dele ser jogado. Há um grande foco no stealth, uma vez que se você for visto por uma criatura, chamará a atenção de muitas outras. Demora bastante para que possamos usar armas de fogo. Começamos com facão, lança, arco e flecha para só então ter a chance de produzir uma arma.

Mesmo tendo como destaque inicial a luta corpo a corpo, logo você passa a enfrentar vários inimigos ao mesmo tempo. Assim você também tem que usar novos recursos, como coquetel molotov, armas de longa distância. O ideal é sempre criar uma estratégia, por que se o inimigo lhe ver, as chances de sobreviver são baixas. Justamente pela jogabilidade de Metal Gear não ser tão livre quanto a de outros jogos. É até um ponto positivo que a Konami tenha conseguido transformar a forma de jogar Metal Gear em um game de sobrevivência, mais cadenciado.

Sobreviver é o caminho

Outro ponto de destaque de Metal Gear Survive é o sistema de crafting e sobrevivência. Nos dois campos, o time de desenvolvimento foi corajoso e, principalmente no sistema de sobrevivência, é que o jogador passará a amar ou a odiar o game. O seu personagem possui fome e sede, com um nível de energia para cada um destes aspectos. Você precisa caçar, cozinhar e encontrar água limpa para poder mantê-lo de pé. Só de andar em direção a seus objetivos, o personagem já estará gastando seu vigor, o que o deixará com sede e fome. Se correr, acelerará este processo e terá que comer e beber antes da hora. O segrego é tentar encontrar um meio termo neste sentido ou usar os teleportes que estão disponíveis nos mapas. Mas precisam ser desbloqueados, enfrentando hordas de inimigos.

 

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Apesar das boas ideias, Survive acaba sendo muito punitivo neste aspecto de sobrevivência. O jogo exige muito tempo do jogador somente para continuar vivo. O tempo que se leva para caçar e encontrar água exigem uma organização muito grande. Como o jogo não chega a empolgar tanto assim em nenhum momento, essa missão de continuar vivo se torna frustrante. A fome e a sede que o personagem sente são frequentes e mesmo ele comendo um baita filé de carneiro, continuará com mais da metade da barra de fome vazia. Se você sair para uma missão sem levar comida suficiente, dificilmente vai encontrar mais durante seu caminho. Será game over na certa.

Criando e evoluindo

O sistema de crafting, por outro lado, é um dos pontos mais altos do jogo. Podemos criar diversas coisas, desde barreiras para proteger seu local de descanso, até armas. Durante a jornada encontramos muito material, como ferro, aço, madeira, fios e etc. Com estes materiais é que construímos o que precisamos. Após criar algo, podemos melhorar o nível de resistência, o que no caso das armas, melhorará o ataque e dano. Tudo exigirá também pontos de Energia Kuban, que você adquire com os cristais que estão nos inimigos ou espalhados no mapa.

O jogador também pode construir tudo que vai estar dentro do seu QG, e pode colocar estações que serão responsáveis por determinadas funções. A estação médica, que pode te curar de situações complicadas, é a primeira que criamos por conta própria. Ali podemos criar remédios para momentos em que comemos carne podre ou bebemos água suja. O personagem fica bem mal caso fique com alguma intoxicação alimentar.

O sistema de evolução também é muito interessante. Vamos acumulando a Energia Kuban ao matar os inimigos e destroçar seus corpos. Então, de volta ao QG, podemos trocar esta energia por level de sobrevivência. Cada level que subimos, nos dá um ponto de habilidade que pode ser distribuído para melhorar as técnicas do seu soldado. De força, vida e até resistência, existem também movimentos e ataques que só são possíveis de se conquistar desta maneira. Cada tipo de arma possui sua própria linha de evolução. Apesar de não ser tão complexo, é bem feito. O jogador também vai precisar reparar o equipamento de tempo em tempo.

A nuvem branca e oxigênio

Um ponto que chama a atenção no jogo e traz uma forma diferente de jogar quando podemos acessá-la, é a nuvem branca. Como um delimitador do mapa, inicialmente não podemos chegar nestas zonas tomadas por essa nuvem, pois ela é maléfica para o personagem. Somente poderemos avançar após conseguir um tanque de oxigênio. Neste momento, o jogo passa a ter três métricas de sobrevivência: Fome, sede e oxigênio. Porém, diferente das outras duas, o oxigênio só será consumido em locais com essa nuvem branca.

O visual do game muda muito quando adentramos esta nuvem. De locais mais abertos, com cara de Metal Gear Solid V, passamos para locais mais densos, com cara de Silent Hill. O clima do jogo passa a ser de um game de terror, guardadas as devidas comparações. No entanto, é aqui que estão a maior parte das missões depois que passamos o longo tutorial do game. Além disso, as melhores recompensas estão perdidas na névoa.

O oxigênio, assim com a fome e sede, exigem demais do jogador. Para encher o tanque que carregamos, precisamos usar a energia Kuban. Assim, continuamos respirando na névoa. Porém, o custo para se encher o equipamento vai ficando cada vez mais alto, o que acaba limitando o jogador. Se você ia para uma missão para explorar, precisará fazer tudo correndo para não ter que encher o tanque muitas vezes. Isso tira muito da diversão que Metal Gear Survive poderia proporcionar. Chega um momento que encher o tanque é algo tão caro, que a missão passa a não valer mais a pena. Afinal, tudo que você acumulou em energia Kuban, se perdeu enchendo o tanque de oxigênio.

Outra coisa que não empolga é a visibilidade que temos no meio da névoa, que compromete demais nosso avanço em troca de encontros repentinos com criaturas do mal.

Jogando sozinho e online

Ao contrário do que se pensava, Metal Gear Survive não é somente um jogo online. O game traz uma história que, quem conseguir insistir mais no jogo, vai acabar gostando. As cenas de ação possuem muita inspiração de tudo que Metal Gear Solid já fez. O que falta muito aqui é carisma. Os personagens são genéricos demais, dublados com pouco cuidado (em inglês mesmo) e não empolgam. Além de nosso personagem em si, chamado de Capitão, não falar absolutamente nada e faltar personalidade.

O modo online é uma espécie de Tower Defense. Junto com outros 3 companheiros, precisamos ativar um reator de energia e defender o equipamento do ataque dos monstros. São três ondas de ataque que podem levar bastante tempo para acabar. As partidas são frenéticas e cheias de ação, a medida que você precisa, de alguma forma, atacar, defender, correr e criar. Você precisará criar barrerias e até mesmo armas e balas durante a ação. Os poucos momentos de descanso, parecem não ser suficientes para tanta coisa.

O modo online de Metal Gear Survive é divertido, mas também carece de novidades e carisma. Não há nada que você já não tenha visto em outros jogos do gênero. O chamativo é poder fazer tudo isso, com a jogabilidade de Metal Gear Solid. Isso é algo que só a Konami tem e precisa usar com mais inteligência. No modo online ganhamos Pontos de Batalhas (BP) e com eles podemos comprar itens raros para o modo online.

Micro-transações tiram o lado sobrevivente

 

O grande chamativo do game é a sobrevivência, mas como já falei mais acima, é um sistema que, subitamente, se torna injusto. Isso acaba ficando mais maleável se o jogador gastar dinheiro real com as micro-transações. É possível comprar pacotes de boost, que vão conceder mais energia Kuban e Battle Points a medida que você joga. Este boost poderá ser ativado por 1, 7, 30 ou 60 dias. Tudo depende do quanto o jogador quer pagar.

Obviamente que passamos a pensar que a alta dificuldade em ficar vivo no jogo existe para que precisemos gastar. E é essa a real impressão que fica. As micro-transações, além de serem Pay-to-win, uma vez que se trata de um jogo online, acabam tirando boa parte do sentido do jogo. As mecânicas tão bem construídas vão para o ralo somente por possuírem esta saída mais rápida. Quando encontramos um jogador extremamente evoluído no modo online, automaticamente parece que ele é um cheater, por provavelmente ter gastado as cuecas para ser o melhor soldado de Metal Gear Survive.

O jogo seria muito mais balanceado ou justo, sem as micro-transações. Mas sabe como é não é? Hoje em dia elas parecem realmente valer a pena para as produtoras.

Conclusão

Metal Gear Survive definitivamente não é um jogo descartável. Porém, também não é um game marcante, que faça jus ao nome que carrega. A Konami precisava dar um tiro mais certo com seu primeiro Metal Gear sem Kojima e não foi esse o caso. Estamos diante de um título com ótimas ideias, muito mal executadas em prol da micro-transação. Quem decidir se aventurar em Metal Gear Survive vai encontrar uma boa história, que mesmo sem carisma algum, poderá prender o jogador. O modo online é divertido, mas cansa rápido demais. O chamativo aqui é a jogabilidade de Metal Gear Solid em um game de sobrevivência.

Se a Konami tivesse ido por caminhos um pouco diferentes, sem se apoiar tanto na dificuldade da sobrevivência no game, que o torna frustrante, poderia ser ao menos um bom representante da franquia Metal Gear. O resultado final é muito abaixo disso e muito em breve não ouviremos mais falar deste jogo.


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