Análise: The Vanishing Of Ethan Carter une gráficos excelentes com experiência memorável

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Vai fundo na leitura meu amigo, não tem spoiler nenhum aqui!

A indústria dos games sofre há anos com a falta de criatividade, apego por gráficos deslumbrantes e pouca qualidade no que mais os jogos tendem a oferecer aos jogadores, como jogabilidade, inovação, experiência. É sempre louvável perceber quando algum estúdio consegue unir o que o público quer ver com aquilo que normalmente um desenvolvedor quer transmitir, como o sentimento e imersão necessária para transformar aquelas horas que os jogadores ficam na frente da TV em experiências inesquecíveis.

Pensando nisso, eu me levanto e bato palmas para o estúdio polonês The Astronauts.

Apesar de talvez você nunca ter ouvido falar deles, a mente por trás do estúdio The Astronauts é conhecida no mundo gamer. Adrian Chmielarz já fez parte dos estúdios Metropolis e People Can Fly e esteve em projetos como Painkiller, Bulletstorm e Gears of War Judgement. Mas ele queria mais, e pra isso criou um pequeno estúdio que agora tem grandes ambições, como diz o artigo do site Polygon que conta a trajetória de Andrian e do estúdio The Astronauts.

Então, pouco mais de um ano foi preciso para que o novo estúdio desse vida a The Vanishing of Ethan Carter, um game que saiu primeiro para PC com gráficos excelentes utilizando a Unreal Engine 3 e agora foi lançado para o PS4 com gráficos ainda melhores após meses de trabalho no console da Sony utilizando a Unreal Engine 4, além de atiçar a curiosidade de quem busca por um visual altamente bonito nos games. Aí que entra aquilo que disse lá em cima: O estúdio The Astronauts não somente quis atingir quem busca pelas tecnologias que a nova geração pode oferecer como também conseguiu surpreender com um jogo envolvente, imersivo, cheio de surpresas ao ponto de depois de 10 minutos de jogo você saber que os gráficos que estão a sua frente são excelentes, mas já não são mais tão importantes assim.

“Mas o que é isso que está acontecendo?”

Essa frase acima você vai dizer sozinho e pra si mesmo por muitas vezes em The Vanishing of Ethan Carter e tenho certeza que essa era a ideia dos produtores. Você é Paul Prospero, um detetive que logo no início do jogo diz que já viu de tudo, mas espera pelo pior em Red Creek Valley, local onde se passa o jogo. O lugar é simplesmente maravilhoso, como uma vila de poucos habitantes e com muito cuidado com a natureza, porém esconde segredos diversos. Como o próprio nome do jogo sugere, você deve investigar o desaparecimento de Ethan Carter, um garoto que, segundo Prospero, enviou uma carta para ele solicitando seus serviços e nesta mesma carta ele parecia conhecer muito bem o detetive.

Prospero vai então em busca de pistas sobre o desaparecimento do garoto e encontra diversas situações estranhas ocorrendo no lugar. E quando digo estranhas, espere pelo mais estranho que vier a sua cabeça e multiplique por 3, no mínimo. As surpresas que o game do estúdio The Astronauts guarda para os jogadores são muito satisfatórias e recompensadoras. Tudo é muito bem narrado não só por Prospero, mas pelo ambiente. É como se os locais falassem com o jogador, mesmo que no silêncio. O jogo mexe no sentimento das pessoas, no sentido e deixa que o próprio jogador descubra as coisas por si. Tanto que no começo do jogo há um aviso que diz que The Vanishing of Ethan Carter é totalmente focado na narrativa e não segura na mão do jogador. Então não espere por tutoriais, mecânicas complexas, nada do tipo. Você comanda a ação.

Como assim? Não tem armas?

A jogabilidade é bastante simples no começo. Com visão em primeira pessoa, você não possui armas – o que não quer dizer que o jogo não tenha perigos rondando o personagem, e em determinados momentos é preciso seguir algumas pistas, analisar a cena de possíveis crimes, pensar e tentar desvendar aquilo que você está vendo. Para isso, o estúdio criou um sistema altamente interessante, onde você analisa partes do cenário até conseguir realmente ver o que aconteceu através de pequenas cenas que quando são unidas, resultam na solução do caso. Nessas horas é como se o personagem se tornasse um expectador da situação e cabe ao jogador enumerar como essas cenas serão assistidas através de números sequências que você coloca em cada uma delas. Caso tenha acertado a sequência, então poderá ver o que aconteceu no lugar que está, pegar mais ideias do que ocorreu com o garoto e seguir em frente.

Um jogo quase perfeito

Esse sistema traz uma imersão enorme para The Vanishing of Ethan Carter, pois os gráficos são excelentes, a jogabilidade é fácil, o sistema para identificar os casos é divertido, tornando o jogo um grandioso e lindo quebra cabeça que você quer sempre encaixar uma nova peça. Cada situação é única e possui desfechos muito interessantes e divertidos de se ver. The Vanishing of Ethan Carter só não é perfeito pela falta de desafio, que poderia até mesmo estragar a experiência que o jogo passa, mas como estamos tratando de um jogo de videogame, o desafio precisa existir. De certa forma o game é fácil e o desafio mora em estar no lugar certo e conseguir as pistas corretas. Mas não pense que isso tira a diversão, é apenas um pequeno detalhe diante do tamanho da obra criada pelo estúdio The Astronauts.

Outro fator determinante nesta versão do PS4 é o uso da Unreal Engine 4, que apesar de resultar em um dos visuais mais bem elaborados do console, traz uma queda de desempenho enorme em praticamente todo o jogo. Em locais mais fechados o desempenho é legal, não atrapalha, mas nos ambientes abertos que compõem ao menos 60% do jogo não é raro os momentos que parece que o jogo está entre com quadros por segundo muito abaixo do esperado. No entanto, aqui entramos novamente no mesmo mérito: o jogo é tão bom que você acaba perdoando os problemas técnicos.

Se você quer uma experiência diferente, longe do que você está acostumado a ver nos games atuais, The Vanishing of Ethan Carter é o seu jogo. Focado totalmente na narrativa, é raro ver um game que consiga ser indie com cara de jogo triplo A e o estúdio The Astronauts conseguiu. Criou um jogo curto (de 4 à 6 horas e você termina), mas definitivamente é uma experiência memorável.

Galeria de imagens e vídeos: The Vanishing of Ethan Carter

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