Análise | Watch Dogs 2 é uma belíssima evolução dos conceitos do primeiro jogo

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Watch Dogs foi um jogo extremamente importante pra Ubisoft em diversos pontos de vistas. Primeiro por se tratar de um novo jogo da desenvolvedora francesa que possui mundo urbano aberto como palco, algo que a empresa vinha tentando por diversas vezes com a série Driver e não estava conseguindo sucesso e Watch Dogs ainda conseguia se destacar por sua jogabilidade diferenciada, capaz de mudar o mundo do game através do hacking.

Por outro lado, Watch Dogs foi o começo da mudança de postura da Ubi, após incontáveis críticas por sua forma de apresentar novos jogos durante a E3, com gráficos incríveis que com o passar dos meses e a proximidade do lançamento, todos iam ficando cada vez menos detalhados deixando muito evidente que o que era demonstrado na maior feira de games do mundo não era totalmente a verdade. Então, o primeiro ponto que devemos tocar nesta análise é: Watch Dogs 2 repete os mesmos erros de seu antecessor?

Um mundo para todos hackear

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Se você vem acompanhando os trailers e gameplays de Watch Dogs 2, pode perceber que o jogo tem belos gráficos com uma paleta de cores mais viva do que foi o primeiro jogo da série. Tudo é muito vivo e muito bonito e podemos confirmar que o que foi mostrado do jogo até agora é realmente o que ele é. Não há downgrade tão impactante quanto aconteceu com o primeiro jogo, apenas algumas alterações na iluminação que no final das contas não é importante.

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Outro fator determinante para a diversão do game é a total abolição das chamadas Ubi Towers, locais que você precisava conquistar pra que fossem liberadas novas missões e atividades pelo mundo do jogo e que existe em Assassin’s Creed, Far Cry e até The Crew. Não era uma forma ruim de separar o que era possível do que não era possível se fazer no jogo, mas aquele formato, tanto usado nos jogos da empresa, cansou muito e era a hora de mudar. Ao invés de procurar algum novo conceito, a Ubisoft resolveu optar pelo simples e logo de cara você tem todo o mapa do jogo liberado, pronto pra ser explorado e que aos poucos ou conforme você passa perto dos locais, vai criando novas atividades pra você executar.

Um jogo mais alegre

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De uma trama de vingança com um clima pesado, saímos para uma história mais alegre e com tons de GTA. É assim que vejo Watch Dogs 2, um game que tenta divertir e não impactar com alguma história mirabolante, apesar de o arco que envolve os acontecimentos do game ser totalmente cativante. Estamos em São Francisco, algum tempo depois da derrocada do ctOS, sistema que oferecia diversas funcionalidades para seus clientes, mas que no final das contas tinha como objetivo capturar dados pessoais e espionar o que cada um dos habitantes de Chicago fazia. Aidan Pierce acabou com o ctOs, mas agora a Blume, companhia responsável pelo seu desenvolvimento, expandiu suas atividades com o ctOS 2 e levou o aplicativo para mais estados dos Estados Unidos.

Como Marcus Holloway fazemos parte de um grupo que se auto intitula Dedsec, que no primeiro Watch Dogs era dado como um grupo secreto de Hackers. Sem sabermos se Aiden Pierce ainda tem ligação com os eventos que sucedem sua história, somos jogados no mundo de Marcus, Wrench, Josh e Sitara, que começam sua jornada como numa referência ao mundo de hoje, onde seguidores na vida virtual significam influência na vida real. Eles não levam as coisas tão a sério assim, é um grupo de amigos que resolveu balançar com a estrutura de grandes corporações e às vezes até usam de formas questionáveis para alcançar o objetivo que almejam, que é de abrir os olhos da população para o que há ao redor deles e os perigos que a tecnologia pode trazer a sua privacidade. No entanto, tudo é tratado com muito humor com uma mistura sádica de que nunca estaremos seguros.

Muitas formas de se jogar

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Watch Dogs 2 possui, basicamente, três formas de se jogar, sendo o que chamamos de Ghost, onde você pode passar por tudo de forma despercebida, totalmente stealth; a Agressor, em que você tira a arma do bolso e sai dando tiro em tudo e todos ao melhor estilo anos 80 e o Hacker a distância, onde você pode usar os novos acessórios do game pra tentar resolver os problemas sem dar as caras nos locais proibidos. A grande novidade do jogo está nessa última forma de se jogar, já que a Ghost e Agressor já existiam em Watch Dogs e na grande maioria dos jogos em que é preciso entrar em locais protegidos.

Como um invasor que usa suas habilidades de hacking a distância, você tem dois grandes aliados: um carrinho de controle remoto chamado de Jumper, justamente por uma de suas “habilidades” que é pular numa certa altura capaz de lhe ajudar a subir em locais mais altos a fim de hackear portas e sistemas, sem nunca ter passado fisicamente com Marcus no lugar. O Jumper talvez seja a forma mais divertida e segura de se jogar Watch Dogs 2, já que o pequeno aparelho tem muitos recursos e sua câmera onboard ajuda a reconhecer os locais antes de você tomar a decisão de invadir pessoalmente. O Drone é seu segundo companheiro, também é ótimo pra conhecer os locais e marcar objetivos, mas não tem como usar o aparelho para invasão em dispositivos físicos que exigem que você encaixe alguma coisa (como um pen drive). Mas para roubar chaves de criptografia, não há nada melhor.

Os dois aparelhos garantem que muitas vezes você saia do local com vida e sem riscos, eliminando a necessidade de sair vazado correndo da polícia. Por poucas vezes eu soei algum alarme enquanto fazia as missões do jogo, tudo para mim funcionou e funciona muito bem usando o Jumper e o Drone, mas fica a gosto do jogador se vai ou não fazer uso dos equipamentos.

Mundo extremamente vivo

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Se há algo que contagia em Watch Dogs 2 é ficar andando pelo mundo do game à toa, buscando coisa engraçadas e easter eggs. No nome das empresas você já vê muita referência ao mundo real, como o Nuddle Maps (Google Maps) e o próprio campus do Nuddle, que fica no Vale do Silício. Obviamente, tudo gira em torno do seu celular, que agora tem muitos aplicativos e até possibilidade de se adicionar novos programas. Você pode até mesmo trabalhar como motorista de Uber, procurar por grafites na cidade, tirar selfs, tirar fotos diretamente com a câmera traseira do celular, ver sua galeria de fotos como se fosse num aplicativo do smartphone, tomar café, andar de kart. Enfim, são muitas surpresas e detalhes que deixam qualquer jogador feliz da vida.

O mais engraçado é interagir com os NPCs através da roda de reações, em que você pode escolher entre cumprimentar, dançar, mostrar que estar feliz, apaziguar alguma briga que vem ocorrendo, dar em cima de alguém (homem ou mulher) e o melhor de tudo, xingar. Sim, você pode xingar qualquer um na rua e suas reações são diversas, desde ir pra cima de você até simplesmente sair de perto do maluco que vem mandando todo mundo ir se f$%¨r. O mundo ao seu redor reage com tudo que está acontecendo, então se você xingar alguém e a pessoa vir pra cima de você na porrada, os outros NPCs ficam com medo e ligam pra polícia, que ao chegar não vai pra cima de você, mas sim do agressor desde que você não retribua as porradas que vinha tomando. Por diversas vezes eu via alguém reclamando da vida e sendo folgado com alguém e simplesmente chegava xingando, e cada coisa e falas que seguiam eram muito recompensadoras.

Além disso, cafés, restaurantes, becos, praças, praia, píeres, todos são muito bem populados e cada roda de amigos possui conversas diferentes e que pouco se repetem. Você pode passar muito tempo só observando a vida das pessoas dentro do jogo ou fazer como em Watch Dogs 1, hackeando seus celulares para ouvir conversas ou ver os bate papos via SMS. Ou seja, você tem muitas missões principais, muitas extras e ainda tem coisas que o mundo do jogo te oferece sem ao menos entrar numa missão. Não há dúvidas de que Watch Dogs 2 vence facilmente seu antecessor no quesito diversão.

Cuidado com a Invasão

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No primeiro Watch Dogs, talvez o conteúdo mais divertido que o jogo tinha a oferecer era o modo online, numa espécie de esconde esconde em que você podia invadir o jogo de alguém ou ter o seu jogo invadido, do nada. Andando pelo mapa você era avisado de que havia alguém por perto que podia ser invadido e tinha que começar a coletar seus dados sem ser encontrado. Em Watch Dogs 2 os modos de jogo online continuam ótimos e cheios de diversão, com mais recursos que deixam tudo ainda mais legal de se fazer, tornando-se uma ótima alternativa pra quando você está cansado de fazer as missões single player do jogo.

Com o uso dos novos aparelhos, como o drone e o jumper, você pode perder um pouco mais de tempo procurando um bom local pra se esconder e então chegar perto da vítima com uma abordagem mais segura, ou se esconder dentro de algum carro. Há também um modo de perseguição em que você ajuda a polícia a pegar algum meliante, mas como o adversário também é um hacker, espere que ele use tudo que há no mundo do jogo contra você também. No geral, o modo online é uma ótima forma de revisitar Watch Dogs 2 mesmo após concluir tudo que o jogo tem a oferecer, e olha que não é pouca coisa não.

Velhos e novos problemas

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Mesmo com todo avanço, Watch Dogs 2 possui alguns problemas que existiam no primeiro jogo e que permanecem no segundo, além de alguns novos que talvez possam ser resolvidos com simples atualizações (ou ao menos esperamos). O primeiro ponto a se notar é que, apesar de estar diferente, a dirigibilidade dos carros e veículos no geral não é das melhores. Watch Dogs 1 foi bem criticado por isso e o segundo mantém o mesmo problema com algumas melhoras. Os carros parecem não ter peso, saem muito de traseira e nunca houve freio melhor no mundo dos games. Você pisa no freio e o carro para sem nenhum respeito a física, quase não derrapa. A melhor forma é pilotar ao estilo Driver soltando o acelerador e colocando pro lado que a curva lhe pede, o que vai deixar tudo mais realista e divertido do que pisar no freio instantâneo. Como dirigir é uma das atividades que você mais vai fazer no jogo, obviamente que os problemas encontrados aqui influenciam na diversão e experiência que o game pode lhe proporcionar.

Outro fator preocupante, ao menos ao jogar a versão do PS4 normal, mas que já há relatos de que acontece em todas as plataformas, é que quando você sai de uma atividade online, o jogo começa a passar por muitos problemas de desempenho com altas quedas de frame rate. Como tudo funciona muito bem sem você acessar os modos online, pode ser questão da Ubisoft somente lançar um update que tudo estará resolvido, mas até lá o problema existe. Quando começa a chover é ainda mais preocupante e as quedas são mais evidentes.

No começo da campanha, as missões são legais e empolgantes, mas aos poucos vão ficando repetitivas. Lá pela metade do jogo você já vai estar de saco cheio de invadir os locais usando os mesmos recursos, ou vai adorar refazer tudo novamente por conta da jogabilidade que é muito boa. Tudo vai depender do jogador. Eu fiquei no meio termo, já que sempre que as missões principais começavam a encher o saco, eu fazia alguma atividade extra ou jogava online. Talvez se analisarmos, como eles são hackers e precisam buscar informações as escondidas, a única forma é invadindo locais usando suas habilidades com tecnologia e não consigo pensar em como a Ubisoft poderia ter diversificado melhor as missões. Apesar que isso é um trabalho deles e não meu.

Uma bela evolução

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Watch Dogs 2 é tão bom quanto você poderia esperar, apesar de se parecer bastante com o primeiro jogo em alguns pontos cruciais para a diversão, pelo bem e pelo mal. No entanto, o jogo é uma bela evolução para a franquia, que não consegue ser o que Assassin’s Creed 2 foi para o jogo original da série dos assassinos, mas que leva Watch Dogs para uma direção mais diversificada, divertida e abrangente. A história é um dos pontos altos, com personagens cativantes, caricatos, carismáticos e a dublagem brasileira ajuda e muito a aumentar a diversão. É um trabalho perfeito de localização com tudo que há no game, incluindo os NPCs, falando a nossa língua.

No final das contas Watch Dogs 2 é um grande título, um dos melhores deste final de ano, uma ótima opção pra quem gosta de GTA e principalmente pra quem gostou do primeiro jogo. Há elementos suficientes para conquistar uma nova audiência para a franquia e muitas razões pra quem jogou Watch Dogs retornar para o mundo dos hackers. Você pode inclusive aprender uma coisa ou outra sobre como se proteger na vida real, afinal o seu celular pode estar mandando imagens suas para grandes organizações e você nem sabe disso.


Uma hora com a versão final de Watch Dogs 2

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16 respostas

  1. Ótima analise! Conheci o site por acaso e ja estou me tornando leitor assiduo, parabéns pelo trabalho!

    1. Legal Webmaster, tentei abordar tudo que havia de mais importante. Ainda tem as armas, diversas outras formas de jogar, mas aí a análise ficaria enooorme. Volte sempre cara!

  2. Não sei se não joguei o suficiente, mas estou achando o enredo muito fraco e superficial, o que me desanimou bastante.

    1. Olá Marina, imagino que você tenha gostado muito do primeiro jogo, certo? Eu gostei bastante, a história mais adulta de WD1 era legal, mas a proposta da Ubisoft, sem dúvida nenhuma, é se aproximar do que é GTA e o mundo da zoeira. O enredo não é um esplendor mesmo, mas é bacana, tem bons e ótimos momentos. Mas se esperava algo mais dramático e épico como o 1, não será o caso pelo visto mesmo.

      1. O GTA é da zoeira mas todos os personagens tem uma motivação que te cativa junto desde o primeiro momento, com a família doida, o amigo que dá mancada ou só pela loucura (particularmente acho o mais divertido). Watch dogs 2, (até agora não joguei muito, pq não me pegou) me parece só uns revoltadinhos, arrisco até dizer meio mimados, querendo fazer as coisas só pq eles tem recursos para fazer isso. Mas vou continuar jogando por que gosto desse formato, fico no aguardo dos bons e ótimos momentos. E o recuso do carrinho, por exemplo, achei mt legal!

        1. Sim! O carrinho e o drone são ótimos! Realmente eles não são personagens muito fortes, só o suficiente pra nos manter ligados no jogo mesmo.

  3. Bom dia, uma dúvida, quem joga é o meu filho de 10 anos e eu já havia proibido o GTA. Este jogo é nos mesmos moldes ou uma criança poderia jogar sem grandes problemas?

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