Bravely Default II é RPG viciante com sistemas clássicos da Square em um único jogo | Análise

Compartilhe

Bravely Default foi um jogo surpreendente para o Nintendo 3DS por vários motivos. A começar pelo seu visual, que até hoje é excelente e envelheceu muito bem. Artisticamente era fascinante e remete automaticamente à época de ouro da Square no PS1. Contudo, o jogo não se limitava apenas em trazer a clássica experiência de RPG por turnos. Assim, o nome do game traz o que há de mais brilhante nele, a mecânica do Brave e Default, que vamos explicar mais adiante.

Então, 3 anos após o lançamento de Bravely Default, a Square nos trouxe a sequência do game. Bravely Default Second: End Layer complementava a história, melhorava as mecânicas e mesmo assim não foi bem comercialmente falando. A Square Enix e o time de desenvolvimento repensaram vários elementos da franquia e começaram a trabalhar em Bravely Default II.

Bravely Default II é um reboot disfarçado?
- PUBLICIDADE -

Embora seja muito parecido em seu conceito com os primeiros jogos, Bravely Default II traz personagens e uma história totalmente diferentes. Parecido com o que ocorre com Final Fantasy, tudo é novo. Porém, o background é o mesmo. Temos os heróis escolhidos pela luz que precisam encontrar quatro cristais elementais extremamente poderosos. A história então nos leva por diversos cenários com um grupo que mal se conhece, mas logo parte unido em busca de salvar o mundo. 

Inicialmente, no entanto, Bravely Default II parece esquisito. A história leva um bom tempo pra engrenar e o inglês muito formal adotado no jogo atrapalha por não termos as legendas em português. Mas aos poucos vamos entendendo melhor como é cada ideia do jogo e nos acostumamos com tudo que estamos vendo. Mesmo assim, foram ao menos 20 horas para que eu realmente começasse a me conectar aos personagens no que diz respeito às suas histórias. Sempre me pareceu que eu estava jogando um jogo que tentava ser tão cativante quanto o do 3DS. Mas não chegava a realmente me fisgar neste aspecto. Contudo, no que diz respeito ao gameplay, eu já estava fisgado (novamente) desde a primeira batalha.

- PUBLICIDADE -
Bravely Default II é um exemplo de como se fazer RPG por turno em 2021

Tudo que vou dizer sobre Bravely Default II se aplica a seus antecessores de diversas maneiras. Mas neste novo game do Switch tudo é melhorado. O sistema de batalha é clássico sistema de turnos, mas com novidades que tornam este game único. O jogador pode escolher entre atacar logo de cara, ou usar os comandos Brave e Default, que trazem efeitos diferentes. 

Brave: Gasta pontos de “Brave”, sendo no máximo 4, podendo escolher 4 ações no mesmo turno. Ou seja, você pode atacar 4 vezes seguidas. Assim, você fica com -3 de Brave Points, o que te leva a ter que esperar 3 turnos inteiros para poder atacar ou se defender novamente.

Default: Ao usar este comando, o personagem se defende e guarda um ponto de Brave. Assim, é possível acumular no máximo 3 pontos. 

Esta mecânica de combate traz estratégias nunca antes vistas nos games de RPG por turnos. Bravely Default fazia isso muito bem e o segundo game amplifica a mecânica. Tudo ainda é muito semelhante, mas a adição de novas habilidades faz com que você tenha estratégias diferentes em cada partida.

Qualidade de vida

Bravely Default

Há um termo que não era familiar para mim e que Bravely Default II me fez entender melhor, que é o chamado Qualidade de Vida. Se você analisar hoje, o formato dos RPGs clássicos por turno era muito parado e tomava muito do seu tempo. Aquele golpe lindo de ver, que trazia uma animação enorme, era vista 800 vezes durante toda a sua jornada. Bravely Default II, assim como os anteriores, melhora isso com um combate acelerado que pode estar 4x mais rápido do que o normal.

Antes não era possível ver os inimigos na tela, o que gerava encontros aleatórios no mapa. Então, depois que você julgasse que não era mais preciso lutar, pois naquela dungeon você já estava forte demais e a experiência obtida não era das melhores, você tinha a opção de desligar ou diminuir os encontros e batalhas. No entanto, agora é possível ver os inimigos na tela e quando eles não possuem mais habilidade suficiente para te enfrentar, eles fogem de você assim que o vir. 

Embora pareça uma mecânica simples para fazer o jogador entender quando ele deve ou não lutar, também é uma mecânica de farming. Ou seja, você pode usar isso a seu favor para juntar muitos inimigos próximos uns dos outros, com medo de você, e enfrentar grandes hordas em várias batalhas linkadas. O sistema é excelente para quem gosta de lutar sequencialmente em busca de mais pontos de experiência.

Sistema de “Jobs” ainda mais empolgante em Bravely Default II

Bravely Default

Se há algo que mexe com o coração dos fãs de RPGs da Square é o sistema de Jobs. E Bravely Default II faz isso com muita qualidade. São 24 Jobs que podemos evoluir individualmente com cada um dos 4 heróis. Assim, podemos gerar combinações muito interessantes entre cada um deles. Cada Job tem suas respectivas mecânicas e mudam completamente o rumo das batalhas. Então, quando lutamos, temos pontos de experiência dos personagens e pontos de experiências do Job que o personagem está usando como principal no momento.

Cada uma das “classes” definidas pelos jobs tem habilidades que podem ser agregadas no personagem mesmo que ele não esteja com aquele determinado job como principal ou secundário. Assim, ao usar por exemplo o Freelancer e evoluí-lo até o nível 12, podemos ter duas habilidades que aceleram o ganho de experiência em 3x, ajudando a evoluir as demais classes mesmo quando você não estiver mais usando o job Freelancer como principal ou secundário. Você conquista a chande de usar as habilidades depois que sobe de nível.

Definir um job como principal ou secundário também tem sua importância. O secundário te dá acesso a todas as habilidades, magias e golpes que o job possui. A principal também, mas lhe dá direito de evoluir o nível da classe ao final de cada luta. Ou seja, é interessante demais ter como secundário um job que você já evoluiu e em primário um quer quer evoluir.

Batalhas difíceis! Bravely Default II é realmente desafiante!

Bravely Default

Até que você entenda de verdade como funcionam as classes / jobs de Bravely Default II, você vai apanhar bastante. Eu passei a entender perfeitamente tudo quando cheguei em um chefe no capítulo 2. Embora eu estivesse forte, ele não me deixava fazer absolutamente nada. Então, como um jogador de RPGs do PS1, procurei uma montanha e pensei: “aqui deve ter um dragão que vai me dar mais XP”. E não deu certo.

Então percebi que ao enfrentar muitos inimigos em batalhas linkadas, eu poderia ganhar XP mais rapidamente. No entanto, ainda não era o suficiente. Até que então eu encontrei alguns golpes que tiravam muita energia, como é o caso do Body Slam do Freelancer. Um golpe que não usa MP e apenas BP, que você sempre vai ter durante as partidas. 

A partir daí passei a gerir meu time em torno de alcançar um bom nível com todos ao ponto de os quatro personagens terem acesso ao mesmo golpe em seu job secundário. Não deu outra, passei a ganhar mais rápido e a finalmente passar o chefe em questão. Assim, uma coisa é fato: Bravely Default II tem muita coisa que o deixa difícil, mas há uma ótima recompensa para quem pensa além.

Alguns problemas que não deveriam existir

Bravely Default

Bravely Default II está longe de ser perfeito. Em alguns aspectos ele não é melhor que seus antecessores. Contudo, é um jogo cheio de boas ideias e outras nem tanto. O visual meio Final Fantasy XII dos jogos anteriores não foi mantido. Agora os personagens parecem feitos de plástico, muitas vezes sem expressão direito. Aos poucos a gente se acostuma, mas nas horas iniciais há a impressão de que não se trata de um jogo da Square.

Existem também alguns problemas de desempenho. O jogo dá umas travadas, mesmo na dock. Não chega a atrapalhar tanto, mas incomoda. Ainda que não ocorra com tanta frequência, há um problema com a altura das vozes dos personagens e as músicas que passam na hora dos diálogos. Muitas vezes elas não condizem com o que está acontecendo, gerando momentos de irritação no jogador. 

As vozes em inglês são muito boas nos diálogos, mas nas lutas algumas também são bem irritantes e repetitivas. Então quando você acelera a ação tudo piora, pois fica uma fala por cima da outra. Eu costumo jogar com o som bem alto, mas neste jogo eu não consigo passar o medidor de volume da metade. Mesmo assim, na maioria das vezes as músicas são muito boas, mas não são marcantes como poderiam ser.

O que vale, acima de tudo, é a experiência.
Quem gosta de jogos de RPG clássicos e por turnos não deve nem pensar em não jogar Bravely Default II. Embora seja exclusiva dos portáteis da Nintendo, é uma franquia que merece mais destaque. Este segundo jogo é lindo artisticamente, com locais incríveis, mesmo que os personagens pareçam não fazer parte do mesmo pacote. O combate é excelente e é viciante, combinando perfeitamente com a proposta do Switch em ser um console híbrido. A dificuldade que traz é o incentivo que o jogador precisa para entender melhor todas as mecânicas que o jogo oferece. 

Logo, este é um dos melhores RPGs do Switch, mesmo que tenha problemas muito irritantes e que seriam até fáceis de se ajustar com um update. Definitivamente uma obra que nos remete ao passado, com muitos motivos para imaginarmos que o presente dos RPGs por turnos ainda é imperdível!

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

LIVES

TODOS OS DIAS

O melhor conteúdo do mundos dos Games para você! São LIVES diárias com os melhores jogos de luta, Últimos Lançamentos, Notícias, Temporadas da “Guerra das Torres (Mortal Kombat)” e da “Guerra das Ruas (Street Fighter)” com os melhores players do momento e muito mais! É só colar e mandar aquele “Salve”