Bruxa de Blair é um filme que se tornou um clássico instantâneo. O clima de terror entregue pelo longa era quase único. O universo criado trouxe grandes possibilidades. Porém, no mundo dos games nenhuma produção marcou usando o nome do filme. Mas isso mudou agora com o novo game da Blooper Team. O estúdio não é dos mais conhecidos, mas trabalhou em bons jogos de terror ou temáticas paranormais, como Layers of Fear 1 e 2 e Observer. Agora, com Bruxa de Blair, as coisas parecem se encaminhar para algo ainda mais grandioso.
Afinal, a responsabilidade seria grande, uma vez que o estúdio agora tinha a tarefa de entregar um jogo que pudesse fazer jus ao filme. Anunciado do nada na E3 deste ano, temos um produto diferenciado nas mãos, que vai deixar os fãs do Xbox e dos jogadores do PC com bastante medo.
Bruxa de Blair tem total ligação com o filme
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Para começo de conversa, a história de Blair Witch é canônica com o filme. Logo, só por conta disso já há uma importância surreal na história. Jogamos com Ellis,, um cara atormentado pelo seu passado que encontra paz em seu cachorro Bullet. Juntos, os dois partem em busca de encontrar um garoto desaparecido em meio a uma densa floresta. Assim, como em qualquer história de terror que envolva uma floresta, as coisas saem completamente erradas.
Aos poucos vamos descobrindo mais do passado de Ellis e suas motivações. Mesmo para quem nunca viu o filme,, o game entrega uma experiência pesada, medonha, onde não temos armas. Apenas a luz, o cachorro e a coragem. Embora essa combinação não pareça dar muito certo.
Assim, quem assistiu ao filme de 1999 agora tem uma maneira de expandir a experiência com o novo game. Afinal, conhecer o lore, a Bruxa, os símbolos e um dos cenários finais do jogo será algo nostálgico.
Visual e som de dar medo!
Mesmo com alguns bugs, se há algo que devemos exaltar é o visual e o som imersivo do game. Embora tenha alguns problemas técnicos, como cenário mudando na sua frente, ou transição forçada em alguns momentos de looping, a maior parte das vezes temos um jogo bem polido. Eu joguei no PC com uma GeForce RTX 2080 e venho acompanhando muitos relatos de problemas no Xbox, como má otimização. Mas tenho que falar da minha experiência, que foi positiva. Passei por um bug inicial, que rapidamente se resolveu.
Então, logo deixamos de lado os problemas e passamos a prestar atenção no que se destaca. Há cada nova área a atmosfera de terror é intensificada com o visual. São locais muito bem feitos que, com apenas algumas mudanças de cores, faz o mesmo local parecer outro. Una isso a uma qualidade sonora impecável e terá um jogo de terror que não apela pros sustos fáceis. Jogar esse game com headset é uma delícia, porém aterrorizador.
A Luz te salvará da Bruxa de Blair
Sem mecânicas de tiro ou de uso de armas corpo a corpo, Bruxa de Blair traz um sistema de combate pouco utilizado durante o game, mas bastante interessante. Criaturas estranhas aparecem no meio da floresta e, com a ajuda de Bullet, devemos afastá-las. Para isso, é preciso apontar nossa lanterna na direção do tinhoso, e esperar que ele mude de posição. Assim, basta repetir o processo para que a criatura desista de nos aterrorizar e desapareça.
O cachorro tem suma importância em todas as mecânicas do game. Embora o jogo nos avise que é necessário tratá-lo bem, alertando que isso irá refletir na maneira que ele vai agir durante o jogo, na real nada acontece se você deixar de fazer carinho nele, ou não dar petiscos. Talvez a ideia era fazer com que Bullet ajudasse menos ou mais durante a aventura, dependendo de como o tratamos. Mas no final das contas a diferença é mínima em todos os casos.
Ainda sobre a luz, existem inimigos que correm da luz. Mas existem os que ficam furiosos com ela. Então o jogo passa a mesclar as duas mecânicas, usando como apoio a nossa câmera. Através do visor dela, é possível ver o melhor caminho, não olhando para os inimigos e não apontando a luz para eles. Contudo, a câmera tem um peso bem maior no gameplay.
A grande sacada de Bruxa de Blair
No filme de Blair Witch temos a câmera como um dos elementos chave para a experiência. Como aqui se trata de um game, não funcionaria o mesmo formato do filme. Então o jogo adapta o uso da câmera de outra maneira. Através de algumas fitas encontradas no cenário, podemos alterar a realidade e abrir portas, ascender fogueiras, encontrar objetos e muito mais. Basta alinhar a ação que ocorre na fita com o mundo real e pausar o vídeo no momento e local certo. Contudo, ainda que a mecânica seja bem curiosa, demora um pouco para ser entendida. Fiquei vários minutos sofrendo para fazer as coisas darem certo com esta ideia.
Assim, fazendo o uso da lanterna, da câmera, das fitas e da alteração de realidade, Bruxa de Blair assusta de uma forma inteligente. Muitas vezes foi o som que me assustou e nem tanto o que ocorria na tela. Mas as situações são bem interessantes. Embora o desafio não seja alto, como em um Outlast por exemplo, é como se estivéssemos em um trem do terror que nos leva para várias localidades muito bem construídas e malucas. Uma baita experiência. Salvo os momentos que ficamos um pouco perdidos por não ter indicação para onde ir ou o que fazer.
Por fim, Blair Witch é um jogo inesperado. Ao ver o trailer de anúncio dava para entender que poderia ser um bom projeto. Mas o resultado final é muito acima do que eu esperava. Ainda que tenhamos problemas na versão Xbox e alguns problemas na versão PC, poderá ser resolvido com updates. A experiência que a história, gameplay, game design e som nos traz é memorável. Vale completamente a pena para qualquer fã de game de terror.