Conheça a trajetória de grandes mulheres no cenário gamer brasileiro

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Gamer
Exemplos de profissionais brasileiras no cenário gamer

Jogos eletrônicos e todo conteúdo de entretenimento que envolve cultura gamer, geek ou nerd deixou de ser apenas um hobby. Gamer ou não, hoje é possível trabalhar e viver ao redor desta indústria e mercado. Você pode ser jornalista, jogador(a) profissional e até desenvolvedor(a), isso citando profissões em alta, os games invadiram muitas profissões.

No Brasil, o mercado profissional de games, o cenário em geral, vem ganhando destaque entre as mulheres. Mesmo com o lado vergonhoso da internet criando situações estúpidas e constrangedoras, todas sempre dão a volta por cima e mostram o seu valor e profissionalismo.

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O dia das mulheres chegou! Para homenagear todas gamers do Brasil, chamamos quatro convidadas especiais. Elas nos contarão um pouco das suas trajetórias e carreira na industria. Convidamos Nyvi Stephan, Carolina CostaJúlia ScochiCamila “cAmyy” Natale para conversar com a gente.

Confira a entrevista completa abaixo:

Combo Infinito: Primeiramente, muito obrigado por reservarem este pequeno tempo para esta entrevista especial. Se apresentem!

Nyvi Stephan

Sou apresentadora de esportes eletrônicos há mais de 4 anos. Nem tinham muitos campeonatos naquela época, mas a gente fazia os nossos. E o sonho foi crescendo, crescendo…

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Carolina Costa

Olar! Meu nome é Carol Costa, sou apresentadora do Daily Fix, principal quadro de notícias do IGN Brasil e também escrevo para o site. Sou formada em jornalismo pela PUC-SP. 🙂

Camila “cAmyy” Natale

Oi! Meu nome é Camila, mais conhecida como “cAmyy”. Sou pro player de Counter-Strike: Global Offensive da Vivo Keyd. Atualmente estou na Polônia para treinamento para a final do mundial da WESG.

Júlia Scochi

Oi! Eu sou a Júlia Scochi, tenho 23 anos e trabalho criando conteúdo para jogos, eSports e tecnologia no The Enemy BR! 🙂

Combo: Quando vocês eram crianças, vocês sonhavam em trabalhar na área de games?

Nyvi Stephan

Sempre adorei jogar, mas na minha infância foi um pouco diferente: meu console era o Super Nintendo, mesmo quando a Nintendo já estava na 4ª geração – mas agradeço por isso ter significado meu amor pelo 2D e a nostalgia nas franquias clássicas. Minha adolescência foi a época de ouro das lan houses, corujões e CS. Mesmo em minhas noitadas sobre os tanques de Gunbound, e até de RPGs de mesa baratos, nunca imaginei trabalhar nesse mercado (acho que não conseguiria nem conectar os jogos ao conceito de “trabalho”, “responsabilidade”). Muito pelo contrário, acabei me afastando das lans quando decidi que precisava estudar para conseguir uma bolsa na universidade. Funcionou, por um tempo.

Carolina Costa

Não imaginava isso. Eu cresci jogando videogame (desde o Dactar) e para mim isso era exclusivamente um hobby. Talvez justamente por ser algo tão ligado a minha rotina, não tinha aberto os olhos para que pudesse enxergar a área como profissão. Mesmo quando comecei a escrever sobre games e cultura pop em um site de amigos, não imaginava que um dia estaria trabalhando exclusivamente com isso — o que tornou tudo mais legal.

Camila “cAmyy” Natale

Não, nunca pensei nisso… até porque, na minha época, creio que nem existia profissão desse tipo na área de games, ou se existia era muito vago.

Júlia Scochi

Sim. Desde pequena sempre sonhei em trabalhar na área de games. Minha mãe foi a pessoa que me mostrou o primeiro jogo que joguei, então foi uma trajetória direta desde essa paixão pelos jogos.

Combo: Vocês tinham em mente, a possibilidade de ingressar em outra carreira, caso não conseguisse em algo relacionado a games?

Nyvi Stephan

Estudei Design de Moda, mas no meu Campus tinham aulas de Design de Games e, portanto, um laboratório cheio de consoles antigos. Acho que não preciso dizer que era lá que passava meus intervalos, e que os alunos de Games é que se tornaram os meus amigos de faculdade, né? (Eu já devia ter notado que estava no curso errado, mas ainda demorei muito). Comecei a trabalhar com 15 anos, e trabalhei com teatro e sonoplastia, dei aulas de percussão em uma ONG, fui analista de risco no mercado financeiro, me formei em moda e fui de estagiária a coordenadora na área, até, por fim, encontrar o mercado dos games e saber que era dali que eu não deveria mais sair.

Carolina Costa

Eu me decidi na adolescência a seguir jornalismo e sabia que queria a área cultural. Provavelmente teria ido para cinema, se não falasse de games. E caso o jornalismo não desse certo, arriscaria algo no ramo de ilustração, que gosto desde criança.

Camila “cAmyy” Natale

Eu sou formada em administração de empresas, me formei enquanto jogava e disputava campeonatos. Então sempre foi meu plano B caso os jogos não dessem certo.

Júlia Scochi

Sim, se eu não fosse trabalhar com games, trabalharia com criação – arte, música, algo nesse meio. Eu amo esse lado criativo e tentaria fazer disso profissão.

Combo: Vocês enfrentaram algum obstáculo ou dificuldade neste caminho até a sua atual profissão na área de games?

Nyvi Stephan

Não considero ter enfrentado obstáculos, acredito que enfrentei o básico oriundo a qualquer profissão: aprendizado, críticas, insegurança, colegas complicados e por aí vai; mas acho que já tinha bagagem suficiente para entender as peculiaridades de cada área, e a maturidade para transformar o que me atingia em meu próprio “elixir” evolutivo. Passei mais de um ano me dividindo entre o emprego que pagava as minhas contas – moda – e o projeto tão sonhado que poderia me tornar uma profissional naquilo que era o hobbie da minha adolescência. Como já era graduada, trabalhava e ajudava minha mãe, não sofri nenhum tipo de pressão familiar, pois apenas larguei meu emprego quando a “coisa começou a ficar séria” e comecei a ter ligas mais frequentes para apresentar. Mesmo assim foi um risco, mas daqueles que valiam muito a pena assumir.

Carolina Costa

Ah, vários. Comecei a trabalhar desde cedo para pagar meu cursinho e conseguir bolsa na faculdade, então já trabalhei em muitos lugares, escritórios e funções que não tinham a ver comigo, hehe. Ao mesmo tempo, já escrevia sobre games e estudava o assunto pra montar um portfólio. Fiz meu TCC sobre o tema, corri atrás de muito profissional da área pra conversar e isso, aos poucos, foi me abrindo portas para estar onde estou agora.

Camila “cAmyy” Natale

Sim, acho que todos os profissionais do jogo passaram por alguma; primeiramente apoio da família, que veio só com o tempo. Minha mãe cobrava muito pra arranjar um emprego e sair do computador. Já cheguei a ouvir de irmãos que eu era “doente” por ficar tanto tempo na frente do computador. Acabo tendo que abrir mão de rever amigos e sair com eles por causa de treinos e jogos, e acaba que eles acabam não te chamando mais para as coisas também. Chegamos a parte da dificuldade financeira, pois o começo de tudo realmente não te da retorno algum… até hoje não tem como se sustentar com jogos, mas faço por paixão e por ter ajuda do meu pai financeiramente.

Júlia Scochi

Nossa, muitos! Meu pai não entendia muito essa minha vontade de trabalhar com jogos – era um mercado incerto e ele temia por questões monetárias. Fora isso (que demorou para que meu pai se sentisse seguro sobre meu futuro), a própria comunidade tem sua resistência em ‘aceitar’ uma mulher nela.

Combo: Qual a visão de vocês em relação ao mercado de profissões feminino para games no Brasil?

Nyvi Stephan

Eu nunca me deixei intimidar pelo fato de terem poucas mulheres trabalhando com isso, pelo contrário, vi como uma oportunidade, e, de certa forma, estar entre as precursoras, sempre foi uma honra muito grande que eu não deixaria abalar apenas pela pressão. Mas hoje, creio termos conquistado um espaço considerável e irreversível. A tendência é que essa mistura se torne cada vez mais homogênea.

Carolina Costa

Acredito que a representação feminina no mercado tem crescido bastante. Toda semana alguma mulher que está começando a estudar jornalismo ou tem interesse na área vem pedir dicas e demonstrar o entusiasmo. Acho isso ótimo. Quanto mais meninas vemos trabalhando com games, mais espaço damos a tantas outras que querem seguir a área, mas têm seus receios de embarcar no mercado. Acho que algo semelhante deve acontecer com as pro-players, desenvolvedoras, produtoras e por aí vai.

Camila “cAmyy” Natale

Acredito que vá crescer muito ainda. Ano passado vimos muitas coisas legais feitas por meninas, e muito delas aparecendo em profissões dentro da área de games. Acredito que o ano de 2018 isso vá aumentar cada vez mais, visando até os campeonatos femininos que já são muitos só nesse começo do ano no Brasil e internacionalmente.

Júlia Scochi

Não acho que exista um ‘mercado de games feminino’, existe um mercado de games que muitas vezes não é receptivo à mulheres.

Temos muitas mulheres incríveis participando do desenvolvimento de diversos jogos, o exemplo disso é a própria estrutura da Blizzard, mas muitas vezes quem vê de fora não dá esse valor e segue com um pensamento fechado sobre ‘mulher não ter lugar nos jogos’.

A indústria em si está evoluindo muito. Cada vez mais vemos mais figuras dentro das empresas, mais figuras representando as empresas e mais figuras sendo a cara das empresas (personagens fortes e que não entram no ‘donzela em perigo’). No Brasil, acredito que os eSports sejam a ponta mais ativa dessa luta: as meninas batem de frente com todas as adversidades e estão conquistando cada vez mais espaço.

Combo: Qual personagem feminino nos games te inspira? E se pudesse assumir a vida de alguma personagem feminina, qual seria?

Nyvi Stephan

Hoje já temos bastante representatividade e, cada vez mais inspiradoras em franquias de muito sucesso. Tomb Raider e Resident Evil trazem há décadas essa representatividade, e mesmo em jogos com multijogadores, como LOL por exemplo, não vemos no geral, desbalanceamento entre a jogabilidade das personagens femininas e masculinas. Overwatch ainda cobre um pouco mais a “pele à mostra” e traz empoderamento e diversidade sexual. Mas assumo que, quando criança, era a Dixie Kong quem eu queria ser. Mais habilidosa que o Diddy e ainda guitarrista, enfrentava perigos para salvar o Donkey, nesse caso, o “donzelo indefeso”, o que contrastava ao clássico Mário salva a Peach e até mesmo Link salva a Zelda.

Carolina Costa

Acho que faria um apanhado de características que acho incríveis em várias personagens. A representatividade e importância da Samus Aran, o heroísmo mais “humano” da nova Lara Croft (a partir do reboot de 2013, apesar da Lara ser minha referência desde criança), a evolução da Ellie (The Last of Us) e da Clementine (The Walkind Dead – Telltale), a curiosidade da Jade (Beyond Good and Evil), a coragem da Jill Valentine… e, claro, a recente Aloy (Horizon Zero Dawn), que pra mim tem um pouco de cada uma dessas que citei anteriormente. Se eu pudesse assumir a vida de alguma delas, creio que seria da Aloy. Até porque já brinquei disso com o cosplay, né?! hahaha

Camila “cAmyy” Natale

Acho que no momento nenhum, rsrs. Eu sou gamer, porém só tenho foco em um jogo por jogar competitivamente. No CS:GO não possui “personagens” com personalidades, então meu foco é eu e eu mesma pra melhorar a cada dia.

Júlia Scochi

Eu gosto muito da Senua, de Hellblade: Senua’s Sacrifice por toda a batalha dela contra seus demônios internos e as adversidades. Ela é muito forte e vai atrás daquilo que é certo, ela não deixa o gênero liminar nada em sua história. A Senua me fez refletir muito sobre as minhas próprias doenças psicológicas, a enfrentar e enxergar de uma forma diferente. Isso foi impactante pra mim.

Se eu fosse assumir a vida de alguma personagem… Seria a Zelda, mas por um aspecto de ser apaixonada pelo mundo de Hyrule e achar ela e o mundo incrível. Ela tem muita fibra e é extremamente altruísta. Acho muito bonito.

Combo: Quais seus conselhos e dicas para as mulheres e jovens que sonham em trabalhar em sua respectiva profissão na área de games?

Nyvi Stephan

O conselho que eu daria para qualquer pessoa que almeja ingressar no mercado de games é compreender um cenário que ainda está em fase embrionária, o que o torna peculiar, promissor, mas também instável. É fato que ainda carece de profissionais, afinal, não existe uma universidade que ensine como trabalhar com esportes eletrônicos – o que é bom, porque elimina uma parte da burocracia, mas demanda mais sapiência e autodidatismo.

Eu acredito que o ideal seja sempre ter um plano B de trabalho, não deixar de fazer uma faculdade, pensar sempre nas variáveis. Mas, o principal, é não deixar que o vislumbre lhe cegue: como em qualquer área artística entender que seu número de seguidores e sua demanda de trabalho não o torna melhor do que quem trabalha no operacional para o show acontecer. Você é tão indispensável como qualquer outra pessoa. Trabalhar com esforço e dedicação é a única coisa que pode te tornar especial.

Carolina Costa

Faça um portfólio. Não tenha medo. Escreva, grave podcast ou vídeo, o que você preferir. Apenas faça seu conteúdo e converse com outras mulheres da área. Não tenha vergonha de pedir conselhos, dicas, feedback. Estamos aqui pra ajudar e torcendo sempre pelo sucesso uma da outra. E, acima de tudo, não desista e foque SEMPRE nos comentários positivos e no retorno das pessoas que realmente admiram e respeitam seu trabalho. Gaste sua energia com quem vale a pena e tenha em mente que o resultado sempre chega, cedo ou tarde.

Camila “cAmyy” Natale

Realmente não é uma profissão fácil. Você recebe assédio online, família demora pra aceitar e apoiar, amigos também acabam te deixando de lado por não entender o tipo de sacrifícios que você tem que fazer. Porém o retorno é muito bom, sentir aquela adrenalina jogando competitivamente é maravilhoso, e ver o quão longe você pode chegar é uma sensação absurdamente de orgulho de você mesma. Se você realmente ama competir e jogar, continue no seu caminho, que uma hora o reconhecimento e apoio vem com o tempo. Não se prive pela opinião dos outros, só a sua importa e tudo isso vai depender apenas de você… você tem que viver sua vida e não deixar que os outros digam como deve.

Júlia Scochi

Acredito que seja clichê falar “não deixe ninguém te falar que você não pode”, mas é que essa frase vai muito além da leitura literal. Não deixe ninguém diminuir suas capacidades, não deixe ninguém te definir, não aceite que os outros desacreditem da sua capacidade por conta do seu gênero, da sua vida, das suas escolhas.

Lute. E se precisar chorar no caminho: tá tudo bem. Dê um tapinha nas tuas costas, reconheça seu esforço, respire fundo e siga lutando.

Na área de games algo que me ajudou muito foi acompanhar as notícias, experimentar diversos jogos sem preconceitos e ficar de olho em fóruns e sites pare me informar. Eu trabalho na área de comunicação e criação, então pra mim, trabalhar para conhecer o usuário e como ele funciona me ajudou muito em caminhar na direção certa da minha vida profissional.

É importante não desanimar quando algo não der certo ou se alguma entrevista não deu em nada. Graças a internet a gente tem espaço de fazer conteúdo individual, então se você gosta de criar conteúdo, é uma boa talvez focar em projetos individuais que podem abrir portas para o futuro.


O Combo Infinito parabeniza todas participantes pelo sucesso. Desejamos um ótimo dia das mulheres para vocês e a todas leitoras do site. Você pode seguir as participantes no Twitter: Nyvi Stephan, Carol Costa, Júlia ScochiCamila “cAmyy” Natale.

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