Uma trilogia de sucesso na literatura, da autora E L James, a série 50 tons, lança o seu segundo filme baseado nas obras e, para a surpresa ou não surpresa de muitos, seguiu a mesma linha do primeiro, com um pouco mais de sensualidade envolvida.
A Evolução de Anastasia
Uma das coisas mais interessantes, tanto da literatura, quanto do cinema, é trazer ao grande público uma cultura desconhecida e marginalizada, a qual sofre um preconceito de várias subculturas da sociedade, o masoquismo. Christian Grey (Jamie Dornan), magnata, bilionário, poderoso e masoquista tenta apresentar seu mundo para Ana no primeiro longa, mas isso afastou a garota, assustada por estar ainda presa aos conceitos e valores “caretas” da sociedade.
Agora, com o amor reatado, Ana sente curiosidade em explorar um pouco mais um lado obscuro da sexualidade e começa a, aos poucos, se interessar pelas práticas do seu amante. É aí que o filme se aposta as suas fichas, pois as cenas em que Anastasia (Dakota Johnson) e Christian estão juntos buscando se adequar aos limites um do outro, são interessante e revelam um lado da garota que nem mesmo ela conhecia, ao passo que mostram um Grey diferente, mais próximo do que ele realmente foi, ou é.
A Novela Mexicana
Confesso que não tive a oportunidade de ler os livros, portanto não posso falar da adaptação, apenas do filme em si. Vemos a construção do filme de uma maneira muito falha, talvez não tendo tempo suficiente para apresentar as motivações dos personagens, o que mostra na tela, interpretações rasas e história fraca.
Em certos momentos, podemos ver uma estrutura muito parecida com as novelas mexicanas: dramatizações exageradas, vilões caricatos, frases de efeito forçadas, cenas inacreditáveis e uma em específico que é pré-requisito de qualquer Maria de qualquer bairro. Claro que isso não é algo positivo, mas por um outro lado, por incrível que pareça, tira boas risadas, até mesmo quando essa é a última das intenções.
As cenas que tinham a intenção de trazer um clima pesado de suspense e de perigo não foram bem sucedidas e aí foi uma sucessão de atuações não convincentes, deixando de lado um potencial emocional muito forte.
O protagonista, com a incumbência de dar um ar romântico muito maior ao personagem, acaba por não conseguir sair da primeira construção e vemos um personagem igual, como se nada tivesse mudado, apenas o texto.
Melhorou, mas ainda não chegou lá
As atuações do primeiro filme, 50 Tons de Cinza, não agradaram nem um pouco. Em 50 tons mais escuros, devido ao tom do filme ser mais apelativo e mais sombrio, exigiam mais dos atores, o que foi positivo para o amadurecimento dos personagens em tela. A garota Anastasia, na minha visão, conseguiu entrar na personagem muito bem, algo que tinha deixado um pouco de lado na primeira parte. Já Chrsitian Grey, em comparação com o primeiro filme, foi bem, mas ainda não é o que se esperava. Muitos fãs da literatura relatam que o ator não consegue encarnar o magnata por completo, algo que, diga-se de passagem, não deve ser nada fácil, principalmente por Grey ter uma personalidade e ideais muito diferentes do habitual.
Os coadjuvantes que tem uma importância relevante na trama também se mostram um pouco abaixo do que a cena pedia, mas isso, no fim das contas, não é o principal foco da narrativa.
Concluindo, 50 tons mais escuros é um filme que busca captar bastante os fãs do livro, em sua maioria um público feminino. Traz um Christian Grey buscando evoluir emocionalmente, uma Anastasia com vontade de adentrar a um mundo completamente desconhecido, ao passo que vemos uma história fraca, personagens não muito convincentes e um clima mais sombrio do que o comum. O filme se mostra um pouco melhor que o primeiro, mas ainda tem problemas estruturais sérios. Observação importante, o filme está bem mais picante que o primeiro, beeem mais.
