Crítica | Em Ritmo de Fuga (Baby Driver) é frenético, veloz e surpreendente!

A primeira cena de Em Ritmo de Fuga já mostra que estamos diante de um filme diferente. Em um carro, Baby (Ansel Elgort), de óculos escuros, com uma pompa de confiante e de que nada poderia abalá-lo, vemos outras três pessoas descerem de um carro, realizarem uma ação e logo em seguida, entre uma batida de uma música agitada e outra, Baby começa a dirigir loucamente em uma perseguição absolutamente fantástica e com algumas cenas questionáveis quanto ao teor de realidade, mas a forma com a qual  filme é produzido é tão genial e original que logo apagam aquele sentimento de que Baby Driver poderia ser um clone mal feito de Velozes e Furiosos. E como fiquei feliz ao perceber que realmente isso era verdade, pois faz tempo que não me empolgo com um filme que trata de carros e atividades criminosas num mesmo pacote.

Parecia clichê, mas de repente era totalmente original

Devo dizer que não fui nada empolgado para ver Em Ritmo de Fuga – e geralmente isso é bom para a percepção geral de um filme – e quando menos percebi, eu já estava envolvido pela história. Baby é o melhor no que faz, o mais rápido dos motoristas e tem tanta estratégia em sua mente, que ele chega a quase ser um super humano quando está atrás dos volantes. Quem está com ele geralmente se assusta com seus atos, mesmo que seja o pior dos seres humanos ou o mais bravo criminoso. Sua forma de agir é insana, inesperada, extremamente singular e é o que garante que ele seja necessário para a atividade que ele executa.

Mesmo que Em Ritmo de Fuga precise de um romance para criar a motivação de Baby, existem outros motivos que fazem o personagem ir ganhando um background bem legal e muito rico, ao ponto de mesmo calado, ele chame a atenção de quem está ao redor dele. Não é como se o filme girasse ao redor dele à toa, existe realmente algo que surpreende e é muito bem executado.

No Ritmo da Batida

Baby é o personagem central da trama de Em Ritmo de Fuga e Ansel Elgort demonstra que pode se tornar um grande ator se continuar pegando filmes diferentes e ousados como este. Vindo de A Culpa é das Estrelas e a série de filmes Divergente, o garoto desponta como cantor também, mas sua vocação está na atuação. Nas primeiras cenas percebemos que talvez ele não esteja tão bem no papel de um cara diferente, que só consegue agir se tiver ouvindo música, que está envolvido com atividades criminosas, mas mesmo rodeado de pessoas más, consegue manter-se firme em seu caráter amigável. Aos poucos percebemos como o papel de Baby se encaixa com Elgort de uma maneira tão perfeita, que a sinergia que há entre ele os demais atores e personagens do filme talvez seja o que torna este Baby Driver tão bom.

As cenas de Em Ritmo de Fuga são todas muito bem arquitetadas, com interação constante entre os movimentos dos atores e a música que está rolando nas cenas, que por sinal, compõem umas das melhores trilhas sonoras do cinema dos últimos tempos. Agitado e sempre com a necessidade de carregar consigo um ipod e um fone, Baby é quase que um DJ da nossa viagem maluca por sua mente perturbada por um acontecimento familiar e sua vontade de seguir em frente, mesmo que ele tenha que resolver diversas pendências antes.

Como um garoto tão novo poderia lidar com tantas maluquices? Em Ritmo de Fuga tenta contar isso de uma forma tão dinâmica que o filme muitas vezes parece a colagem de vários clipes de música muito bem produzidos que fazem o longa passar tão rápido que suas quase 2 horas de duração nem parecem reais. Além disso a produção é tão bem editada e coesa que vai agradar quem gosta de ação desenfreada como em Velozes e Furiosos e quem gosta de um filme mais cabeça. O diretor Edgar Wright (Homem Formiga, Scott Pilgrim) conseguiu juntar elementos que pareciam como água e óleo e nos entregou um filme que merece ser lembrado por muitos anos a fio.