Crítica | T2 Trainspotting traz alta carga nostálgica em filme sensacional

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Trainspotting – Sem Limites, lançado em 1996 foi um ótimo filme, que trouxe a realidade de uma época em que jovens usavam drogas sem nenhum tipo de pudor, a heroína era moda da vez e situações bizarras criavam um clima único que sobreviveu ao tempo e faz de Trainspotting um clássico. Com um elenco perfeito para aquela história, passaram-se mais de 20 anos para que um dia pudéssemos, enfim, receber uma sequência, que para muitos nem seria necessária, mas já que existe, tinha que ser bem feita.

T2 Trainspotting consegue alcançar uma qualidade até mesmo inesperada se pensarmos que as ideias do filme original poderiam funcionar somente naquela época, com aquele tom, e é uma espécie de homenagem à tudo que fizeram no primeiro longa, tendo como mérito principal conseguir reunir o elenco único que traz Ewan McGregor, Robert Carlyle, Ewen BremnerJonny Lee Miller numa história que se passa 20 anos após o primeiro e ainda assim consegue ser tão parecido em qualidade, loucura, carisma e mensagem.

O que estamos fazendo com nossas vidas?

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Após o final bombástico do primeiro filme, Renton (McGregor) retorna para sua cidade natal e percebe que tudo, obviamente, havia mudado. Com um peso na consciência enorme, ele tenta se encaixar naquele universo que um dia foi dele, mas muitas vezes sem sucesso. O discurso que ele tinha em Trainspotting que dizia: “Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha uma televisão enorme. Escolha máquinas de lavar, carros, CD players e abridores de latas elétricos. Escolha saúde, colesterol baixo e seguro dentário…” mostra que muitos dos anseios humanos não mudaram e que apenas precisamos substituir alguma tecnologia ultrapassada aqui e ali para que o mesmo discurso funcione hoje em dia. Mas fica claro também que nenhum dos personagens principais desta história buscou qualquer coisa disso e a loucura imperou na vida de todos eles.

Em Trainspotting a droga gerava situações malucas e imprevisíveis como a cena da privada em que Renton simplesmente entra num oceano límpido através do pior banheiro que você já viu na vida. Agora, muitos anos depois, a essência de T2 Trainspotting consiste nos lamentos da vida, do que poderiam fazer diferente, dos arrependimentos e da loucura que eles impregnavam e viviam naquela época insana, e que agora não se encaixa na sociedade atual. A dor que eles sentem de seguir em frente, de perceberem que ficaram mais velhos e que nada daquilo voltará mais, inclusive a mesma amizade que eles tinham é praticamente impossível de existir, corrompida pelo dinheiro. No entanto os vícios existem, como redes sociais, perfis de internet, a moda de viver da imagem que sua vida não tem, a mentira. Um novo discurso de Renton se faz necessário e existe em T2 Trainspotting, mais verdadeiro do que nunca. Mudam-se os vícios e os personagens da vida, mas os males podem até ser os mesmos.

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Muito mais que uma sequência

T2 Trainspotting pode ser acusado de ser um caça níquel, como qualquer filme que tenta reviver uma franquia há muito tempo esquecida, mas a obra passa muito longe disso. Pelo contrário, consegue ser melhor que muita ideia original ao pegar todos os conceitos do primeiro filme e transformar de uma maneira inacreditável todas aquelas loucuras no padrão de hoje. Menos maluco e mais consciente, o roteiro também mostra que não foram somente os personagens que evoluíram com suas mentes de 40 anos, que persistem em imaginar que o passado era melhor e que insistem em não olhar para frente. Há um valor incondicional em todas as cenas, todas as viagens, todos os diálogos e situações. Há uma mistura de tragédia, evolução e involução humana, além de um humor ácido e característico que dificilmente você verá em outro filme. O elenco também amadureceu de uma maneira tão singular que conseguem convencer que eles são realmente aquelas pessoas, é inacreditável.

Não é possível comparar os dois filmes, já que o original de 1996 é um clássico intocável, subestimado por muitos que talvez foram preconceituosos com a vida que Renton, Begbie, Spud e Simon – Sick Boy levavam, diminuindo o valor artístico que aquela zona que a vida deles tinham representava como filme. T2 Trainspotting respeita demais a obra original para querer superá-la e consegue de forma surpreendente ser tão bom ao ponto de se colocar lado a lado com Trainspotting, como um irmão mais novo que acabou de chegar e que quer deixar a sua marca de forma separada na vida daqueles que viveram os últimos 20 anos ou que acabaram de conhecer este universo.

Com drogas ou sem drogas, T2 Trainspotting é uma viagem sem igual e necessária por ser diferente de tudo que se vê hoje no cinema, mesmo que tenha demorado 20 anos para nascer/renascer.


 

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