Você sabia que, em 2015, cerca de um ano após a morte do ator Robin Williams, foi divulgado um documento que manifestava o desejo do astro de “Uma Babá Quase Perfeita” sobre a restrição do uso da sua imagem?
Este documento detalha que as restrições incluíam publicidades, filmes e, até mesmo hologramas. Para alguns especialistas, este documento era uma indicação do quanto ele estava atento aos avanços tecnológicos da época.
Corta para: 2023!
Em maio deste ano, o Sindicato de Roteiristas da América iniciou uma paralisação, após tentativas mal sucedidas de acordo entre os estúdios e os trabalhadores. Recentemente, na primeira quinzena de julho, o Sindicato dos Atores de Hollywood também anunciou greve, apoiando à dos roteiristas e incluindo novas questões no centro do debate com os estúdios de TV e cinema.
Se Robin Williams previu a greve, não sabemos! Mas que o uso de Inteligência Artificial para replicar imagem de diferentes atores em uma produção (o que ameaça, principalmente, figurantes, que podem ceder sua imagem por um dia de trabalho e ter sua imagem replicada em diversas outras cenas de um filme, por exemplo) é um dos grandes temas em negociação, uma vez que as regulações a respeito, ainda não são claras.
Para além deste debate, de que forma a greve de atores e roteiristas, pode impactar o consumo de cultura pop?
Cultura pop é todo conteúdo que se torna popular e está presente nos mais diversos âmbitos, principalmente no entretenimento, na tecnologia e na moda. Séries, jogos e filmes que despertam a atenção do mainstream e viram memes, provocam debates e impactam comportamentos de consumo, por exemplo, são elementos de cultura pop.
Com isso, a atual greve impacta o consumo de cultura pop de diversas formas: além do atraso em diversas produções (como a 5ª temporada de Stranger Things e diversos filmes da Marvel, como Thunderbolts e Blade, por exemplo), ela impede a participação de atores em eventos de lançamento (o que fez a San Diego Comic Con 2023 – um dos grandes eventos mundiais de cultura pop que cobre lançamentos e tendências do universo dos videogames, histórias em quadrinhos, filmes e séries para TV – ficar tão vazia), gerando impacto na campanha de divulgação das produções já prontas – que passam a depender, mais fortemente, de mídia online e da interação do público (o público brasileiro, por exemplo, está em campanha por Besouro Azul que estreará em agosto e tem a atriz Bruna Marquezine como uma das estrelas do filme).
Mais preocupações…
Outras mudanças no consumo de filmes e séries (esta, positiva) é o aumento de produções internacionais chegando aos stremings (cadê os fãs dos doramas?), fora os reality shows (formato que não depende necessariamente de um roteiro e nem de atores).
Além disso, se algumas das questões levantadas pelos roteiristas (como, por exemplo, o encurtamento das temporadas de séries e a pressão por roteiros prontos com agilidade) forem atendidas, a forma de produção e lançamento deste tipo de conteúdo pode ser alterado, colocando fim às maratonas ou à expectativa pela chegada de uma nova temporada.
As regulamentações em torno do uso de Inteligência Artificial – seja para escrever roteiros, reproduzir imagens e voz – também deve ganhar novos desdobramentos (Black Mirror – corre aqui!).
E os games? Como ficam?
A greve não deve impactar o trabalho na indústria de games, uma vez que atores estão impedidos, sob regras da greve, de participar e divulgar produções televisivas, teatrais ou de streaming. No entanto, o trabalho na área de videogames está liberado. Atores e roteiristas podem participar de eventos, comerciais, programas e entrevistas.
Dessa forma, vamos aguardar cenas dos próximos capítulos (na esperança de que roteiristas e atores tenham dias melhores para escrevê-los e produzi-los)!
