Kunitsu-Gami: Path of the Goddess – Review

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess

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O gênero RTS (Real-Time Strategy) tem uma importância significativa na indústria de games. Franquias como Starcraft e Age of Empires estabeleceram uma metodologia de gameplay muito particular e cativaram uma legião de fãs ao longo dos anos. A prova de que há um público fiel para este tipo de jogo é o retorno de Age of Mythology em forma de remaster, mostrando a necessidade contínua do gênero no mercado. No entanto, o RTS não é uma experiência convidativa para todos os jogadores. Mas e se isso mudasse? Se o RTS deixasse de ser burocrático, você daria uma chance? Pois bem, lhe apresento Kunitsu-Gami: Path of the Goddess.

Anunciado no Xbox Showcase de 2023, Kunitsu-Gami: Path of the Goddess surpreendeu por sua veia totalmente artística e autoral, reminiscentes de Okami (PS2). O mais novo título da Capcom, lançado em 19 de julho de 2024 para PS5, Xbox Series, PC e assinantes do Game Pass, é um híbrido entre ação em tempo real e RTS, com dinâmica de tower defense. Diferente de tudo que estamos acostumados a ver no RTS, Kunitsu-Gami desburocratiza as convenções do gênero, fazendo com que o jogador novato jogue um RTS sem perceber que está jogando um RTS.

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As convenções do gênero RTS estão presentes, mas de forma convidativa e sutil, enquanto outros elementos se destacam em uma das obras mais artísticas e autorais da Capcom desde Okami.

A história

De tudo que Kunitsu-Gami tem a oferecer, sua narrativa é a mais simples e direta possível. Entoando as vibrantes tradições culturais do Japão, a musicalidade, a coreografia e as cores assumem o protagonismo e expandem a narrativa, que se apresenta no início do jogo com uma introdução e se despede ao fim da jornada.

Apostando em contar histórias de forma visual e gestual, não há diálogos em Kunitsu-Gami, pois a força motriz está em seu gameplay. Todos os elementos narrativos estão inseridos em seu segmento artístico persistente.

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Basicamente, há um povoado em uma montanha que, por desejar tanta fartura, foi dominado pela maculação. A maculação, por sua vez, dominou toda a montanha e, para acabar com essa corrupção, é necessário pagar 11 máscaras, subir ao cume da montanha e realizar um ritual de purificação.

Este objetivo é exposto no início do jogo e será o foco ao longo da jornada. A simplicidade da história é compensada pelo objetivo principal: levar a princesa em segurança pelos quatro cantos da montanha para purificar os locais.

Uma forma diferente de jogar RTS

Aqui está o cerne da experiência de Kunitsu-Gami. Com o objetivo de purificar a montanha da maculação, assumimos o controle de Soh, um guerreiro a serviço da princesa Yoshiro, que deve protegê-la das criaturas que assolam a montanha durante a noite. Apresentando-se como um híbrido de ação em tempo real e RTS, especificamente um tower defense, o jogo oferece duas formas de se jogar.

Com um ciclo de dia e noite dinâmico, durante o dia o jogador deve recrutar aldeões aprisionados pela maculação, descomprimir locais do cenário e reparar armadilhas, além de posicionar os aldeões estrategicamente. Ao anoitecer, nada no cenário estará disponível para interação, exceto os aldeões. É nesse momento que a mecânica de RTS ganha vida, com inimigos maculados surgindo de portais para atacar a princesa. A função do jogador é defender a princesa até o amanhecer.

Essa dinâmica trará a jornada de Kunitsu-Gami ao longo de 20 horas de jogatina. Após o embate noturno, o jogador deve liberar o caminho até o “Portal Torii”, o objetivo final de cada local maculado. Ao realizar os preparativos para o combate noturno e obter êxito, o jogador deve avançar com a princesa estrategicamente até os portais para o ritual de purificação.

Ao purificar uma área completa da maculação, uma base se estabelece, permitindo consertos e rendendo recompensas. Além disso, o jogo oferece batalhas contra chefes ao libertar uma região completamente da maculação. Essas batalhas não são estilo Souls, mas apresentam uma experiência desafiadora de “hack and slash”, exigindo estratégia para defender a princesa dos ataques do chefe e seus minions. O design das criaturas é um destaque, honrando a cultura japonesa e sua mitologia com formas criativas e horrendas.

Nada parece se repetir

Pode parecer repetitivo conforme você progride e libera as regiões até alcançar o cume da montanha. No entanto, a cada nova região há uma dinâmica diferente, um desafio distinto, o que torna as mecânicas de RTS mais acessíveis. No meu ponto de vista, o grande trunfo de Kunitsu-Gami é descomplicar a dinâmica de um RTS tradicional, e isso acontece através da interação do jogador. Aqui, você não está apenas dando cliques e ordens para construir algo em um determinado tempo. Você ainda fará isso, mas ao mesmo tempo estará explorando, solicitando outras ordens e, principalmente, fazendo parte da ação.

Cada um dos aldeões que você recrutar poderá receber funções durante o combate, como, por exemplo, o lenhador, que faz ataques corpo a corpo, ou um arqueiro, para ataques a longa distância. Além dos aldeões, na base, você pode evoluir Soh com ataques e vantagens, o mesmo valendo para os aldeões.

Ao longo do jogo, novas funções são desbloqueadas até a última parte. Não apenas as funções dos aldeões, mas o jogo está sempre oferecendo novas experiências e desafios com a adição de novos inimigos, mesmo nos momentos finais do jogo. Essa incansável adição de novidades se estende também para a variedade de biomas apresentados, com fases em áreas vegetativas, cavernas, locais com neve, pântanos e até missões em balsas.

Ademais, seu visual vibrante e totalmente destacável é alimentado pela arte e criatividade oriunda da cultura japonesa, que não se envergonha em ser o que é, dando vida à musicalidade, coreografias e tons que exalam um lado há muito tempo não explorado pela Capcom. E tudo isso ganha forma graças ao poder e eficiência da RE Engine, que não é apenas um motor para criar zumbis e criaturas para se caçar.

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess se esforça em não deixar sua experiência repetitiva e monótona na proposta que ele se propõe a entregar.

Mas afinal, Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é tudo isso mesmo?

Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um daqueles casos em que vimos pouco durante seu desenvolvimento, mas no final entregou muito. Indo na contramão de tudo que a Capcom vem fazendo nos últimos anos (Resident Evil, Monster Hunter e remakes de Resident Evil), esta é a obra mais artística e autoral da companhia desde Okami.

Okami talvez nunca volte aos games, mas Kunitsu-Gami: Path of the Goddess herdou o legado do game mais criativo e autoral que a Capcom já fez.

Sem dúvidas, é o jogo mais criativo e autoral de 2024 até o momento, revelando um lado incomum da Capcom. De tudo que experienciei, não posso estar totalmente convicto da qualidade deste produto modesto, mas cheio de boas ideias. Kunitsu-Gami passou perto de receber nota máxima; por pouco isso não aconteceu. Isso se deve a algo que achei preguiçoso no final da jornada, o que acabou quebrando minhas expectativas.

No geral, o título será uma grande porta de entrada para quem nunca jogou um RTS e deseja conhecer o gênero, mas também para o jogador amante do gênero, que será impactado por todas suas ideias.

VEREDITO: Kunitsu-Gami: Path of the Goddess é um daqueles casos em que vimos pouco durante seu desenvolvimento, mas no final entregou muito. Indo na contramão de tudo que a Capcom vem fazendo nos últimos anos (Resident Evil, Monster Hunter e remakes de Resident Evil), esta é a obra mais artística e autoral da companhia desde Okami. Okami talvez nunca volte aos games, mas Kunitsu-Gami: Path of the Goddess herdou o legado do game mais criativo e autoral que a Capcom já fez. Jão

9
von 10
2024-08-02T20:16:14-0300

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